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Instituição britânica põe crianças vulneráveis numa situação de risco | Pixabay
Instituição britânica põe crianças vulneráveis numa situação de risco| Foto: Pixabay

Alexandria Ocasio-Cortez é uma idiota útil para muitas causas. Agora podemos acrescentar a ideologia de gênero à lista. A deputada de 29 anos apareceu numa transmissão ao vivo para apoiar Harry Brewis, gamer britânico que chegou ao fim do jogo Donkey Kong de uma sentada só para arrecadar US$340 mil para a Mermaids UK, instituição de caridade que promove a troca de sexo para crianças confusas quanto ao próprio gênero. 

[TRADUÇÃO DOS TUÍTES] 

Por fim, não precisaríamos mais ficar falando de banheiros se todos agíssemos como adultos, lavássemos nossas mãos + cuidássemos da própria vida em vez de tentar controlar os outros. 

Pensando bem, eu me sentiria mais segura num banheiro com uma mulher trans do que com um homem executivo num dia qualquer. 

 

Se você quiser aproveitar essa oportunidade para demonstrar apoio à comunidade gay, há um twitch stream em nome da @Mermaids_Gender 

[TRADUÇÃO DOS TUÍTES] 

A Mermaids recebe financiamento público substancial no Reino Unido, gerando grande controvérsia. No ano passado, ela recebeu £35 mil (R$ 167 mil) do Departamento de Educação e £128 mil (R$ 613 mil) do órgão que trata de crianças necessitadas. A verba mais recente foi de £500 mil (R$ 2,4 milhões) , proveniente da loteria nacional. Mas, depois de algumas reclamações, a verba foi suspensa e está sob análise. 

A Mermaids deve ser a mais controversa instituição de caridade do Reino Unido. Primeiro porque ela está o tempo todo entrando em conflito com o Serviço Nacional de Saúde (NHS) do Reino Unido em seu esforço para, como diz o Times londrino, “revogar a proibição do NHS de sujeitar menores de 16 anos a tratamento hormonal que provocar mudanças corporais permanentes e comprometem a fertilidade”. 

A executiva-chefe da Mermaids, Susie Green, é uma personagem igualmente controversa. Green levou seu filho de 16 anos para uma cirurgia de mudança de sexo na Tailândia – procedimento agora ilegal – e defende a mesma coisa para outras crianças com disforia de gênero. A premiada colunista britânica Janice Turner recentemente escreveu: 

Num simpósio médico em Buenos Aires no último mês, Susie Green expressou apoio a um palestrante norte-americano que disse que “a cirurgia [de mudança de sexo] deveria ser permitia caso a caso, e NÃO com base na idade. Avaliações psicológicas não deveriam ser necessárias para cirurgias DE QUAISQUER TIPOS para cisgêneros”. Em outras palavras, as crianças deveriam poder se submeter a grandes operações de troca de sexo sem terapia. Nos Estados Unidos, as meninas já sofrem dupla mastectomia aos treze anos de idade. 

A Mermaids ainda recomenda uma médica especializada no tratamento de transgêneros, Helen Webberley, que prescreve hormônios sexuais para crianças de doze anos, que já foi condenada por atender num consultório sem registro e teve de pagar uma multa de £12 mil, e que está sob investigação no Conselho Médico. 

Em resumo, a Mermaids ainda tem permissão para dar treinamento a milhares de professores, policiais, profissionais da saúde e políticos. Em seus cursos, a Mermaids mostra um cartaz com uma Barbie de um lado e um Comandos em Ação do outro, e pede aos professores para pensar qual deles representa seus alunos. Um menino exibe um comportamento tipicamente feminino como usar uma saia de bailarina? Ele deve ser trans! A menina brinca com caminhõezinhos, etc.? Ela deve ser trans! Claro que essa lógica consagra velhos estereótipos de gênero e não tem base científica. E é justamente por isso que Turner, liberal e feminista, a refuta. 

A Mermaids também distribui aos professores cartazes e adesivos que estimulam as crianças a entrarem diretamente em contato com a organização se não se sentirem à vontade para conversar com seus professores a respeito de suas questões de gênero. Isso, compreensivelmente, tem incomodado pais que se sentem excluídos de decisões sérias quanto ao bem-estar dos filhos. E que tipo de “apoio” a Mermaids dá? Uma série de TV à qual Susie Green sempre se refere talvez seja uma pista. 

Butterfly conta a história de um menino de onze anos que queria ser menina e o mostra cortando os pulsos. A Mermaids defende a “afirmação de gênero” – um tratamento social, médico e/ou cirúrgico — como abordagem única para todas as crianças que se identificam como trans, argumentando que, de outra forma, elas correm o risco de se matarem. 

Mas o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido reagiu ao programa de TV dizendo que essa narrativa “não ajuda em nada” e que “é muito incomum que uma criança dessa idade tente se suicidar”. Da mesma forma, um importante especialista em disforia de gênero na infância, Kenneth Zucker, tem criticado veementemente estatísticas de suicídio equivocadas e diz que, apesar de crianças com disforia de gênero realmente serem “um grupo vulnerável”, elas não estão mais sujeitas a isso do que crianças que buscam tratamentos por outros motivos. “Em média, crianças com vários problemas clínicos estão sujeitas ao suicídio”, disse Zucker. 

Um editorial recente publicado no periódico Archives of Disease in Childhood, do respeitado British Medical Journal, diz que há “causas complexas” para problemas de identidade de gênero e sugere que “opiniões extremadas, liberais ou conservadoras, não ajudam a discussão nem promovem a ciência”.

Outras cartas de médicos e especialistas – no periódico da Sociedade de Endocrinologia e no periódico da Faculdade Real de Pediatria e Saúde Infantil — dão ênfase aos riscos dos bloqueadores de puberdade ministrados em criança e o princípio médico de antes de mais nada, não causar danos. 

Mais preocupante ainda é como a Mermaids reage a quem critica sua atuação. O jornalista do Times Andrew Gilligan conta como a Mermaids atacou um médico de uma clínica de gênero do sistema nacional de saúde britânico chamando-o de “antitrans” e atacando também a clínica por “citações na mídia que enfatizam as incertezas e complexidade da identidade de gênero”. Numa briga pelo Twitter, Green escreveu para um psiquiatra do NHS: “Você tem que se f*der. Você não sabe de nada”. 

Da mesma forma, uma ativista pelos direitos das mulheres, Kellie-Jay Keen-Minshull, foi interrogada pela polícia depois que Green a acusou de discurso de ódio. Keen-Minshull usara palavras duras para tuitar que achava errado que Green permitisse que seu filho de 16 anos se submetesse a uma cirurgia de mudança de sexo. Keen-Minshull contou à National Review: 

Em 23 de fevereiro de 2018, fui interrogada pela política por causa de seis tuítes relacionados à instituição de caridade Mermaids, sobretudo Susie Green e o fato de ela ter levado o filho para a Tailândia para uma cirurgia de troca de sexo em seu aniversário de dezesseis anos. Eu me referi a isso como uma castração. Disseram-me que se eu tentasse sair do país eu seria presa. A polícia estava cogitando de me acusar de vários crimes, apologia à violência, discurso de ódio e até mesmo conspiração. Esse interrogatório não foi levado adiante pelo Ministério Público. Em dezembro de 2018, depois de ser acusada de assédio por duas críticas a Susie Green no meu canal do YouTube, eu esperava a decisão do MP, já que a polícia reabriu o processo. 

Ocasio-Cortez conhecia essas controvérsias antes de decidir exibir suas “virtudes” progressistas? 

“Os direitos dos trans não um fato. Os direitos dos trans são direitos civis e direitos humanos”, disse ela. 

Mas aos críticos da ideologia de gênero: direitos humanos são apenas direitos humanos – eles se aplicam a todos nós, independente de como nos identificamos. Enquanto isso, “direitos dos trans” – termo aplicado irresponsavelmente por Ocasio-Cortez — são tão somente uma invenção retórica usada para justificar uma afronta ideológica cada vez mais agressiva à legislação e tratamentos médicos que — no caso da Mermaids — põem crianças vulneráveis numa situação de risco. 

Madeleine Kearns é bolsista William F. Buckley em jornalismo político pelo National Review Institute. Ela é natural de Glasgow, Escócia, e também é cantora. 

Tradução: Paulo Polzonoff Jr. 

©2019 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês
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