Urbanismo

Inventário pede a preservação de quase 90 ruas de paralelepípedos em Curitiba; saiba quais são

Sharon Abdalla
16/08/2018 15:00
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Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo/Arquivo | GAZETA

A discussão acerca da preservação das ruas de paralelepípedo de Curitiba ganhou um novo capítulo na tarde desta terça-feira (14). Na data, o vereador Goura (PDT) protocolou junto ao Conselho Municipal de Patrimônio Cultural (CMPC) um inventário que lista os 88 endereços da cidade que têm nas tradicionais pedras retangulares sua pavimentação e solicita a criação de projetos e políticas públicas voltadas à preservação destas vias.
Esta não é a primeira vez que o vereador se debruça sobre o tema, que já foi tratado no projeto de lei apresentado por ele à Câmara no último mês de maio, no qual propõe a preservação do pavimento histórico. O projeto está em tramitação na casa e passa por análise das comissões da Câmara de Vereadores.
Foto: Daniel Castellano/Arquivo/Gazeta do Povo
Foto: Daniel Castellano/Arquivo/Gazeta do Povo
“As ruas de paralelepípedo têm valor histórico, pois ele foi o primeiro tipo de pavimento definitivo utilizado em Curitiba. Estas ruas tem que ter um tratamento especial, um olhar diferenciado por parte da gestão pública. A prefeitura, em diferentes gestões, às vezes atropela as características das ruas pela urgência da pavimentação asfáltica, que prioriza apenas a fluidez do carro sem levar em conta outras características urbanísticas, como a segurança viária e a preservação do conjunto urbano”, detalha Goura ao justificar as iniciativas.
Outras vantagens do pavimento, na opinião do vereador, referem-se à permeabilidade da água das chuvas e ao acalmamento que propicia ao tráfego de veículos.

Pesquisa

Para chegar aos 88 endereços que contam com pavimentação em paralelepípedo na cidade, e que somam 19 Km (0,5% da extensão total das vias da capital, segundo o estudo), o inventário contou com o trabalho de 20 voluntários, entre estudantes e profissionais de arquitetura e urbanismo.
Durante os meses de junho e julho, os colaboradores foram divididos em oito equipes, sendo cada uma delas responsável por mapear uma região da cidade: Jardim Botânico/Jardim das Américas; Mercês/São Francisco; Rebouças/Prado Velho/Cajuru; Centro/Centro Histórico; Centro/Alto da XV/Cristo Rei; Batel/Bigorrilho; Boa Vista/Pilarzinho/Santa Felicidade; Rebouças/Água Verde.
Além da localização e extensão da rua, o levantamento também identificou questões como a condição da via, presença de calçadas, de edificações de interesse histórico e arquitetônico, segurança viária e arborização do endereço.
Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
“Nossa intenção é fomentar o debate, o diálogo e proposições para a preservação dessas vias, como o tombamento de algumas delas, para o qual o Conselho [CMPC] pode dar encaminhamento, quando se pensa o conjunto urbano como um todo”, sugere Goura.

Trâmite

Procurado pela reportagem, o Conselho Municipal de Patrimônio Cultural confirmou o recebimento do Inventário das Ruas de Paralelepípedo, juntamente com o pedido de ações voltadas à preservação delas. O material, agora, será encaminhado para análise das Câmaras Técnicas, que avaliarão a viabilidade (ou não) da criação de projetos voltados à proteção dos endereços, como explica Hugo Moura Tavares, secretário executivo do CMPC.
“Supondo que as Câmaras Técnicas e o Conselho decidam pela preservação, o próximo passo seria o de pensar em instrumentos [para garanti-la], que vão desde o tombamento até os meios intermediários, como ocorre hoje com o inventário das Unidades de Interesse de Preservação (UIPs) da cidade. A partir da criação desses instrumentos de proteção, tanto o poder público quanto a iniciativa privada teriam que consultar o Conselho para fazer qualquer intervenção nestas vias”, explica.
Foto: Giuliano Gomes/Arquivo/Gazeta do Povo
Foto: Giuliano Gomes/Arquivo/Gazeta do Povo
“Mas tudo isso ainda precisa ser estudado. No momento, a importância da entrada desta solicitação é a de propor o debate sobre as ruas pavimentadas por meio desta técnica”, completa.
O secretário executivo destaca, ainda, o fato de a proposição partir da realização de um trabalho coletivo, e reforça que o Conselho Municipal de Patrimônio Cultural está aberto para receber qualquer solicitação desta natureza apresentada pela comunidade.

Veja a relação dos endereços levantados no Inventário das Ruas de Paralelepípedo:

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