Sustentabilidade

Saiba o que é bioconstrução e como utilizá-la na sua obra

Sharon Abdalla
25/04/2017 10:52
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Fotos: Raphael Autran/Arquivo pessoal

Construir a casa com paredes de terra retiradas do próprio terreno. Ou com pedaços de madeira unidos por uma argamassa produzida com terra crua. A ideia, que pode soar estranha para muitas pessoas, ilustra o que propõe a bioconstrução, termo utilizado para descrever o conjunto de técnicas construtivas que tem a preocupação ambiental como um de seus pilares.
“Ela é uma construção natural, que se propõe a utilizar o máximo possível de recursos renováveis e disponíveis no local da construção ou nas suas proximidades”, resume o bioconstrutor Raphael Autran, da Baobá Construções Sustentáveis.
Fotos: Raphael Autran/Arquivo pessoal
Fotos: Raphael Autran/Arquivo pessoal
Entre estes recursos pode-se listar, por exemplo, a madeira, pedras, vidros e argila, que, sozinhos ou combinados, remetem aos primórdios da humanidade e que, apesar de pouco convencionais, encontram exemplares inclusive na arquitetura vernacular brasileira. “As construções de pau-a-pique [taipa de mão] e as ocas indígenas são exemplos de bioconstrução”, ilustra Autran.

Técnicas construtivas

A taipa de mão é uma das técnicas construtivas mais conhecidas relacionadas à bioconstrução. Comum no nordeste brasileiro, ela consiste nas obras realizadas a partir do entrelaçamento de varas de madeira que têm seus vãos preenchidos com barro.
Outras técnicas que utilizam a argila são a COB (mistura de palha, barro, areia e esterco que é empilhada e moldada à mão), a taipa de pilão (na qual formas são preenchidas com argila, que posteriormente é compactada formando as paredes) e a super ou hiperadobe, também conhecida como terra ensacada. Nela, sacos de polipropileno ou de raschel, similares aos utilizados no transporte de leguminosas e frutas, são preenchidos com uma mistura de argila e areia compactada.
“Este processo cria blocos maciços que são empilhados uns sobre os outros. Esta estrutura, assim como as de COB e de taipa de pilão, pode ser considerada autoportante, de acordo com a espessura da parede e o tipo de telhado que se pretenda utilizar”, explica Raphael Autran.

Madeira

Entre as técnicas bioconstrutivas que têm a madeira como matéria-prima principal destacam-se a cordwood e a log home. A primeira refere-se às obras erguidas a partir de tocos ou sobras de madeira unidos por uma argamassa feita com terra crua. Já na segunda são utilizadas toras inteiras, que são empilhadas para a elevação das paredes.
Na cobertura, o telhado verde é a grande estrela das bioconstruções. Cada vez mais presente em projetos urbanos, ele substituiu o telhamento convencional por uma cobertura vegetal capaz de absorver pelo menos 50% da água da chuva que cai sobre ele, segundo Autran.

Benefícios

A redução do impacto ambiental das obras é apenas um dos benefícios proporcionado pelas bioconstruções. Autran explica que por se tratarem de “casas vivas”, uma vez que utilizam diferentes elementos naturais, as construções promovem o conforto térmico e acústico dos ambientes e a redução dos custos da obra, que é potencializado de acordo com o grau de envolvimento do proprietário na construção.
“O ponto forte da bioconstrução é que ela trabalha a autoconstrução. Ou seja, ela permite que o morador ou as pessoas da comunidade se empoderem da técnica e participem ativamente do processo de construção de suas próprias casas”, acrescenta Autran.

Capacitação

Para quem deseja pôr a mão na massa ou saber mais e esclarecer dúvidas sobre as técnicas, o bioconstrutor Raphael Autran irá ministrar o curso “Bioconstruindo em Três Tempos”, no Sítio Pedacinho do Céu, em Colombo.
A formação é composta por três módulos distintos sobre as seguintes técnicas: cordwood, telhado verde (de 5 a 7 de maio) e hiperadobe (de 2 a 4 de junho). Mais informações podem ser obtidas pelo site ou pelo telefone (41) 3656-4268.

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