Espanha. Mais de cem mil assassinatos de inocentes em 2023: a liberalização e a banalização do aborto desejadas pelos socialistas e pela esquerda dão início a um genocídio popular.
Havíamos descrito os perigos e as terríveis consequências para o país da liberalização desse homicídio – endossada e aprovada pelos socialistas e a esquerda em 16 de fevereiro de 2023, e que entrou em vigor no dia 2 de março seguinte. Foi aprovada pela maioria com 185 votos a favor, 154 contra e nenhuma abstenção, depois que a ministra da Igualdade, Irene Montero, agora na bancada de esquerda no Parlamento Europeu, enfatizou que na Espanha o aborto era “um direito” e advertiu que o compromisso não se limitaria apenas à aprovação das mudanças regulatórias, mas trabalharia assiduamente para “garantir que em todos os hospitais públicos houvesse pessoal suficiente para a interrupção voluntária da gravidez”.
As mudanças mortíferas, das quais estão sendo feitas hoje o balanço, permitem que menores de 16 anos façam um aborto sem o consentimento dos pais; o período de reflexão de três dias foi eliminado; não há mais obrigação de fornecer informações sobre alternativas às mulheres; o aborto é garantido em instalações públicas; existe uma lista que identifica médicos que se opõem ao aborto por motivos de consciência, como acontece com a eutanásia; a pílula abortiva do “dia seguinte” é distribuída gratuitamente nos centros de saúde; a educação sexual é obrigatória em todos os estágios educacionais e em todas as escolas que recebem dinheiro público; e, finalmente, as administrações e instituições públicas não podem mais apoiar associações pró-vida.
Os números publicados nos últimos dias são terríveis. Em 2023, a Espanha registrou um total de 103.097 abortos, um aumento de 4,8% em relação ao ano anterior, quando foram realizados 98.316, e de 8,7% desde 2014. Da mesma forma, as estatísticas mostram uma taxa de aborto de 12,22 por 1.000 mulheres entre 15 e 44 anos; um ano antes a mesma taxa era de 11,68 e dez anos atrás era de 10,46. Os números coincidem com a entrada em vigor da lei do aborto aprovada pelo governo de Pedro Sánchez. Ainda 10.934 interrupções de gravidez envolveram pessoas com menos de 20 anos de idade, o que significa um aumento de 4,78% em relação ao ano anterior.
Quanto ao detalhamento desse número e levando em conta os menores de idade, no ano passado houve 6 abortos em meninas de 12 anos, 54 em meninas de 13 anos, 252 em meninas de 14 anos, 667 em meninas de 15 anos, 1246 em meninas de 16 anos e 1.906 em adolescentes de 17 anos. A grande maioria dos abortos (93,94%) foi realizada a pedido da mulher, especificamente 98.850, enquanto outros 3.294 foram realizados devido a sérios riscos à vida ou à saúde da gestante. Houve 2.688 abortos devido ao risco de anomalias graves do feto e 263 devido a anomalias fetais incompatíveis com a vida ou doenças extremamente graves e incuráveis. Três em cada quatro abortos na Espanha ocorreram antes da oitava semana de gestação e 69,77% foram realizados pelo método cirúrgico.
O Instituto de Políticas Sociais (IPSE) acusou o Ministério da Igualdade de promover o aborto, denunciando que não é lícito que um ministro apoie o aborto, muito menos que forneça ajuda a menores que estão sozinhas e desinformadas sobre o que o aborto realmente significa. De acordo com uma análise de dados feita pelos pesquisadores do Instituto, o aborto químico, por meio de uma pílula, já se tornou a escolha preferida das adolescentes, visto que no ano passado essa prática cresceu 15,5%.
Nos últimos dias, à margem da iniciativa de oração “40 Dias pela Vida”, a coordenadora espanhola, Nayeli Rodríguez, descreveu os últimos números sobre o aborto na Espanha como um “número horrível”, dizendo que “devemos perceber que por trás de cada um desses números há uma pessoa. São vidas, histórias interrompidas que nunca serão contadas”, crianças que “foram privadas do direito mais básico: a vida”.
A banalização do aborto, a distorção mistificadora do significado das palavras e o adoçamento dos termos para descrever o assassinato de inocentes só favorecem o genocídio do futuro da nação, e não, certamente, os direitos civis ou as liberdades, apesar do fato de as multinacionais do aborto, por meio de médicos e políticos interesseiros, alegarem sem razão o contrário. Não matar. Ao menos essa simples evidência moral, que parte do decálogo renegado, a Europa liberal-socialista quer mantê-la em vigor?
Luca Volontè, bacharel em Ciências Políticas, foi deputado italiano de 1996 a 2013. Fundou e dirigiu durante vários anos a Fundação Novae Terrae, coordenando, como Secretário Geral e em colaboração com universidades e institutos de investigação italianos e estrangeiros, a primeira investigação global sobre políticas familiares, dignidade humana e liberdade de educação.
©2024 La Nuova Bussola Quotidiana. Publicado com permissão. Original em italiano: “Aborto senza freni in Spagna, il tragico bilancio del 2023”.
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