Haus

Quartzito e sustentabilidade: as tendências em rochas ornamentais brasileiras

Sharon Abdalla*
15/02/2020 12:27
Thumbnail

Foto: Sharon Abdalla/HAUS

As rochas brasileiras têm um importante papel quando o assunto é a produção industrial nacional, especialmente quando se fala de pequenos e médios mercados. Cerca de 35% da produção setorial são exportados, de acordo com a Abirochas (Associação Brasileira das Indústrias de Rochas Ornamentais), o que faz do material natural o quinto entre os minérios que tem o exterior como destino, perdendo apenas para gigantes como minério de ferro, ouro, cobre e nióbio.
O porcentual, no entanto, ainda é pequeno na opinião de Reinaldo Sampaio, presidente da associação, que afirma que o país tem capacidade para ampliar as exportações e a demanda do mercado interno em três ou quatro vezes, mesmo em um cenário no qual elas já quintuplicaram nos últimos cinco anos.
A aposta para alcançar a meta vem da diversidade e capacidade produtivas nacional – o Brasil tem 1,2 mil jazidas espalhadas por todo seu território, sendo o Espírito Santo o principal polo – e da expansão da atividade pelo Nordeste brasileiro, que concentra formações rochosas de quartzito, pedra que desponta como tendência no setor de rochas ornamentais.
Bloco de rocha natural exposto na feira. Foto: Sharon Abdalla/HAUS
Bloco de rocha natural exposto na feira. Foto: Sharon Abdalla/HAUS
A justificativa para que ela ganhe terreno frente ao tradicional mármore e ao granito está nas suas características relativas à abrasão e porosidade: mais fechado e mais duro – com dureza em nível 7 em uma escala de 10, número alcançado pelo diamante -, o quartzito é mais resistente a riscos e a manchas, o que confere maior diversidade de aplicação ao material. O mármore, por sua vez, está na escala 3 de dureza, com alta porosidade, enquanto o granito tem uma tolerância intermediária à infiltração e à abrasão, com média 5, como explica Rodrigo Alves de Melo, executivo de vendas do Grupo Guidoni.
“O quartzito tem maior dureza que o granito e a translucidez dos mármores. Ele aceita desafios estruturais arquitetônicos maiores que o granito e, ao mesmo tempo, os efeitos estéticos que só os mármores poderiam atender”, resume Sampaio.
Tal fato fez com que a pedra, queridinha do momento, fosse destaque entre os expositores da Vitória Stone Fair, evento referência no setor de rochas ornamentais na América Latina, realizado entre os dias 11 e 14 de fevereiro, na capital do Espírito Santo, e aparecesse em padronagens que vão das tonalidades neutras clássicas às chapas natural ou artificialmente coloridas,  que atendem aos mais variados estilos de projetos.

Sustentabilidade

Predominantemente voltadas ao acabamento, em especial ao revestimento de pisos e paredes, as pedras tem um potencial de aplicabilidade que extrapola, e muito, seu uso em chapas. Prova disso está na exposição Brazilian Stone Originals Design, que apresentou peças assinadas por mais de 20 designers que tiveram mármores, granitos e quartzitos como matéria-prima, e nas possibilidades de reaproveitamento das sobras de seu beneficiamento em novos produtos.
Detalhe do piso drenante feito a partir de sobras de mármore calcítico. Foto: Sharon Abdalla/HAUS
Detalhe do piso drenante feito a partir de sobras de mármore calcítico. Foto: Sharon Abdalla/HAUS
Um deles é o piso drenante apresentado pela Amagran. Aproveitando os rejeitos da pedreira, a empresa reduziu a granulometria das sobras de mármore calcítico e compactou os grânulos, que receberam acabamento em resina. O resultado é um piso nivelado e capaz de absorver a água (bastando para isso que seja instalado sobre uma base permeável, como a areia, por exemplo).
Utensílios de cozinha são outra opção de reaproveitamento dos resíduos de rochas ornamentais. Foto: Sharon Abdalla/HAUS
Utensílios de cozinha são outra opção de reaproveitamento dos resíduos de rochas ornamentais. Foto: Sharon Abdalla/HAUS
A Brasigran também apostou no reaproveitamento e apresenta pastilhas feitas a partir de sobras da produção de mármores, além de utensílios e objetos de decoração que dão nova vida ao material, antes sem utilidade. No estande da feira, foi possível conhecer vasos assinados pela arquiteta e designer Vivian Coser e letras decorativas que também funcionavam como suporte para plantas. O destaque, no entanto, foram os utensílios de cozinha, que traziam tábuas de corte e pratos de refeição e sobremesa produzidos a partir de resíduos de rochas ornamentais.
*A repórter viajou a convite do evento.

LEIA TAMBÉM

Enquete

Você sabe quais são as vantagens de contratar um projeto de arquitetura para sua obra de reforma ou construção?

Newsletter

Receba as melhores notícias sobre arquitetura e design também no seu e-mail. Cadastre-se!