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Existe grande pressão de grupos seculares para que se proíbam exigências sagradas e absolutas para os judeus | Pixabay
Existe grande pressão de grupos seculares para que se proíbam exigências sagradas e absolutas para os judeus| Foto:

À medida em que a sociedade ocidental se seculariza, a liberdade religiosa corre o risco de se tornar fora de moda. Cada vez mais entram em vigor leis que promovem considerações sociais legítimas que, ao mesmo tempo, acabam por diminuir a liberdade dos fiéis de viver de acordo com seus preceitos de fé pessoais.

A Europa Ocidental está puxando a fila. A região de Flandres, na Bélgica, agora exige que todo o animal destinado à alimentação seja sedado antes do abate, o que impede a sua carne de ser declarada kosher ou halal – ou seja, de acordo com as exigências religiosas, respectivamente, do judaísmo e do islã.

É claro que leis desse tipo em favor do bem-estar dos animais são absolutamente apropriadas. Mas até recentemente, a consideração com os outros também era preservada ao se permitir restritas exceções religiosas. Essas acomodações agora estão sendo sistematicamente removidas. Uma reportagem do New York Times diz:

Muitos países e também a União Europeia permitem exceções religiosas à exigência de sedação, embora em alguns lugares – como os Países Baixos, onde uma nova lei entrou em vigor no ano passado, e a Alemanha – as exceções sejam bastante restritas. A Bélgica agora se junta à Suécia, à Noruega, à Islândia, à Dinamarca e à Eslovênia entre os países que não preveem nenhuma exceção. 

Isso coloca judeus e muçulmanos observantes em maus lençóis. Eles podem importar alimentos de onde quiserem, o que é mais caro. Mas e se outros países também promulgarem leis como essa, ou se seus países natais proibirem a importação de carne kosher ou halal? Os fiéis seriam forçados a escolher entre deixar de comer carne e violar seus preceitos religiosos.

Alguns secularistas achariam que está tudo bem, já que essas leis não infringem as suas próprias liberdades, enquanto aqueles que são antirreligiosos se deleitariam em colocar fiéis diante de escolhas tão duras.

Algumas pessoas sem religião até mesmo se colocam no papel de explicar aos fiéis o que as suas regras realmente exigem ou não:

Ann De Grief, diretora da Ação Global em Favor dos Animais, um grupo belga pelos direitos dos animais, insistiu que a sedação não transgride a doutrina kosher e halal, e que “eles ainda podem considerá-la como abate ritual”, mas autoridades religiosas se recusam a aceitar essa visão. 

“Eles querem continuar vivendo na Idade Média e seguir abatendo sem sedação – já que a técnica não existia naquela época – sem ter que responder à lei”, disse ela. “Bem, sinto muito, mas na Bélgica a lei está acima da religião e isso cai continuar assim”. 

Esse tipo de intolerância religiosa só vai se acirrar daqui para a frente. Existe grande pressão, por exemplo, para que se proíba a circuncisão de crianças, uma exigência sagrada e absoluta para os judeus, e também praticada como dever religioso para muitos muçulmanos.

Há também esforços para obrigar médicos a participar de procedimentos de aborto e eutanásia, mesmo quando o profissional considera que esses atos sejam pecados graves que impactam concretamente seus destinos eternos. Tenho certeza que os leitores conseguem imaginar vários outros exemplos.

A liberdade não pode ser uma via de mão única. Atropelar os valores da fé de fiéis tradicionais é uma receita para fragmentar a sociedade.

Tradução: Felipe Sérgio Koller

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