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Restaurante em Curitiba preserva estrutura original de casa dos anos 1920

Felipe Gonçalves
14/09/2016 12:55
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Alçapão do Restaurante La Scuderia guarda decoração inusitada e memórias do início do século 20. Fotos: Fernando Zequinão | Gazeta do Povo

Ao descer a Avenida Jaime Reis em direção ao Largo da Ordem, a visão rapidamente se acostuma com a fachada de casarões antigos, principalmente no quarteirão da Praça João Cândido. Em uma das casas, onde hoje funciona o restaurante italiano La Scuderia, o esforço e cuidado de pessoas que residiram e trabalharam no local ajudou a preservar a memória de uma das famílias que fizeram parte da história da cidade.
Salão do La Scuderia sobre piso de vidro, construído em casa da década de 1920. Foto: Fernando Zequinão
Salão do La Scuderia sobre piso de vidro, construído em casa da década de 1920. Foto: Fernando Zequinão
Quando a família do arquiteto Guto Biazzetto comprou o imóvel do número 216 da histórica avenida em 2012, muitas modificações foram necessárias. “Como o espaço estava sem uso e fechado há algum tempo, precisamos fazer o projeto arquitetônico e de restauração do interior, para deixar pronto para o restaurante”, conta. Curioso pela história dos antigos proprietários, Guto resolveu pesquisar as origens da família Munhoz, de quem a casa foi comprada. No projeto, a opção foi cobrir uma parte do salão principal com vidro, permitindo aos clientes e visitantes observar a estrutura e o piso original do local. “Tínhamos a curiosidade de descobrir quem havia ocupado o espaço, até por conta das iniciais no portão”, explica.
A pesquisa pela história não avançou muito, mas mostrou parte da memória do local. Mila e Guto descobriram que o espaço abrigou durante 20 anos a Escola de Balé Espanhol Flamenco de La Morita. Amália Moreira, proprietária da escola, alugou o imóvel de Caetano Munhoz em 1988, e ali continuou o ensino da dança flamenca. Depois da morte do marido, a escola foi transferida para outro ponto da cidade, e a casa ficou fechada até 2012, quando foi vendida aos Biazzetto. O antigo proprietário, Caetano, faleceu pouco tempo após a negociação, e boa parte da história da casa acabou se perdendo.
Decoração inspirada na 'Scuderia Ferrari' misturada com alicerces da casa histórica. Foto: Fernando Zequinão
Decoração inspirada na 'Scuderia Ferrari' misturada com alicerces da casa histórica. Foto: Fernando Zequinão
Construída em duas partes, a casa teve a fachada erguida nos anos 20, e foi finalizada com a parte de trás em meados dos anos 40. Característica dos casarões antigos da época, a casa está acima do nível da rua – razão pela qual existe o ‘alçapão’ que foi coberto pelo piso de vidro. Mila acredita que os Munhoz eram uma família de posses, tanto pela localização do imóvel como pelo tamanho dos cômodos.
Hoje o prédio abriga o restaurante La Scuderia. Há pouco tempo, quando era propriedade da família Biazzetto, o estabelecimento se chamava Salumeria, e ficou conhecido justamente pelo piso de vidro. O local é aberto a visitação, e quem passa pelo restaurante pode ver pela janela no chão tanto as estruturas originais da casa como a um curioso detalhe da decoração local: o proprietário Walter Petruzziello, amante do automobilismo italiano, guarda artigos da Ferrari no ‘alçapão’, além de rolhas e garrafas de vinho.

Serviço

La Scuderia – Avenida Jaime Reis, 216 – São Franciso. Horário de funcionamento, diariamente das 12 horas às 14h30 e das 19 horas às 23h30.

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