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Nesta foto  tirada em 18 de novembro de 2018, potenciais migrantes de Honduras perscrutam a cerca que delimita a fronteira EUA-México em San Ysidro, Califórnia | SANDY HUFFAKERAFP
Nesta foto tirada em 18 de novembro de 2018, potenciais migrantes de Honduras perscrutam a cerca que delimita a fronteira EUA-México em San Ysidro, Califórnia| Foto: SANDY HUFFAKERAFP

Um muro ou cerca é uma medida relativamente fraca no que diz respeito à restrição à imigração.

É de se admirar que os democratas não tenham assumido uma posição exigindo a destruição das barreiras já existentes na fronteira entre os Estados Unidos e o México. 

A oposição deles ao muro fronteiriço do presidente Donald Trump (ou melhor, seu suposto muro) é agora tão aguerrida que é praticamente impossível diferenciá-la da oposição a qualquer obra séria de infraestrutura na fronteira. 

A paralisação parcial do governo é alimentada por um conflito de ideias que no fim das costas diz respeito à legitimidade das fronteiras e, em certo sentido, às barreiras físicas que tornam a fronteira ao sul mais segura. 

Trump está com a razão, mas sua abordagem da paralisação institucional sem uma estratégia clara e seus pronunciamentos sem método fazem com que seja improvável que ele obtenha uma vitória. 

Claro que um muro fronteiriço de mais de três mil quilômetros, semelhante à melhor obra da Dinastia Ming, nunca fez sentido e nunca será construído. Tampouco, a não ser que Trump encontre uma forma de fazer com que o general Winfield Scott ocupe a Cidade do México, o México jamais pagará por um muro fronteiriço ianque. 

Tudo isso era uma fantasia e Trump até concorda, ainda que aqui e ali ele negue. Suas ambições agora são muito mais sensatas e envolvem uma espécie de estacas modernas ou cercas de ação como a que já existe em alguns lugares. Mas ele está enfrentando uma oposição muito menos sensata. 

Nem “medieval”, tampouco “imoral”

Estimulados, como sempre, por Trump, que assume um tom cada vez mais conciliatório quanto à imigração, os democratas estão tratando a ideia do muro praticamente como uma violação dos direitos humanos. O presidente Barack Obama costumava matar pessoas usando drones sem despertar tanta indignação quanto Trump ao pedir 5 bilhões de dólares para fortalecer a fronteira sul. 

Chuck Schumer chama o muro de “medieval”. É bem verdade que a ideia central – uma barreira física para impedir o movimento das pessoas – não é uma nova tecnologia. O conceito básico existe há tanto tempo que nunca houve necessidade de revisitá-lo. 

Nancy Pelosi chama o muro de “imoral”. Ela parece o prefeito de Berlim Ociental, Willy Brandt, chamando o Muro de Berlim de “o Muro da Vergonha” – sendo que os alemães orientais construíram sua barreira fronteiriça para manter as pessoas dentro do país, enquanto nós, norte-americanos, queremos apenas manter os ilegais do lado de fora. 

Se um muro é imoral, que utilidade tem a atual cerca de 560 quilômetros? Ela não é tão desprezível quanto o muro que Trump está propondo? Os 5 bilhões de dólares que o presidente quer não são suficientes nem mesmo para ultrapassar o que já temos – eles servirão para construir cerca de 250 quilômetros de novas barreiras onde não há nenhuma atualmente. 

Um muro ou cerca é uma medida relativamente fraca no que diz respeito à restrição à imigração. Não se está falando em deportar ninguém. O muro não separa famílias. Ele não processa nem prende ninguém. Ele não nega a nenhum imigrante ilegal atualmente trabalhando nos Estados Unidos um emprego. Tudo o que ele faz é evitar uma situação na qual estas outras coisas são necessárias. 

Um muro não fecha uma fronteira nem nos isola do mundo. Ainda há portas de entrada. As pessoas ainda podem ir e vir do México. As pessoas ainda podem, na verdade, voar até Paris. O muro apenas diminui a entrada de imigrantes ilegais em determinados pontos estratégicos. 

O exemplo de Yuma

Uma cerca robusta faz toda a diferença para impedir que imigrantes ilegais cheguem a Yuma, no Arizona. A região tinha apenas oito quilômetros de cercas em meados dos anos 2000 e desde então viu a extensão das cercas aumentar dez vezes. A entrada de ilegais diminuiu drasticamente. 

Yuma conseguiu a cerca adicional graças à aprovação da Lei da Cerca de Segurança de 2006, num acordo bipartidário, antes de o Partido Democrata ficar incomodado diante da ideia de criar barreiras físicas no caminho dos imigrantes ilegais. 

O muro não é a medida de contenção à imigração mais importante. A exigência de que patrões verifiquem o status dos funcionários teria consequência muito maiores. Mas o muro adquiriu uma importância simbólica. O que ele expressa, talvez mais do que qualquer coisa, é a irracionalidade crescente dos democratas no que diz respeito à imigração. 

Rich Lowry é editor da National Review

Tradução: Paulo Polzonoff Jr.

©2019 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês
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