Saúde não se faz apenas dentro de hospitais; ela começa pela sua casa e como você vive

Sempre acreditei que saúde não se faz dentro de hospitais ou consultórios médicos. Saúde é o resultado do que acontece no dia a dia das pessoas, influenciada pela forma como elas se comportam, onde e como vivem. Essa premissa encontrada há mais de 6 mil anos na tradicional medicina oriental, é reforçada pela Organização Mundial da Saúde que define saúde como um “estado de completo bem-estar bio-psico-social” e não apenas como a ausência de doença.

Esse conceito estabelecido em 1946, em um período pós-guerra, fica explicitamente atual nos dias de hoje: ainda que o meu corpo esteja bem, a minha saúde fica abalada pelo medo e pela insegurança de ter a vida ameaçada pelo meio onde vivemos. Talvez agora, a sociedade tenha a oportunidade de ponderar como somos o reflexo do mundo que construímos. E neste artigo quero falar literalmente sobre como as construções impactam na saúde das pessoas.

Nos últimos 100 anos, produtividade foi a palavra da vez e a saúde mundial virou vítima dos espaços construídos para a agilidade do mundo contemporâneo. Entre cidades planejadas para carros, alimentos condimentados para um mundo sem tempo, vícios socialmente estimulados e uma desconexão social dos hiperconectados, doenças como hipertensão, diabetes, tabagismo e depressão tornaram-se as grandes vilãs da sociedade moderna e são as principais responsáveis pelas causas de morte no mundo atual.

Não há dúvidas que para viver melhor nos dias de hoje, precisamos adaptar nossos ambientes para estimular um estilo de vida mais saudável, criando espaços que estimulem comportamentos saudáveis e conectem as pessoas nas ruas das cidades, nas praças dos bairros, na infraestrutura dos prédios e dentro da sua própria casa. Para aqueles que estavam sem tempo para perceber a fragilidade da saúde quando não olhamos para ela, a pandemia do Covid-19 veio bater de porta em porta.

Há pouco mais de um ano, assumi um novo desafio: incorporar saúde. Entrei para a incorporadora AG7 com a missão de unir medicina à precisão da engenharia e à arte da arquitetura em busca de criar ambientes mais saudáveis para estimular as pessoas a viverem mais e melhor. Confesso que após anos lecionando sobre saúde pública, foi realizador trazer a consciência para um setor tão importante como o mercado imobiliário de que essa responsabilidade não é apenas dos governantes e urbanistas, e envolver um movimento onde o individual e o coletivo, privado e o público se fundem para construir o futuro que queremos.

Essa consciência vem ganhando o cenário internacional, em que observamos desde 2014 a formação de um novo capítulo na certificação de edifícios com os selos FitWel, WELL e ReseT, que extrapolam os conceitos de sustentabilidade e consideram fatores que interferem na saúde humana para as suas chancelas.

Edifícios com essas certificações que comprovadamente estimulam construções socialmente sustentáveis para a comunidade local, incentivam a interação social, geram a sensação de bem-estar, estimulam atividade física, cuidam da segurança física e controlam a qualidade da água e do ar da entrada dos ambientes. Detalhes que fazem a diferença nas escolhas diárias da sua saúde e de toda a população. Essa será mais uma tendência de mudança de comportamento que a Covid-19 deve antecipar para os próximos meses, pois garantir a saúde de quem amamos tornou-se realmente importante. Há muito tempo sabemos que queremos construir um mundo melhor, mas agora, incorporar saúde está literalmente nas mãos de quem constrói. Vamos fazer a nossa parte.