Urbanismo

Viaduto do Capanema vai perder azul e vermelho e ganhar novos espaços

Luan Galani
14/09/2017 21:40
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Imagens: Ippuc/Divulgação

A região do viaduto do Capanema será outra até o final do ano. Isso é o que promete a Prefeitura de Curitiba em vídeo recente divulgado pelo prefeito Rafael Greca (PMN) em suas redes sociais. O projeto de revitalização da área prevê a pintura dos arcos que suportam o viaduto (a cor ainda não foi definida, mas já há confirmação de que não será azul nem vermelho), a volta do restaurante popular, que foi o primeiro do Brasil em 1993, a construção de um estacionamento subterrâneo que ligue o Mercado Municipal à Rodoferroviária, e a ida de um núcleo da Guarda Municipal e da Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS), e do Centro Cultural Humaita, que irá movimentar culturalmente a área.
Moradores de rua que estavam vivendo embaixo do viaduto do Capanema foram retirados pela prefeitura .
Moradores de rua que estavam vivendo embaixo do viaduto do Capanema foram retirados pela prefeitura .
O projeto é coordenado pelo arquiteto gaúcho Mauro Magnabosco, que chefiou o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) de 1994 a 1996, e que retornou para a prefeitura para auxiliar o atual presidente do instituto, Reginaldo Reinert, como revelou matéria anterior de HAUS.
As mudanças previstas custarão R$ 1,3 milhão, investimento que veio de medida mitigadora do empreendimento do consórcio ETM (Estapar, Tucumann Engenharia e J. Malucelli), que em 2012 se sagrou vencedor da licitação promovida pela prefeitura para operar o estacionamento de cerca de 400 vagas por um período de 20 anos.
O imóvel já sediou o primeiro Restaurante Popular de Curitiba, inaugurado em novembro de 1993, exatamente durante a primeira gestão do prefeito Rafael Greca. O espaço foi fechado em 2000 e, posteriormente, chegou a manter o arquivo-morto da Urbs.
Com a experiência de quem já coordenou outros projetos de reestruturação, como da Casa da Memória, da Cinemateca e do Memorial Árabe, Magnabosco quer requalificar a área por meio dos novos usos. “As pessoas precisam ocupar o espaço. Para isso, todas aquelas grades saem, e vem um projeto novo, todo envidraçado, para não criar obstáculo visual algum, deixar tudo transparente, para maior segurança das pessoas”, explica. “Como o problema dos assaltos também é frequente, ainda estamos criando uma solução para evitar que os ladrões joguem os objetos roubados para cima dos arcos para outros parceiros.”
Prefeito Rafael Greca autoriza início das obras do Restaurante Popular do Capanema.<br>-Na imagem, ilustração do novo restaurante popular.<br>Curitiba, 06/09/2017<br>Foto:Mauricio Reinhart
Prefeito Rafael Greca autoriza início das obras do Restaurante Popular do Capanema.<br>-Na imagem, ilustração do novo restaurante popular.<br>Curitiba, 06/09/2017<br>Foto:Mauricio Reinhart
“O novo espaço terá uma área útil de 600 m², pronto para servir mil refeições por dia, mas com um salão que atende simultaneamente apenas 160 pessoas“, esclarece o arquiteto. Ainda segundo ele, os preços ainda não foram definidos, mas vão variar de R$ 2 a R$ 5, e algumas refeições até serão oferecidas de graça, dependendo de caso a caso.
A praça de alimentação será equipada com mesas e cadeiras retráteis, lavatórios e banheiros, com áreas de circulação independentes do setor onde serão manipulados os alimentos. De acordo com a prefeitura, para atender às normas da Vigilância Sanitária, os alimentos chegarão prontos para ser servidos. Não haverá cozinha, mas um espaço para a inspeção dos alimentos por um nutricionista.
O espaço da FAS ficará na parte externa ao restaurante, de frente para a Avenida Affonso Camargo. Na área oposta, de quem desce pela rua Ubaldino do Amaral, estará o posto da Guarda Municipal que funcionará 24 horas por dia.
Para o arquiteto e urbanista Marlos Hardt, que leciona na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e coordena o curso de especialização em arquitetura da paisagem, sem qualquer vínculo com o projeto de revitalização do viaduto, a estratégia da prefeitura está acertada, mas precisa ser aprimorada. “Vejo com bons olhos as soluções apresentadas até agora. Qualquer ação que tente revitalizar é melhor do que não fazer nada”, frisa. Ele explica: “Tanto o centro cultural quanto o restaurante têm potencial para melhorar o espaço. Marcarão um retorno da apropriação do espaço pela comunidade. Quanto mais pessoas circulando pela área, melhor e maior será a própria fiscalização das pessoas.”
“O problema é que essas atividades anunciadas terão horários muito específicos. Quando tudo isso estiver fechado, a rua volta a perder seus olhos. É preciso encontrar outros mecanismos para que a vivência continue de dia e de noite”, ressalta.
Uma das soluções poderia ser aproveitar melhor a parte mais próxima do Rio Belém, que tem um “potencial paisagístico enorme, mas que é muito mal utilizado”.
Moradores de rua que estavam vivendo embaixo do viaduto do Capanema foram retirados pela prefeitura .
Moradores de rua que estavam vivendo embaixo do viaduto do Capanema foram retirados pela prefeitura .

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