Urbanismo

Projeto que fará da Caximba bairro ecológico de Curitiba prevê casas sustentáveis e orla suspensa

Luan Galani
17/10/2018 22:37
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Projeto do Bairro Novo da Caximba, em Curitiba, busca revitalizar áreas degradadas da cidade. Imagem: Ippuc/Divulgação

Foram finalmente revelados detalhes do projeto que promete reurbanizar as vilas da área da Caximba e transformar o local do antigo lixão em novo bairro ecológico de Curitiba. As informações foram cedidas nesta quarta-feira (17) pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) com exclusividade para a reportagem de HAUS.
Batizada oficialmente de Bairro Novo da Caximba, a primeira área a ser transformada será a Vila 29 de Outubro, que, após a realocação das famílias e limpeza das lagoas que foram aterradas, vai receber um dique de aproximadamente 2,5 metros de altura ao longo de 3 quilômetros, que será a espinha dorsal da nova configuração.
“O dique será uma contenção para que não aconteçam alagamentos nas áreas residenciais, e para segurar a invasão irregular”, explica o arquiteto Mauro Magnabosco, que coordena o projeto no Ippuc. Ele destaca que a estrutura será uma proteção a mais, já que também haverá três lagoas de contenção (veja a imagem acima) e um corredor ecológico de 50 metros depois do Rio Barigui.
O dique será coberto e vai formar uma grande orla suspensa, com ciclovia, quadras de esportes, mobiliários urbanos, praças e uma área de plantio de flores para auxiliar na fonte de renda das famílias.
Magnabosco destaca que estudos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) mostram que não seria possível plantar hortaliças ou frutos no local, como inicialmente considerado, devido à degradação do solo.
A operação também vai ampliar a infraestrutura da escola próxima, do Centro Municipal de Educação Infantil e da Unidade de Saúde da região.
O arquiteto revela ainda que o Ippuc desenvolveu um sistema de casas autônomas (sustentáveis) que vai reaproveitar água da chuva e ser abastecido por energia solar a partir de placas fotovoltaicas no telhado. “Pensamos em casas sobrepostas, quase modulares, que serão agrupadas de quatro em quatro, com 12 x 20 metros, sempre com comércio nas esquinas”, diz Magnabosco. Ao todo espera-se a construção de mais de mil novas unidades, que vão custar cerca de R$ 105 mil por casa para ficarem de pé.
Para ajudar a suprir a demanda energética da região, o aterro, que está sem uso, será transformado em usina solar e usina de produção de biogás.
“Para melhorar ainda mais a qualidade da habitação, a Sanepar [Companhia de Saneamento do Paraná] vai construir uma estação elevatória para levar o esgoto para a estação de tratamento de Rio Bonito. Era algo que tinham planejado fazer só em 2038, mas que vai sair do papel com este projeto”, exemplifica o arquiteto do Ippuc.
Agora o projeto do novo bairro está na fase de estudos técnicos complementares e em busca de financiamento de R$ 200 milhões com a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD). A previsão é de que até 2021 a nova configuração comece a tomar forma.
O projeto foi iniciativa do prefeito Rafael Greca (PMN), e é desenvolvido pelo Ippuc com a Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab Curitiba), a Procuradoria Geral do Município e as secretarias municipais de Governo, Meio Ambiente, de Obras Públicas, Defesa Social, Educação e Fundação de Ação Social.
Por parte do governo do Estado do Paraná, fazem parte a Sanepar, o Instituto das Águas do Paraná, a Secretaria Estadual de Segurança Pública do Paraná e Copel. A comunidade local e a Associação dos Empresários da Cidade Industrial de Curitiba (AECIC) também são parceiros na execução do Bairro Novo da Caximba.

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