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A história humana está cheia de consequências não intencionais. Como a importação da trepadeira invasora japonesa kudzu para os EUA e o catálogo de tragédias geradas pelo planejamento central comunista, o balado movimento #MeToo trouxe algumas surpresas – nem todas felizes.

Deixe-me explicar: se você tem acompanhado o movimento feminista nos últimos anos, talvez você não esteja muito surpreso. Mas isso não melhora algumas manchetes recentes. 

"Você ainda pode sair com um colega de trabalho? Bom, é complicado". Esse é o título de uma matéria do Wall Street Journal do dia 06 de fevereiro. "Empresas dos EUA estão tentando evitar que relações românticas se tornem um fator de risco", relata o jornal. "O debate nacional sobre assédio sexual e abuso de poder reanimaram uma conversa mais ampla sobre relacionamentos consensuais no ambiente de trabalho". 

Só para lembrar, estamos falando de relacionamentos consensuais entre adultos em um país livre – pessoas que sabem escovar dentes, usar fio dental, operar legalmente veículos motorizados e decidir com quem querem namorar. Mas, infelizmente, estamos também falando sobre as estranhas consequências de um movimento feminista que parece se basear do medo e passa os dias gritando no Twitter. 

Falando em redes sociais, como é o clima para relacionamentos no Facebook e no Google, empresas símbolo do empoderamento e de grandes mudanças culturais progressistas? "Os funcionários só podem convidar um colega para sair uma vez", relata o Wall Street Journal. "Se o convite é recusado, não pode ser refeito. Respostas ambíguas como 'estou ocupado' ou 'não posso nessa noite' são consideradas como negativas, disse Heidi Swartz, diretora de direitos trabalhistas do Facebook". 

Mas… e se você estiver realmente ocupado? E se você não puder naquela noite específica e gostaria de sair com a pessoa outro dia, mas esqueceu de acrescentar isso na resposta ou queria receber outro convite? E se quiser parecer misterioso? E se sua impressão quanto à pessoa que fez o convite mudar com o tempo? 

Vamos encarar a realidade: isso é um pouco estranho. Nessa visão, que começou a se desenvolver antes do #MeToo, tudo precisa ser dito, como num contrato. Não há espaço para erro ou nuances – o risco é muito alto. Mais do que tudo, para aqueles mais envolvidos nesse movimento, o parágrafo anterior tem vários problemas. Como alguém pode ousar pensar que uma mulher está indecidida, ou que ela pode ser normal e evitar um terror mudo quanto a um segundo convite para sair? Como podemos esperar que um adulto julgue quando um comportamento passa dos limites? 

Mulheres como crianças

Empresas como o Facebook e o Google, claro, são livres para agir como quiserem – segundo o Google, eles têm uma política de namoro desde 2004. Mas os pressupostos culturais por trás da regra "convidar só uma vez", aliados ao aumento de políticas similares inspiradas pelo #MeToo, deveriam preocupar qualquer um que se importe com oportunidades iguais. Afinal de contas, por que regras tão estritas seriam necessárias se as mulheres não são criaturas frágeis que não podem se defender? O pressuposto parece ser que mulheres – e vamos ser sinceros, essas regras são feitas para proteger mulheres, não homens – não conseguem lidar com o menor desconforto, então o RH precisa parar com eles antes que comecem. 

É quase vitoriano. É anti-feminista, pelo que consigo ver. Estranhamente, o feminismo moderno parece ter mudado o foco cultura de "empoderamento" e "escolha" para ver mulheres como crianças. Estamos envolvidos nisso e as consequências não são bonitas. 

Como a Kyle Smith do National Review já percebeu, algumas empresas estão evitando que homens e mulheres viajem juntos a negócios. Legisladores da Flórida se recusam a encontrar funcionárias mulheres sozinhas, exigindo um guia ou acompanhante (como em passeios escolares). Enquanto isso, o Wall Street Journal nos diz que empresas dos EUA são mais rigorosas com relacionamentos entre funcionários. Isso pressupõe que adultos não podem fazer isso sozinhos. 

Talvez, na confusão atual da cultura feminista, esse pressuposto esteja certo. Fala sério.

©2018 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês

Tradução de Gisele Eberspächer
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