Urbanismo

Parques de Curitiba vão ganhar jardins de mel com abelhas nativas

Carolina Werneck*
27/04/2017 21:52
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15 parques da cidade vão receber jardins de mel ainda este ano. Fotos: Divulgação

Colmeias de abelhas nativas farão parte da paisagem de 15 parques de Curitiba a partir do segundo semestre deste ano. Em parceria com a Meliponas, empresa voltada para a preservação das abelhas, a Prefeitura está desenvolvendo o projeto dos “Jardins de Mel”, que vai instalar caixas de abelhas sem ferrão em diferentes espaços verdes da cidade.
Alexandre Jarschell, presidente do Instituto Municipal de Administração Pública de Curitiba (Imap), explica que “a localização de todos os jardins de mel ainda está em fase de estudo, mas alguns dos parques que podem receber as estruturas são o Tingui, Tanguá, Passeio Público, Barreirinha, Barigui e Bosque do Papa”. O Zoológico e o Jardim Botânico também estão cotados para receber o projeto. A escolha dos pontos será feita tendo como critério a autonomia de voo das abelhas, de modo que boa parte da cidade possa ser polinizada naturalmente.
Bárbara Becker e Luisa da Costa de Moraes fazem parte da equipe de arquitetura responsável pelo desenho dos jardins. Bárbara diz que a ideia foi criar um ambiente em que os frequentadores dos parques possam interagir com as abelhas. “A ideia é mostrar que as abelhas nativas são amigáveis, não têm ferrão. Para isso, criamos um banco em torno das caixas para que as pessoas entrem em contato com as abelhas e também com as flores.”
Espaçosos, os bancos criados pela equipe terão cinco metros de diâmetro e ficarão em torno das colmeias e das flores. O tamanho foi definido para chamar a atenção em grandes áreas, como é o caso dos parques. “Nós queremos que as pessoas vejam de longe e se interessem em chegar mais perto dos jardins”, explica Bárbara.
Totens com informações sobre as espécies presentes no local e um QR code levando a outras informações ficarão ao lado de cada um dos jardins. A arquiteta ainda pontua a mudança paisagística que virá com a instalação das caixas. Para ela, a interferência vai promover uma rara e importante transformação nos espaços verdes da cidade.

Interação social

O projeto, no entanto, vai além dos jardins de mel. Cursos profissionalizantes serão oferecidos nos Faróis do Saber espalhados pela cidade, que também vão receber material didático voltado ao público infantil. Um teatro de bonecos itinerante vai completar a conscientização das crianças sobre a importância da preservação das abelhas.
De acordo com Felipe Thiago de Jesus, agroecólogo e um dos sócios da Meliponas, o objetivo do projeto é tornar a cidade mais consciente sobre a importância das abelhas para a regulação do planeta. “O Brasil ainda tem tempo de cuidar disso. Países como os Estados Unidos e o Japão, por exemplo, já não têm essa possibilidade e estão alugando colmeias de outros países”.
Trabalhando em um sistema de cooperação, as abelhas são responsáveis por até 70% da polinização das culturas agrícolas, segundo estudo do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. O outro sócio da Meliponas, o empresário Meila Fabri, explica que o projeto é educacional. “Queremos usar as abelhas como uma referência dessa conexão do ser humano com a natureza e tornar a cidade mais verde.”

Os jardins retratados pela arte

O artista plástico Sandoval Tibúrcio inspirou-se no projeto para criar um quadro sobre a importância das abelhas para a sociedade. “A abelha perdeu seu habitat natural. Agora, esse projeto vai trazer a abelha para a cidade, mas em uma outra condição, usando os jardins para o convívio [das abelhas com as pessoas]”, opina. As telas de Tibúrcio usam as cores primárias para retratar a urbanidade. O artista, que diz ter como referências Alfredo Volpi, Beatriz Milhazes e Romero Britto, foi convidado a expor a obra “Meliponas” em Dubai.
*especial para a Gazeta do Povo 

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