Lugar de jardim é dentro de casa

Priscila Bueno*
23/07/2016 00:00
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Jardim que invade a sala: projeto residencial de Alex Hanazaki prioriza plantas que não soltam muitas folhas; árvores Jasmim Manga e forração de seixo preto, espada de São Jorge e marantas. Fotos: Yuri Seródio/Divulgação

Lavanda para perfumar os ambientes. Hortelã para fazer um chazinho à noite. Lírio da paz para decorar. Sim, é possível ter todas essas espécies dentro de casa. Ter um jardim interno não é tão complicado, mas requer planejamento e manutenção. A rega, a poda e a adubação são um pouco diferentes do que as feitas em jardins que ficam para fora.
A bióloga e paisagista Heloiza Rodrigues explica que tem que haver um cuidado com o excesso de água, principalmente em meses mais frios. “Como não há tanta evaporação, a quantidade de água é menor”, diz. “As plantas morrem mais por excesso de água do que por falta”, completa. A dica do biólogo e paisagista Marcelo Muller, da Esalgarden, é simples. Coloque o dedo no vaso e veja se ele está úmido. Se não estiver, é hora da rega.
Como o desenvolvimento é mais lento, a poda é menor, “mas depende da espécie”, acrescenta Muller. Mesma situação ocorre com a adubação. Primeiro que a dica para jardins internos é ter todo o cuidado com adubos orgânicos por causa do odor. Além disso, o inverno é o período de dormência das plantas e adubar demais vai forçar a natureza delas, esclarece Heloiza.
Jardim vertical, que também funciona como jardim de inverno, criado pelo paisagista Alex Hanazaki para um escritório de São Paulo: vegetação rasteira em meio a blocos de limestone e parede com samambaias jamaicanas, filodendros, entre outras.
Jardim vertical, que também funciona como jardim de inverno, criado pelo paisagista Alex Hanazaki para um escritório de São Paulo: vegetação rasteira em meio a blocos de limestone e parede com samambaias jamaicanas, filodendros, entre outras.

Valor agregado

As principais variáveis com que os paisagistas trabalham ao criar um jardim interno são as dimensões do espaço, iluminação (direta ou indireta, com ou sem sol) e a ventilação (se natural, com ou sem vento). O arquiteto, urbanista e paisagista Orlando Busarello acrescenta que a infraestrutura disponível define o sistema de irrigação, podendo ser natural (chuva), manual ou automatizada. “Para jardins sobre laje é muito importante verificar com o responsável pelo projeto estrutural a sobrecarga que a terra proporciona, principalmente quando estiver úmida”, orienta.
Para agregar ainda mais valor ao jardim interno, os paisagistas lançam mão de alguns complementos. Mueller, da Esalgarden, cita o caso de seixos brancos ou coloridos, cascas de pinus e argila expandida. Os seixos e pedriscos também são lembrados por Busarello que ainda cita: “deques, obras de arte e esculturas, fontes e cascatas de água, iluminação cênica e mobiliário podem complementar ou protagonizar a composição plástica dos jardins.
Heloiza completa que o jardim interno tem que aliar os aspectos estético e funcional e ainda conversar com a arquitetura da casa. “A pessoa diz que quer uma fonte. Mas tem que ver como funciona. Onde tem um ponto de luz, onde vai ficar a bomba. Tem que ter harmonia e uma coisa conversar com a outra”, finaliza.

O QUE PLANTAR

Espécies que podem ser cultivadas em áreas internas:
Espaços com pouca ou nenhuma luz natural: Pacová, Monstera, Xanadu, Gibóia, Eucaris, Pilea, Grama Preta e Lírio da Paz.
Zamioculca e espada de São Jorge são plantas resistentes. As suculentas também se encaixam nessas condições de menor insolação.
Em situação de meia claridade: Rafis, Lírio da Paz, Pleumele e Ficus Lyrata.
Espaços mais iluminados, com insolação e ventilação naturais: Glicínia, Buganvilia, Maracujá, Uva, Azaleia, Gardenia, Crótons, Cicas, Jabuticabeiras, Limoeiros, Romã, Hortelã, Alecrim e Manjericão.
*especial para a Gazeta do Povo
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