Confira o balanço do segundo dia da Smart City Expo Curitiba 2019

Gazeta do Povo*
22/03/2019 11:00
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Segunda edição brasileira do maior evento de cidades inteligentes do mundo teve recorde de 6.790 participantes. Foto: Michel Willian/Gazeta do Povo

O segundo e último dia da Smart City Expo Curitiba 2019 consagrou a feira como um grande espaço de debate de teorias e exemplos de práticas no universo de inovação presente no tema das cidades inteligentes. Nesta segunda edição brasileira do maior congresso do tema no mundo, o evento teve 26 patrocinadores, 110 empresas apoiadoras e 6.790 inscritos na feira – número 30% maior que o do ano passado e que supera a expectativa dos organizadores.
Bibop Gresta explica o desenho e a tecnologia presentes na 'cápsula' de transporte. Foto: Michel Willian/Gazeta do Povo
Bibop Gresta explica o desenho e a tecnologia presentes na 'cápsula' de transporte. Foto: Michel Willian/Gazeta do Povo
O dia começou com a palestra de Bibop Gresta, presidente da Hyperloop TT, empresa que desenvolve a tecnologia de mesmo nome que promete ser o futuro da mobilidade, com um trem que alia a velocidade de aviões a um modelo de negócio de cápsulas de transporte em terra – o trajeto de 80km entre Campinas e São Paulo, por exemplo, seria feito em apenas 6 minutos e 37 segundos. Cada cápsula possui 30 metros de comprimento e capacidade para transportar de 28 a 40 pessoas a velocidade de até 1.223 km/hora.
No Brasil, a empresa pretende implantar um Centro Global de Inovação em Logística em Minas Gerais e aguarda a concretização de parcerias. Veja aqui como foi a palestra completa.
Assista ao balanço do evento:

Agir localmente

Outro nome bastante esperado na programação do segundo dia do Smart City Expo Curitiba era o do espanhol Josep Pique, ex-CEO da 22@Barcelona. Em doze minutos, tempo de sua explanação na plenária “Ecossistemas de Desenvolvimento Local e Inovação”, ele contou um pouco sobre seus doze anos de trabalho com a implantação de cidades inteligentes pelo mundo, em especial sobre a sua experiência em Barcelona.
Josep Pique, ex-CEO da 22@Barcelona, foi um dos destaques entre os palestrantes da Smart City Expo Curitiba 2019, que aconteceu em março. Foto: Michel Willian/Gazeta do Povo
Josep Pique, ex-CEO da 22@Barcelona, foi um dos destaques entre os palestrantes da Smart City Expo Curitiba 2019, que aconteceu em março. Foto: Michel Willian/Gazeta do Povo
Para Pique, as pessoas de uma cidade – e todos os seus talentos – são o que se tem de mais precioso, e é aí que está a “real inteligência” urbana. O especialista destacou que é importante, sim, enxergar os desafios urbanos em uma perspectiva macro. No entanto, tendo em vista essa real riquezas das cidades [as pessoas], pode ser mais interessante pensar micro. “Vejo que, em um ecossistema local, é preciso misturar governo, cidadãos e empresas. Utilizar o local para explorar algo novo”, disse. Foi o que foi feito em Barcelona. “Unimos atividades mistas, de diferentes setores, em distritos. É preciso ter por perto comércios, universidades, poder público. Quando há integração, há mudança”.

Menos “futurismo” e mais “mão na massa”

Um consenso entre os palestrantes do Smart City Expo Curitiba é de que cidades inteligentes não significam cidades tecnológicas. A máxima é compartilhada também pelo secretário de inovação da Prefeitura de São Paulo, Daniel Annenberg, que também esteve na plenária “Ecossistemas de Desenvolvimento Local e Inovação”.
Mesa "Ecossistemas de desenvolvimento local e inovação" trouxe Pique e Annenberg. Foto:  Michel Willian/Gazeta do Povo
Mesa "Ecossistemas de desenvolvimento local e inovação" trouxe Pique e Annenberg. Foto: Michel Willian/Gazeta do Povo
Além de apresentar as inovações da gestão, Annenberg foi pragmático quanto ao tema cidades inteligentes versus tecnologia. “É muito importante contar com a tecnologia, no entanto, é mais importante focar em soluções práticas que cabem na realidade das cidades”. Para ele, é preciso mais “mão na massa” e menos “futurismo”.

Pensando o futuro de acordo com o presente

Brooks Rainwater, executivo sênior e diretor do Center of City Solutions da National League of Cities (NLC), apresentou o keynote sobre mobilidade centrada no homem na cidade do amanhã. Rainwater exaltou algumas iniciativas de mobilidade que estão funcionando em cidades como Barcelona, Singapura e Nova York e também falou dos desafios de implementação de um sistema inteligente de locomoção ao redor do mundo.
Brooks Rainwater, outro nome de peso presente no segundo dia da feira. Foto: Michel Willian/Gazeta do Povo
Brooks Rainwater, outro nome de peso presente no segundo dia da feira. Foto: Michel Willian/Gazeta do Povo
Para Rainwater, todos os meios de transportes criados até hoje foram pensados apenas neles próprios, não necessariamente levando em consideração como os usuários iriam utilizá-los. Para o futuro, o executivo alerta que é preciso projetar sistemas multimodais para desafogar o trânsito, ampliando o transporte público ou compartilhado.

E as mudanças climáticas?

O diretor de meio ambiente de Guayaquil (Equador), Bolívar Coloma, apresentou estratégias que a região está seguindo para se tornar uma cidade sustentável. “Temos três mil habitantes e somos uma importante cidade portuária”. Dentre os focos estão: ações para saneamento, gestão de resíduos, transporte e energia, gerenciamento do ecossistema, qualidade de ar e mudanças climáticas. “Somos a região equatoriana que mais está à frente dos processos de adaptação às mudanças climáticas. Alcançamos temperaturas na casa dos 34 graus e precisamos cada vez mais preservar nossas áreas verdes.” Coloma também estima que até 2022 terão quatro plantas de tratamento de água, atingindo 100% da demanda.
Bolívar Coloma, O diretor de meio ambiente de Guayaquil, Equador. Foto: Michel Willian/Gazeta do Povo
Bolívar Coloma, O diretor de meio ambiente de Guayaquil, Equador. Foto: Michel Willian/Gazeta do Povo
O pesquisador Hélio Lemes Costa, da Universidade Federal de Alfenas (MG), apresentou em primeira mão no evento o projeto Mobiliza 360, um curso online gratuito de produção de conteúdo 360 graus. A ideia deste grupo de pesquisa, chamado Laboratório de Políticas Públicas para Cidades Inteligentes,  é capacitar cidadãos a gravar os problemas enfrentados nas cidades – um meio de fazer denúncias sobre moradores de rua em situação de risco, mostrar estruturas públicas que precisam de reparos, entre outros. “É preciso entender o quanto a realidade virtual pode gerar empatia na gestão pública”, explica o pesquisador. Costa enfatiza que para transformar cidades em estruturas mais inteligentes é necessária a inovação no setor público.
*Com Aléxia Saraiva, Camila Machado, Diego Denck e Keyse Caldeira, especiais para Gazeta do Povo.
Confira tudo o que aconteceu no segundo dia da Smart City Expo:

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