Em Paris, a vitória, afinal, foi dos pedestres. As chamadas “Berges de Seine” — trecho de 3,3 km na margem direita do rio Sena e exclusiva para pedestres e ciclistas desde 2016 — permanecerá proibida para carros depois de uma série de embates judiciais. A decisão foi tomada nesta quinta (25) pelo Tribunal Administrativo de Paris.
A via foi bloqueada para carros em outubro de 2016, visando diminuir a emissão de gás carbônico pelos carros ao reduzir o trânsito na região, além de aumentar a rota turística e promover um espaço público livre para parisienses e turistas. A medida emblemática foi tomada pelo governo da atual prefeita, Anne Hidalgo, e foi extremamente contestada. O trecho da Rua Georges-Pompidou fica no coração da capital francesa, na região chamada de “Rives de la Seine” — patrimônio mundial da Unesco desde 1991.
Em fevereiro, o mesmo tribunal decidiu pela volta do uso da margem pelos carros, mas a via não chegou a ser liberada para os carros. Com a medida, os parisienses criaram o movimento #BergesdeSeine, pedindo pela permanência da exclusividade dos pedestres.
#voiessurberges Validation de l’arrêté de piétonnisation d’@Anne_Hidalgo Le Tribunal administratif a dit le droit au nom de l’intérêt général. On pourra continuer à se balader, à danser, à jouer, à regarder les merveilleux bords de Seine, sans voiture, sans pollution. #respirer pic.twitter.com/FhPfjt1Afh— David Assouline (@dassouline) 25 de outubro de 2018
Segundo o Le Monde, o argumento utilizado pelo tribunal na decisão a favor dos pedestres se baseia principalmente na importância da preservação do patrimônio histórico. “A proibição do tráfego de automóveis promulgada pela prefeita de Paris justifica-se pela necessidade de preservar um Patrimônio Mundial da Unesco”, afirmou o tribunal.
A prefeita de Paris publicou um vídeo em seu Twitter comemorando a decisão. “Estou muito feliz de anunciar que as margens estão definitivamente livre de carros. As margens são e serão, a partir de agora, dos pedestres. Vocês abriram o caminho em direção a uma Paris que respira, que tem audácia, que tem coragem. A coragem de ter como prioridade absoluta a preservação do meio ambiente”, afirmou.
Chères Parisiennes, chers Parisiens, je suis très heureuse de vous annoncer que la Justice nous a donné raison et que les #berges de Seine sont définitivement piétonnes. C’est grâce à vous et à votre mobilisation. Merci ! Vive le Parc Rives de Seine et vive #Paris!#BergesDeSeine pic.twitter.com/IH0u28BW1C— Anne Hidalgo (@Anne_Hidalgo) 25 de outubro de 2018
A decisão de fechar ruas para pedestres já não é novidade pelo mundo. Cidades como Londres, Madri, Seattle, Seul e São Francisco já tiveram vias fechadas para serem reocupadas pelos habitantes e turistas.