Paredes e telhados verdes começam a fazer parte da paisagem urbana

Priscila Bueno*
22/06/2016 00:48
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Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo | Gazeta do Povo

Tudo parece ter começado com as parreiras de uvas sustentadas por treliças. Depois, vieram as pérgolas que ligavam as casas aos jardins. Hoje, as plantas dominam também as paredes. Chamados de jardins verticais, fachadas verdes, paredes verdes e peles verdes, esse tipo de paisagismo não deixa de ser uma garantia de percentual mínimo de vegetação por lote urbano, explica Marlos Hardt, arquiteto e urbanista, especialista em Arquitetura Sustentável e mestre em Gestão Urbana.
O uso das paredes verdes têm se popularizado no mundo todo. “Um dos precursores dos sistemas mais conhecidos é o designer e botânico francês Patrick Blanc, que desenvolveu diversos projetos, dentre eles o Museu Quai Branly em Paris e o Caixa Forum, em Madrid”, diz Hardt, cuja tese de mestrado é sobre o tema.
Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
No Brasil, as coberturas de muros frontais com plantas escadentes (que crescem para cima), como a unha-de-gato ou a hera, são mais comuns. Mas, sistemas complexos de plantio e rega ainda são novidade, apesar do crescimento nos últimos anos. Vale lembrar, segundo Hardt, que em 1930 Burle Marx trabalhou em um jardim vertical no edifício do Ministério de Saúde e Educação no Rio de Janeiro, junto de Lucio Costa e Le Corbusier, entre outros.
Cenário curitibano
Em Curitiba, um dos mais recentes jardins verticais está instalado no novo prédio da FAE Business School, na Avenida Visconde de Guarapuava. A Sakaguti Arquitetos Associados decidiu inserir uma parede verde transparente no edifício . “A cortina verde com quatro pavimentos de altura cobre a fachada e isso cria um primeiro plano mais ameno para esta esquina tão árida. Ela é diferente das paredes verdes, pois a permeabilidade visual acontece tanto de fora para dentro como o inverso”, comenta Adolfo Sakaguti. Para sustentar as plantas, foram criadas bandejas na estrutura metálica e, para a irrigação, tubulações de água, com um sistema automático de gotejador. No projeto da paisagista Heloiza Rodrigues, da Prima Plantarum, foi usada a espécie Aspargus densiflorus (aspargo pendente).
Interior do prédio da FAE, ao fundo o jardim vertical. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
Interior do prédio da FAE, ao fundo o jardim vertical. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
Outro exemplo, o prédio comercial Mariano Torres Corporate foi além de um jardim vertical. Flavio Appel Schiavon, da Baggio Schiavon Arquitetura, responsável pelo projeto do edifício, conta que o telhado também é verde e o prédio tem certificação gold junto ao LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), atestando que é sustentável. Segundo ele, a instalação de uma parede verde demanda planejamento. “Desde a localização, que deve harmonizar funcionalidade e estética, até a implantação que precisa ser planejada viabilizando sua manutenção”, diz.
Fachada do Mariano Torres Corporate. Fotos: Marcelo Stammer/Divulgação
Fachada do Mariano Torres Corporate. Fotos: Marcelo Stammer/Divulgação
Telhado verde de prédio da Mariano Torres.
Telhado verde de prédio da Mariano Torres.
Um jardim mais “antigo”, de 2011, é o do centro de eventos Expo Renault Barigui. São mais de 5 mil m², em um projeto do arquiteto Manoel Coelho. Segundo ele, a ideia da parede verde foi amenizar o impacto das placas de concreto pré-fabricado e ao mesmo tempo integrar o conjunto à vegetação natural do parque. Nesse caso, foram usadas as espécies jasmim dos poetas, que sobem nos cabos de aço junto às paredes e nas grelhas metálicas verticais. Com gotejamento controlado foram utilizadas hera verde, aspargo, tapete inglês, barba de serpente e vinca pendente.
Expo Renault Barigui foi o local escolhido para receber o evento. Foto: Pedro Paulo Coelho
Expo Renault Barigui foi o local escolhido para receber o evento. Foto: Pedro Paulo Coelho
*Especial para Gazeta do Povo
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