Sustentabilidade

Mesmo com novo Angeloni, bosque do antigo Hospital Bom Retiro será preservado

Sharon Abdalla
01/09/2017 19:50
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Fotos: Leticia Akemi/Gazeta do Povo | Gazeta do Povo

A implantação da nova loja do Angeloni no bairro Bom Retiro, em parte do terreno onde funcionou o antigo Hospital Psiquiátrico Bom Retiro, irá preservar a área de bosque avistada de longe por quem mora ou circula pela região. É o que afirmam o Grupo Angeloni e a Federação Espírita do Paraná (FEP), proprietária da outra parte do terreno que também conta com a presença de maciço vegetal.
Assim que a prefeitura de Curitiba e o Grupo Angeloni anunciaram a construção desta que será a terceira loja da rede de supermercados em Curitiba, vizinhos e pessoas que circulam pela região manifestaram, pelas redes sociais, preocupação em relação à preservação da área e à possibilidade da derrubada das árvores para as obras. Em resposta a uma dessas publicações, o prefeito Rafael Greca (PMN) se manisfestou afirmando que a informação “não procede” e que o “parque” será preservado.
Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo

Bosque

A área onde até setembro de 2012 funcionou o antigo Hospital Espírita de Psiquiatria Bom Retiro, na Rua Nilo Peçanha, tinha originalmente cerca de 60 mil m², como lembra Danilo Allegretti, assessor de patrimônio da Federação Espírita do Paraná (FEP). Destes, aproximadamente 29 mil m² são de bosque.
Após a compra da área pela incorporadora Invespark, 17 mil m², localizados na parte sul do lote, na região das esquinas das ruas Nilo Peçanha e Comendador Lustoza de Andrade, foram adquiridas pelo Grupo Angeloni para a construção da nova loja. Dentro desta área, o bosque ocupa 4 mil m², como informou, em nota, a rede de supermercados.
O restante do bosque, que soma 24,5 mil m², está localizado na outra parte do terreno (com área total de 43 mil m²), que voltou a ser de propriedade da Federação Espírita do Paraná depois que o negócio com a Invespark foi desfeito, no final de 2015.

Preservação

Annelissa Gobel, engenheira agrônoma e sócia AAT Consultoria e Engenharia Ambiental, empresa que participou do processo de licenciamento ambiental da área pertencente ao Angeloni e é responsável pelo projeto de preservação do bosque localizado no terreno da FEP, destaca que desde o início dos estudos nunca houve a intenção, por nenhuma das partes, de se derrubar as árvores ou utilizar a área ocupada pelos maciços vegetais.
“Desde o começo de todo o processo tomamos muito cuidado para permitir a ocupação adequada no que diz respeito aos aspectos ambientais e legais, que foram as premissas do Angeloni e da Federação Espírita [para o uso das áreas]”, acrescenta.
O Grupo Angeloni confirma, em nota, que a vegetação presente na área adquirida pelo grupo será “totalmente preservada”. Mesmo posicionamento tem a Federação Espírita, que entregou à Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA) um projeto que visa a revitalização e preservação dos quase 25 mil m² de bosque sob sua propriedade.
Deste total, cerca de 10 mil m² são de bosque nativo (que legalmente não é tido como unidade de preservação) e os outros 14 mil m² correspondem a uma Área de Preservação Permanente (APA), localizada na parte norte do terreno. De acordo com Annelissa, é nela em que estão as duas nascentes e por onde também passa o “riozinho” que corta o lote.
Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
O projeto aguarda a aprovação por parte da SMMA para que seja iniciado, como conta Allegretti. Isso deve ocorrer somente após o encerramento da ação aberta pelo Ministério Público envolvendo a demolição do prédio do antigo hospital, realizada em 2012. Neste ano, a prefeitura chegou a cancelar o alvará de demolição da construção para que se avaliasse se se tratava de uma Unidade de Interesse de Preservação (UIP), o que não ocorreu.

Revitalização

Dentro do projeto de revitalização apresentado pela FEP está prevista a retirada de árvores exóticas, como taquara e alfeneiro, consideradas invasoras e localizadas principalmente nas bordas do bosque, e a substituição delas por espécies nativas, o que elevará a qualidade da vegetação, como explica Annelissa.
Além da sustentabilidade da área, e como o bosque ocupa mais da metade do terreno, sua revitalização e preservação poderá receber contrapartidas do município, como o incremento do potencial construtivo do lote, conforme prevê a legislação municipal.
“A prefeitura tem áreas como esta cadastradas como especiais e, como política, oferecer incentivos [para sua preservação]”, acrescenta a engenheira ambiental. Segundo ela, esta é uma forma de se garantir que o município não tenha redução de suas áreas verdes.
Em relação ao uso do terreno, a Federação Espírita tem estudos relacionados à possível construção de prédios corporativo e residenciais, mas nada está definido pela entidade. “A federação irá avaliar o que é mais adequado, mas o interesse é o de transformar esta área em fonte de receita”, diz Allegretti.

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