• Carregando...
 | Pixabay/Reprodução
| Foto: Pixabay/Reprodução

Capitalismo não é nacionalismo. O capitalismo não tem fronteiras.

O capitalismo não é um fenômeno exclusivamente americano. O comércio livre é a efetivação do capitalismo no mundo.

Em seu maravilhoso livro, “Eat the Rich” (“Coma os Ricos”, em tradução livre), P. J. O’Rourke destaca que as restrições de comércio contra aquele reduto do comunismo, Cuba, na verdade ajudaram a arraigar o comunismo, e não desgastá-lo. Libertário, além de humorista, O’Rourke ironiza que o embargo comercial deu a “Castro uma desculpa para tudo que está errado com essa sociedade deplorável. E a livre iniciativa deveria ser um antídoto ao socialismo. Nós não deveríamos proibir as empresas americanas de fazer negócios com Cuba, nós deveríamos obrigá-las a isso”.

Muito da exportação dos ideais ocidentais e do capitalismo ocidental dominou a Ásia. Os quatro Tigres Asiáticos, Coreia do Sul, Hong Kong, Taiwan e Singapura, são potências econômicas e redutos do capitalismo. O’Rurke analisa Hong Kong em seu livro. Ele considera “o melhor exemplo contemporâneo de laissez-faire” no mundo.

Leia também: Afinal de contas, o capitalismo é mesmo cruel e explorador?

Ele cita John Cowperthwaite, o arquiteto do milagre de Hong Kong que adotou uma abordagem descentralizada da economia: “(...) em longo prazo, o conjunto de decisões de executivos específicos, exercendo julgamento individual em uma economia livre, mesmo que essas decisões sejam muitas vezes equivocadas, tem menor probabilidade de ser prejudicial do que as decisões centralizadas de um governo; e certamente o dano poderá ser revertido mais rapidamente”.

Esses tigres asiáticos cresceram e agora incluem os Novos Tigres – Indonésia, Malásia, Tailândia, Vietnã e Filipinas. O artigo da Wikipedia sobre os Tigres Asiáticos aponta que “também na América Latina, há economias emergentes e de rápido crescimento voltadas para a livre iniciativa e o livre mercado, como o bloco que une México, Chile, Peru e Colômbia”.

Economias que adotam o capitalismo e a livre iniciativa também estão emergindo na África. Tudo isso é parte de uma política de globalização – liberar as fronteiras para a circulação de bens e pessoas com uma restrição mínima do governo.

Globalização aumentou a prosperidade

Em seu excelente livro, “O Otimista Racional”, Matt Ridley detalha alguns dos triunfos dessa política, não apenas para o mundo, mas também para o Ocidente. O primeiro capítulo, “Um hoje melhor: o presente inédito”, deveria ser leitura obrigatória para todos os profetas pessimistas de qualquer tipo. Ridley descreve o aumento inacreditável em prosperidade para todo o mundo graças à livre iniciativa e ao capitalismo internacional.

Uma subseção chama-se “A Declaração da Interdependência”. Nela, ele argumenta que a “autossuficiência não é um caminho para a prosperidade”. Ele destaca que o comércio nos permite aumentar a nossa riqueza por meio da divisão do trabalho e especialização. Ele cita o ensaio clássico de Leonard Read, “Eu, o lápis”, que mostra como um item simples como um lápis é resultado da contribuição de muitas pessoas em todo o mundo, todas unidas pela mão invisível que Adam Smith descreveu.

Ridley apresenta algumas estatísticas que são realmente chocantes.

“É difícil encontrar uma região que estava pior em 2005 do que em 1955”, escreve. “O sul-coreano médio vive vinte e seis anos mais e tem uma renda anual quinze vezes maior do que tinha em 1955 (e ganha quinze vezes mais do que seu equivalente norte-coreano). O mexicano médio agora vive mais do que o britânico médio vivia em 1955. O botsuano médio ganha mais do que o finlandês médio ganhava em 1955. A mortalidade infantil é menor no Nepal do que era na Itália em 1951. A proporção de vietnamitas vivendo com menos de US$ 2 por dia caiu de 90% para 30% em vinte anos.”

Leia também: Nossos antepassados escaparam da pobreza arrasadora graças ao capitalismo

“Os ricos ficaram mais ricos, mas os pobres se saíram ainda melhor. Os pobres no mundo em desenvolvimento aumentaram seu consumo duas vezes mais rápido do que a média mundial entre 1980 e 2000. Os chineses são dez vezes mais ricos, 33% mais férteis e vivem 28 anos a mais do que viviam há quinze anos. Até mesmo os nigerianos são duas vezes mais ricos, 25% mais férteis e vivem nove anos a mais do que viviam em 1955. Apesar de a população mundial ter dobrado, até mesmo o número absoluto de pessoas vivendo em pobreza extrema (definida em 1985 como a de quem recebe menos de um dólar por dia) caiu desde os anos 1950.”

Ele aponta que, de acordo com a ONU, “a pobreza foi reduzida mais nos últimos cinquenta anos do que os 500 anos anteriores”.

A globalização não apenas aumentou a riqueza e a prosperidade em todo o mundo, também gerou um mundo mais pacífico. Isso pode parecer uma alegação inacreditável, considerando as guerras constantes em lugares como a Síria e partes da África, mas é verdadeira.

Paz sem precedentes

Em seu livro monumental “Os Anjos Bons da Nossa Natureza: Por Que a Violência Diminuiu”, Steven Pinker descreve o declínio constante da violência ao longo dos séculos, uma tendência que continua até hoje, apesar de situações como as Guerras Mundiais, que ele considera anomalias. Ele escreve sobre as Revoluções de Direitos – direitos civis, direitos das mulheres, direitos das crianças, direitos homossexuais. Ele escreve sobre a redução do infanticídio e do abuso infantil, o fim efetivo dos linchamentos, o declínio constante da violência contra gays, a maior conscientização sobre a violência doméstica.

E ele escreve sobre a “Longa Paz”. Desde 1945, entramos em um período de paz sem precedentes. Ele apresenta um argumento detalhado e completo com estatísticas que sustentam sua tese. Ele busca uma explicação. O aumento no número de democracias estáveis é um fator. Mas um fator ainda maior é o que ele chamada de Paz Liberal.

“A Paz Democrática”, escreve, “é algo às vezes considerado um caso especial de uma Paz Liberal – ‘liberal’ no sentido do liberalismo clássico, com sua ênfase na liberdade econômica e política, ao invés do liberalismo de esquerda. A teoria da Paz Liberal também inclui a doutrina do comércio gentil, segundo a qual o comércio é uma forma de altruísmo recíproco que oferece benefícios positivos para ambos os lados e dispõe de um limite egoísta ao bem-estar do outro.”

Pinker menciona especificamente a globalização, apontando que “a história sugere muitos exemplos em que uma iniciativa mais livre está correlacionada a maior paz”. Ele cita a pesquisa de Bruce Russett e John Oneal. “Eles descobriram que os países que dependem mais de comércio em determinado ano têm menor probabilidade de entrar em uma disputa militarizada no ano seguinte.”

“Russett e Oneal”, continua, “descobriram que não era apenas o nível de trocas bilaterais entre as nações que contribuíam para a paz, mas a dependência geral de cada país em uma troca: um país que é aberto para a economia global tem menor probabilidade de se encontrar em uma disputa militarizada.”

Alguns cientistas políticos, segundo ele, usaram essas descobertas “para apoiar uma ideia herege chamada Paz Capitalista. A palavra liberal em Paz Liberal se refere tanto à abertura política da democracia quanto à abertura econômica do capitalismo, e de acordo com a heresia da Paz Capitalista, é a abertura econômica que contribui mais para a pacificação”.

Pinker conclui a seção sobre a Paz Liberal com uma citação do pesquisador sobre paz, Nils Petter Gleditsch, que reformulou um slogan popular da década de 1960 contra a Guerra do Vietnã: “Faça dinheiro, não faça guerra!”.

Libertários têm e devem continuar a apoiar uma política de exportação de valores liberais de direitos individuais, paz, capitalismo e livre comércio para todo o mundo. Se as pessoas estão presas em um estado insular que oprime seu povo, o seu direito mais valioso consiste na capacidade de sair de lá e procurar liberdade e oportunidades em outro lugar. Dada a oportunidade, as pessoas serão naturalmente atraídas por liberdade e prosperidade. A globalização incentiva essa inclinação natural e pressiona os governos a abrir suas economias e melhorar os direitos individuais.

* Marco den Ouden escreve em The Jolly Libertarian.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]