Orquídeas raras: como identificar e cuidar de uma espécie única

Aléxia Saraiva
12/04/2018 21:20
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Orquídea do tipo Denphal nas cores branco e vinho. Foto: Ana Gabriella Amorin/Gazeta do Povo | Ana Gabriella Amorim

“Nós somos como abelhinhas”. A metáfora é só a primeira de várias que João Seratiuk — Seu João, como todos chamam — usa para explicar como é a relação de um orquidófilo com seu hobby. Ele é o atual presidente da Associação Paranaense de Orquidófilos (Apro) e cultiva orquídeas há 15 anos. Tudo começou quando, depois de presentar a esposa com um vaso, ficou curioso em como continuar o cuidado depois que a primeira flor caiu.
“Comprei outra orquídea, fiquei com duas, dali a pouco, três. Então achei um curso de orquídeas na UFPR. Durou uma semana. E ali começou, porque aí eu encontrei mais um 50 loucos e, como se diz, é um vírus”, ele conta. Hoje, Seu João mantém em casa um orquidário de 30m² que abriga 300 plantas.
Orquídea do tipo Phalaenopsis Black Spider. Foto: Ana Gabriella Amorin/Gazeta do Povo
Orquídea do tipo Phalaenopsis Black Spider. Foto: Ana Gabriella Amorin/Gazeta do Povo
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Ele aponta o principal cuidado que qualquer pessoa precisa ter: “O bom orquidófilo analisa se ele é capaz de cultivar. Tem gente que compra qualquer coisa”, alerta. Os cuidados que envolvem o cultivo têm tudo a ver com as condições do ambiente: iluminação, fertilização, umidade e ventilação são quatro pontos fundamentais. E isso pode ser feito tanto em orquidários bem equipados como na varanda de um apartamento.
Seu João foi premiado na categoria "Mérito Cultivo" na 111ª Exposição de Orquídeas de Curitiba, com um vaso da espécie Cattleya labiata (à esquerda). Foto: Ana Gabriella Amorin/Gazeta do Povo
Seu João foi premiado na categoria "Mérito Cultivo" na 111ª Exposição de Orquídeas de Curitiba, com um vaso da espécie Cattleya labiata (à esquerda). Foto: Ana Gabriella Amorin/Gazeta do Povo

Cuidados básicos com orquídeas

Marcos Klingelfus é vice-presidente da Apro e foi jurado da 111ª Exposição de Orquídeas de Curitiba, que aconteceu nos dias 6, 7 e 8 de abril. Ele é especialista em micro-orquídeas, e tem duas espécies raras registradas em seu nome.
Klingelfus elenca três noções básicas para o cultivo de orquídeas: proteção do sol, rega e adubação. “O sol que queima a pele vai queimar a folha”, aponta. Portanto, o sol que vai das 10h às 15h é interditado às orquídeas, ou elas ficam manchadas e podem sofrer necroses.
Já quanto à rega, a frequência vai depender do clima e de onde ela está plantada. Normalmente, deve-se regar de uma vez por dia a uma vez por semana. “A regra é que orquídea não gosta de dormir com o pé dentro da água, senão ela apodrece”, explica Klingeldus.
Outra dica é verificar, na base da orquídea, a profundidade dos sulcos que são comuns às espécies. “São sulcos bem leves. Quando você passa a unha e o sulco está mais fundo que isso, a planta está desidratada”. Ele sugere, na hora da compra da flor, perguntar ao vendedor qual é a periodicidade de rega. 
Por último, a adubação: a cada sete ou quinze dias. “E não adianta pular uma semana e adubar depois duas vezes seguidas. É preciso ter uma periodicidade”, conclui o especialista.
Cattleya Bicolor. Foto: Ana Gabriella Amorin/Gazeta do Povo
Cattleya Bicolor. Foto: Ana Gabriella Amorin/Gazeta do Povo

O que torna uma orquídea rara?

Klingelfus explica que o conceito de “orquídea rara” é muito relativo. “A partir do momento em que ele fez um pedacinho [para reproduzi-la], ela deixou de ser rara”, comenta. O compartilhamento de espécies é muito comum entre os orquidófilos, já que são entusiastas de cruzamentos que dão certo.
“Eu diria que tinha duas espécies raras”, explica Klingelfus, “mas já não tenho mais porque me desfiz de quatro pedaços. Então somos eu e mais quatro pessoas. Para o mundo inteiro é raríssima”. No entanto, mesmo rara, ele explica que a exclusividade sobre a reprodução se perde a partir do momento em que se troca com os amigos.
Vanda lamellata. Foto: Ana Gabriella Amorin/Gazeta do Povo
Vanda lamellata. Foto: Ana Gabriella Amorin/Gazeta do Povo
Mais interessante que ter uma orquídea rara, no entanto, é focar em orquídeas possíveis de serem cultivadas, reitera Seu João. Sua especialidade são Cattleyas labiatas, que florescem de janeiro a abril, e Cattleyas walkerianas, de abril a setembro.
As labiatas, segundo ele, são plantas originárias do Rio Grande do Norte, mas que se dissiparam através de produção laboratorial e cruzamentos. “Há um universo de tonalidades entre elas”, explica. Já as walkerianas derivam de Walker, assistente do famoso botânico inglês George Gardner, que descobriu a espécie no Centro-Oeste brasileiro. Hoje, essa espécie é uma das mais valiosas.

Infinitas opções

Para começar, basta escolher uma das milhares espécies disponíveis no mercado. Seu João estima que, atualmente, 30 mil espécies naturais estão registradas. Já as híbridas, originárias de cruzamentos, são cerca de 100 mil.
Vanda "Pipoca" é uma espécie vinda da Ásia que se adaptou ao Brasil. Foto: Ana Gabriella Amorin/Gazeta do Povo
Vanda "Pipoca" é uma espécie vinda da Ásia que se adaptou ao Brasil. Foto: Ana Gabriella Amorin/Gazeta do Povo
Rosangela Krause, que trabalhou durante toda a vida na área financeira, há três anos começou sua paixão por orquídeas. Atualmente, já tem mais de 100. “É uma terapia pra qualquer um. É uma delícia, nem que você tenha que esperar um ano para florescer. Dá trabalho, mas compensa”, afirma ela.

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