Menos contaminação

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Em fase final de testes, tinta antiviral reduz transmissão de coronavírus

Gazeta do Povo
08/06/2020 20:09
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Um projeto em desenvolvimento no Paraná deve disponibilizar ao mercado ainda neste ano uma tinta com propriedades antivirais que pode ajudar a reduzir a transmissão do SARS-CoV-2.
A iniciativa é da empresa Renner Herrmann e está em produção com o apoio do Instituto Senai de Inovação em Eletroquímica (ISI), em Curitiba, a partir de um produto que a marca já tem em seu portfólio - uma tinta com propriedades antibacterianas.
Ideal para aplicação em paredes internas de ambientes hospitalares, escolares ou locais com grande circulação de pessoas, a novidade contribuirá para reduzir a contaminação por meio da inativação dos agentes contaminantes do vírus.
Foto: Divulgação/Senai Paraná
Foto: Divulgação/Senai Paraná
Trata-se de uma tinta epóxi à base de água adequada para superfícies de concreto, mas que pode ser utilizada em materiais como madeira e metal, de acordo com a empresa, se misturada com o primer adequado. O que a torna antiviral é que inclui, em sua composição, novos aditivos que consistem em nanopartículas de cobre, conforme explica Agne de Carvalho Jorge, responsável técnica pelo projeto no ISI Eletroquímica. “Historicamente, nanopartículas metálicas já são utilizadas contra bactérias, pois rompem com a membrana da bactéria e neutralizam sua ação contaminante”.
O mecanismo, no caso do SARS-CoV-2, seguirá a mesma lógica. “O novo coronavírus, embora não seja uma bactéria, tem uma estrutura “envelopada” com uma camada proteica que é quase como se fosse a membrana da bactéria”, detalha ela.
Nanopartículas de cobrem ajudam a destruir a camada proteica do vírus da Covid-19, inativando sua capacidade de fixação nas células humanas. Foto: CDC
Nanopartículas de cobrem ajudam a destruir a camada proteica do vírus da Covid-19, inativando sua capacidade de fixação nas células humanas. Foto: CDC
Embora o vírus ainda não tenha sido completamente mapeado pela ciência, os cientistas acreditam que essa camada proteica do vírus seja a responsável pela função de conectá-lo e fixá-lo às células, causando a infecção. “Se essa ligação é feita por um “sítio ativo”, o que fazemos é desativá-lo com a ação das micropartículas de cobre. Precisa ser nanométrico, justamente por causa do tamanho do vírus, que tem um diâmetro de 90 nanômetros. As micropartículas são de 10 nanômetros. A princípio, então o que se espera é que algumas partículas fiquem em torno de cada vírus, neutralizando sua ação”, detalha.
Comercialização
A criação do produto já estava em andamento na Renner Herrmann, quando a empresa submeteu o projeto ao edital Saúde Tech, chamada promovida pelo Governo do Paraná e pela Fundação Araucária que aprovou 10 iniciativas para serem desenvolvidas em Institutos Senai de Tecnologia e Inovação em todo o estado.
Foto: Divulgação/Senai Paraná
Foto: Divulgação/Senai Paraná
Segundo o gerente de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do Sistema Fiep, Rafael Trevisan, o tempo de produção das inovações aprovadas no edital é de quatro meses e a tinta em breve deverá entrar no período de testes. “São feitas análises de composição química, depois aplicação e efetividade na questão antiviral, para que possa ser utilizado em locais de alta circulação de pessoas”.
Após esses quatro meses, se confirmada a eficácia da tinta em inativar o coronavírus, a mesma poderá ser comercializada, possivelmente ainda em 2020.  O diretor geral da divisão Renner Coatings, Luiz André Ortiz, diz que o produto está em alta prioridade na empresa e que a expectativa é a de que já seja possível comercializá-lo no último trimestre. "Nesta fase, ainda é prematuro predizer custos e, consequentemente, preços, mas deverá se situar na faixa dos produtos considerados funcionais de alta performance", revelou.
Além da tinta antiviral, estão em desenvolvimento outros nove projetos pela Saúde Tech. “O objetivo da chamada era disponibilizar apoio financeiro e técnico para empresas que tinham alguma solução no contexto da Covid. Alguns são projetos de TI, monitoramento do uso de máscara, controle de temperatura para colaboradores de fábricas, telemedicina, além de um espessante de álcool gel com nanocelulose que será nacional e funcionará como uma alternativa química para o álcool gel”, detalha.

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