Fábrica desativada no Prado Velho ganha “nova chance” com eventos culturais

André Nunes*
16/10/2017 09:30
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Paineis em graffitti roubaram a cena nas redes sociais. Foto: Gui Urban / TribalTech | ©2017 Gui Urban

Há pouco mais de meio século, a industrialização de Curitiba estava a pleno vapor na região do Rebouças e Prado Velho, época em que foi construído um complexo de galpões onde se fabricava açúcar, sal e café. Depois de décadas de funcionamento, o complexo do Açúcar Diana foi abandonado há cerca de 15 anos, deixando um espaço de 50 mil m² em uma região central completamente sem manutenção.
Situado em uma área de zoneamento industrial próximo à PUCPR e à Linha Verde, o local é estratégico, de fácil acesso para qualquer região da cidade, e distante do perímetro residencial. Fatores que os investidores do local consideram a  “receita” completa para a realização de um evento de grande porte sem nenhuma ocorrência policial, de trânsito ou reclamações da vizinhança – como aconteceu no último dia 7 de outubro, na edição 2017 do TribalTech, que reuniu 10 mil pessoas em uma maratona de 18 horas de música eletrônica.
Evento trouxe cor e vida para fábrica abandonada. Foto: Divulgação TribalTech 2017
Evento trouxe cor e vida para fábrica abandonada. Foto: Divulgação TribalTech 2017
“Celebramos a música e a arte, em uma atmosfera especial, fora do comum, que deu vida nova a um espaço urbano marginalizado, além de trazer inspiração para o futuro da região e para o turismo da cidade: das 10 mil pessoas, 4 mil vieram de fora de Curitiba e 2 mil eram estrangeiros”, destaca o produtor Carlos Jeje Civitate, um dos sócios da Tribaltech.
Foto: Ebraim Martini / TribalTech
Foto: Ebraim Martini / TribalTech

Patrimônio preservado

Para a TribalTech, vários palcos e espaços com tendas e áreas cobertas, entre pistas, lounges, espaços complementares foram tematizados, em uma preparação que começou em abril. Os números impressionam: só o galpão principal tem área próxima à da ExpoUnimed Curitiba, no Campo Comprido.
“Há cerca de um ano fomos conhecer o local e ficamos encantados com o visual industrial e potencial imenso. A festa foi planejada para ser a captadora de recursos para o processo de limpeza e revitalização da fábrica, que levou sete meses. Não alteramos em nada a estrutura, preservamos todo o patrimônio industrial, apenas deixamos habitável e seguro para o público, inclusive com laudos de engenheiros sobre a segurança da estrutura para suportar som alto e vibração”, explica Patrik Cornelsen, sócio e realizador do evento.
Limpeza e revitalização da fábrica levaram sete meses. Foto: Jonathan Campos / Gazeta do Povo
Limpeza e revitalização da fábrica levaram sete meses. Foto: Jonathan Campos / Gazeta do Povo
O produtor conta que todo o tipo de lixo e material orgânico que havia dentro da fábrica foi retirado, e a rede de esgoto desentupida. Todo o processo foi acompanhado pela prefeitura e recebido com entusiasmo pelas empresas do entorno. “Todos gostaram, pois o evento ajudou a movimentar a região, trouxe reforço de segurança e ocupou uma área grande que estava abandonada. Acredito que o Vale do Pinhão está trazendo frutos, a reação já começou”, reforça Cornelsen.

Grafitti rouba a cena

Foto: Gui Urban / TribalTech
Foto: Gui Urban / TribalTech
As imagens aéreas da TribalTech não deixam dúvidas: o que antes era cinza e sem vida ganhou cores e vibração. Mas quem roubou a cena nos registros nas redes sociais foram os painéis de graffitti feitos especialmente para o evento.
“A ideia de incentivar o grafitti nas instalações da fábrica veio de Miami, como fizeram com o bairro Wynwood, área degradada que foi revitalizada e incentivada também pela arte urbana. Hoje, é um dos pontos turísticos mais visitados da cidade”, comenta Jeje.
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Reação Urbana

Para auxiliar os setores públicos e privados nos enfrentamentos sociais, econômicos, ambientais e culturais típicos de um processo de reabilitação urbana como este por que passa a região onde está inserida a antiga fábrica do Açúcar Diana, surge o movimento Reação Urbana, que engloba tanto órgãos públicos, como é o caso do Ippuc e da Agência Curitiba; a sociedade civil organizada, como a startup Reurb – primeira Organização Social Civil de Interesse Público (Oscip) criada no Vale do Pinhão; além de setores acadêmicos, a iniciativa privada e a Gazeta do Povo, que realiza o projeto em parceria com a Prefeitura e Reurb. Saiba todas as iniciativas do movimento aqui e participe do Grupo de Discussão

*Especial para a Gazeta do Povo

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