De árvore na sala a um cantinho verde, 7 projetos inspiram a trazer plantas para casa

Aléxia Saraiva
19/06/2019 13:13
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Apartamento @52.home, com plantas da Borealis, garante o verde no home office. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo | Gazeta do Povo

Plantas viraram sinônimo de bem-estar. Se as casas se transformaram em um refúgio da rotina intensa, o verde se tornou um convite para sentar e respirar. Repare: o jardim está sempre presente em casas que prezam pelo conforto.
“Trazer plantas para dentro de casa é resgatar aquele ambiente que você naturalmente tinha no interior, na casa da vó. Hoje, os lugares são cada vez menores, e você precisa trazer o jardim para dentro”, explica André Eyng Possolli, sócio do garden center Casa das Plantas.
Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
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As vantagens são muitas. A primeira delas é a melhora da qualidade do ar — afinal, a fotossíntese transforma gás carbônico em oxigênio. Mas não fica por aí. “A planta limpa toxinas como benzeno e formaldeído, composições que vêm dos equipamentos eletrônicos e da tinta fresca. E isso as plantas absorvem muito, principalmente cactus e suculentas”, explica o profissional.
Mas não existe manual de instruções. Para ter plantas dentro de casa, há apenas um consenso: atenção. Com água, adubo, luz. Sem isso, os pontos positivos rapidamente se transformam em malefício. Isso ocorre porque a curva de fotossíntese muda quando há excesso ou falta de luz ou de água, como conta Possolli. “A planta começa a liberar mais gás carbônico, já que está se deteriorando.”
Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
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Para acertar na escolha, vale medir quanta luz e quanto tempo se tem à disposição. Sabendo disso, fica mais fácil escolher a espécie ideal e descobrir que não é nada impossível ter seu próprio jardim dentro de casa. A seguir, se inspire com sete ambientes que escolheram as plantas como diferencial.

Sombra, meia-sombra, sol?

Os três conceitos usados para definir a quantidade de luz que uma espécie precisa para sobreviver são baseados em como as plantas eram encontradas em seu habitat natural.
Plantas de sombra: sobrevivem apenas com iluminação indireta, já que na natureza ‘se escondiam’ atrás e debaixo de plantas maiores. Podem apresentar queimaduras se expostas à luz solar direta.
Plantas de meia-sombra: se adaptam recebendo luz solar direta durante um período do dia (cerca de quatro horas). Costumam ter folhas largas, para aumentar a área de absorção de luz. Normalmente são as mais indicadas para apartamentos.
Plantas de sol: todo o sol ainda é pouco! São espécies que só sobrevivem com longas horas de luz direta — como os cactus e as suculentas, nativos de regiões áridas.
Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
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Jabuticabas direto do sofá

Uma jabuticabeira. Esse era um dos itens essenciais que o arquiteto Andre Mares previu para a nova residência de um casal em um condomínio no São Braz. O espaço privilegiado da sala de estar tem um pé-direito duplo de cinco metros de altura em uma das esquinas da casa, feita toda em vidro e com janelas que permitem ventilação e entrada de luz solar. Além disso, o espaço dedicado ao jardim interno não tem laje e usa terra do próprio terreno. O resultado é uma árvore que dá frutos cerca de quatro vezes ao ano.
Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
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Segundo André Eyng Possolli, sócio da Casa das Plantas, um pré-requisito para ter uma jabuticabeira dentro de casa é planejar esse ambiente com antecipação, de preferência já prevista no projeto arquitetônico. “O segredo para a jabuticabeira frutificar é água, água e água. Isso é 70% do caminho”, explica. E isso não só na raiz: para a rega, vale puxar a mangueira para dentro de casa e molhar folhas e tronco. Outras necessidades da espécie são muita claridade e ventilação, além de podas periódicas no topo da árvore.
Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
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Plantas que você vê nesse ambiente:
Árvore jabuticabeira (jardim) e Dracena árborea (vasos).

Puro urban jungle

Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
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O conceito gringo de selva urbana foi uma das principais inspirações do arquiteto e paisagista Denis Ricca na reforma de seu apartamento, localizado na região central de Curitiba. A linguagem sóbria e industrial dialoga com lofts nova-iorquinos e combina spots dimerizáveis que fazem alusão ao teatro. Mas, com o perdão do trocadilho, são as plantas que roubam a cena do apartamento.
Uma estante de ferro que ocupa uma das paredes da sala foi desenhada por Ricca para abrigar uma grande pluralidade de espécies.  “Decidi fazer um laboratório de paisagismo dentro de casa”, ele conta. Assim, a paleta de cores é basicamente verde e preta, complementada pelo tapete oval também desenhado pelo arquiteto.
Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
Com tantas espécies diferentes, a exuberância só é garantida com a manutenção integrando o estilo de vida do morador. “Estou sempre trocando os vasos de lugar e testando a adaptação das plantas”, explica o arquiteto. Adubo uma vez por mês, retirada das folhas secas e atenção à rega periódica — diminuída no período do inverno, que demanda menos água — são algumas das práticas do profissional.
Bambu-da-sorte é uma espécie que sobrevive com as raízes na água. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
Bambu-da-sorte é uma espécie que sobrevive com as raízes na água. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
Plantas que você vê nesse ambiente:
Espada-de-São-Jorge, costela-de-adão, cactus, suculentas, agave, chifre-de-veado, crássula, maranta zebrina, bambu-da-sorte, hera, planta-dólar, bromélia, avenca e orquídea.

Cortina verde

Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
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O projeto do paisagista Diego Paladini para a sala de jantar e estar de uma chef de cozinha trouxe o contato com as plantas como a principal premissa do ambiente. A linguagem industrial do projeto conta com uma parede que simula o efeito do cimento queimado, além de mesa e banquetas altas que evidenciam a prioridade da moradora de receber os amigos. Mas, principalmente, a sala tem uma estante feita em ferro e tábuas de compensado naval que levam diferentes plantas pendentes, que são o grande diferencial do projeto.
Para a composição, Paladini escolheu apenas espécies de meia-sombra, indicadas para áreas internas. No entanto, sua ideia não é dar um lugar permanente aos vasos e criar regras fixas para o cuidado — pelo contrário: a manutenção atenta tem um papel fundamental no ambiente. “Minha dica é colocar a planta onde você quer, descobrir quanto tempo demora para a terra secar e como ela se adapta. Se ela não gostar de ficar ali, troque de lugar. Ela vai descobrir e mostrar onde é melhor”, explica.
Por isso, o ideal é ter a referência de como é a planta saudável e buscar saber o que precisa ser feito para quando ela não está no seu melhor. E, no caso das plantas pendentes, ele dá uma dica extra: lembrar de eventualmente borrifar água nas folhas, mantendo sem pó e com uma aparência vistosa.
Ambientes pequenos não são desculpa para falta de plantas: basta saber como aproveitar o espaço para encaixá-las. Nesse caso, prateleiras altas são uma ótima pedida. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
Ambientes pequenos não são desculpa para falta de plantas: basta saber como aproveitar o espaço para encaixá-las. Nesse caso, prateleiras altas são uma ótima pedida. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
Plantas que você vê nesse ambiente:
Véu-de-noiva, samambaia, planta-dólar, vinca pendente e cissus (ou cipó-uva).

Com brasilidade

Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
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A pegada de brasilidade é o diferencial na decoração da cobertura de um prédio na região do Batel. O apartamento é palco da combinação entre o industrial com o moderno para um casal que gosta de design. O espaço do escritório se integra à sala de estar com uma estante aberta em concreto e pontos de cor em amarelo.
A decoração pensada pela designer de interiores Renata McCartney traz peças de design assinado: os bancos dos Irmãos Campana e o quadro de fibras naturais de Nicole Tomazi dividem a personalidade do ambiente com as plantas.
Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
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As espécies de meia-sombra vêm para complementar o ambiente, que esbanja luz durante todo o dia. A maior parte delas foi posicionada próximo às janelas, para facilitar na absorção da luz natural, e todas as espécies na composição são resistentes e de fácil manutenção. A exceção fica por conta da samambaia, que gosta de mais umidade – neste caso, vale borrifar água nas folhas e regar com mais frequência, atenta Fernanda Garcia, paisagista da loja Verdólatras.
Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
Plantas que você vê nesse ambiente:
Renda portuguesa, pacová, samambaia, peperômia, jiboia, suculenta Hoya Kerrii e Ficus lyrata (ao fundo).

“Casa de vó carioca”

Referências compartilhadas e muito do faça-você-mesmo é o que dá alma ao projeto da designer de interiores Priscila Kolberg para o apartamento que divide com seu marido, o gerente comercial Vitor Spaolanse. Mais do que referências de decoração escandinava ou linguagem industrial, eles buscam expressar na casa seus gostos e estilo de vida, priorizando materiais sustentáveis e valorizando artistas e produtores locais.
Apartamento @52.home, com plantas da Borealis, garante o verde no home office. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
Apartamento @52.home, com plantas da Borealis, garante o verde no home office. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
O escritório ocupa um dos quartos do apartamento e tem a mesma pegada vintage, mas com um toque tropical — o que Spaolanse define como “casa de vó carioca”: plantas típicas de casa de vó combinadas a móveis retrô. A linguagem se complementa com plantas, cachepôs e suportes de ferro da Borealis.
Patrícia Belz, proprietária da loja, indica que as espécies devem ficar próximas à janela para receber luz em abundância. Além disso, é importante girar os vasos ao longo do tempo para desenvolver igualmente todos os lados da planta, o que não acontece quando se deixa o suporte sempre na mesma posição.
Já na rega, a média é água duas vezes por semana. “Mas é importante fazer o teste do dedo: ver se a terra ainda está molhada antes de regar”, complementa Belz. Para adubar, Belz indica misturar na terra a cada dois meses a composição NPK (nitrogênio, fósforo e potássio) 10-10-10, bastante utilizado para folhagens e encontrado em floriculturas.
Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
Plantas que você vê nesse ambiente:
Ficus lyrata, abacaxi roxo, columeia twister, maranta Burle Marx, Alocasia amazonica, peperômia e suculenta Haworthia fasciata.

Inspiração inglesa

Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
Elementos modernistas foram o ponto de partida da arquiteta Patrícia Azoni para a casa de uma família voltada a receber amigos: grandes vãos, paredes de vidro, pilotis. O desnível natural do terreno foi aproveitado para criar uma sala de estar aconchegante e cheia de personalidade, com um quadro da arquiteta reproduzido em gesso no teto e uma parede com revestimento que imita o aço em oxidação.
A abundância de luz natural e a diferença de altura dos pisos foram características que permitiram a construção de um pequeno jardim entre os dois andares, que se divide entre a parede e o piso — um espaço sem laje, em contato direto com a terra original.
Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
As espécies foram escolhidas sob inspiração de jardins ingleses, que levam composições mistas de plantas. “É um jardim que levanta a dúvida: será que isso cresceu aqui ou foi plantado depois?”, conta André Eyng Possolli, da Casa das Plantas, responsável pela execução do jardim. “É um contraponto com a arquitetura, que é milimetricamente desenhada. O jardim, bem mais orgânico, deu uma leveza à geometria pulsante da arquitetura da casa”, complementa Azoni.
Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
No pavimento superior, a entrada da casa também tem um espaço dedicado ao jardim interno. Uma jabuticabeira plantada diretamente no terreno é possível graças a uma janela zenital, um pé-direito alto e um recorte de 2m x 1,5m na laje, deixando a árvore em contato direto com o solo.
Foto: Rodrigo Ramirez
Foto: Rodrigo Ramirez
Plantas que você vê nesse ambiente:
No piso: pacová, maranta, filodendro cascata e lírio-da-paz. No jardim vertical, samambaias e peperômias.

Direto na água

Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
Folhas diversas em vasos com água é uma alternativa possível para quem não tem muito tempo para manutenção, mas quer garantir as plantas dentro de casa. No projeto da sala de estar e jantar para uma família composta pela mãe e dois filhos jovens, a arquiteta Gabriela Casagrande priorizou a convivência dos moradores. Para trazer conforto ao ambiente, ela trouxe elementos naturais, como laminado de madeira, pedras e plantas, além de diferentes texturas que se complementam: no tapete, no sofá, nas almofadas, nas obras de arte.
Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
Nesse contexto, a estante de ferro preta que protagoniza o ambiente tem nichos, prateleiras ripadas e vidros pensados para trabalhar exclusivamente as plantas — passando longe da televisão. A arquiteta buscou trabalhar volumetria através de vasos brancos de alturas e formatos diversos, que compõem com folhas de espécies diferentes. No caso, ela selecionou apenas folhagens do próprio jardim da moradora, o que facilita a manutenção no dia-a-dia. O visual resiste intacto por até três semanas.
Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
O bônus desta solução é poder colocar a planta em basicamente qualquer espaço — como o cesto de palha que leva uma folha de costela-de-adão. “Ao trazer o verde para dentro de casa, a gente cria um refúgio”, reforça a profissional.
Plantas que você vê nesse ambiente:
Costela-de-adão, bambu-da-sorte, antúrio e dinheiro-em-penca.

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