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As imagens mostram a distribuição de gelo na superfície do polo Sul (esquerda) e do polo Norte lunar. As áreas em azul representam a localização do gelo. As partes mais escuras são as regiões mais frias. | NASA
As imagens mostram a distribuição de gelo na superfície do polo Sul (esquerda) e do polo Norte lunar. As áreas em azul representam a localização do gelo. As partes mais escuras são as regiões mais frias.| Foto: NASA

Uma equipe de cientistas observou “evidência definitiva” de água congelada na superfície da Lua, nas partes mais frias e escuras das regiões polares do satélite. Esses depósitos de gelo são distribuídos irregularmente e são possivelmente da antiguidade, segundo informações do Jet Propulsion Laboratory (JPL), da NASA. 

Os pesquisadores usaram dados de um instrumento da NASA chamado Moon Mineralogy Mapper (M3, Mapeador de Mineralogia da Lua) para identificar três assinaturas específicas que provam “definitivamente” que existe água congelada na superfície da Lua. 

Douglas Galante, pesquisador de Astrobiologia do Laboratório Nacional de Luz Síncroton e membro da Sociedade Astronômica Brasileira, considerou a descoberta importante. “É a primeira vez que foi encontrada água livre na superfície, na forma de gelo. Antes, o que se conhecia de forma confirmada era a água presa nos minerais da superfície da Lua”, explicou.

Ou seja, o que tinha sido observado até então eram “minerais hidratados”.

O instrumento M3 está a bordo da nave espacial indiana não-tripulada Chandrayaan-1, lançada em 2008 pela Organização Indiana de Pesquisa Espacial, estava equipado unicamente para confirmar a presença de água sólida na Lua. “Ele coletou dados que não apenas identificaram as propriedades refletivas que esperaríamos do gelo, mas também foi capaz de medir diretamente a maneira distinta com que suas moléculas absorvem luz infravermelha, para poder diferenciar entre água líquida, vapor e gelo”, explicou o JPL em nota. 

A maior parte do gelo encontrado está nas sombras de crateras perto dos polos, onde a temperatura nunca ultrapassa 121 graus Celsius negativos. A luz do Sol nunca alcança essas regiões. 

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O gelo encontrado na Lua foi levado por asteroides e cometas que impactaram o satélite e deixaram a água na sua superfície, explicou Galante. “O processo de deposição da água a partir dos cometas é muito lento. Para se ter essa quantidade que foi encontrada agora, isso foi se acumulando ao longo de milhões e milhões de anos”, disse.

Outras observações já haviam encontrado sinais possíveis de gelo na superfície do polo Sul lunar, mas eles poderiam ser explicados por outros fenômenos, como reflexão do solo. Dessa vez, os cientistas consideram que as evidências comprovam definitivamente a presença do gelo. 

“Com gelo suficiente na superfície – poucos milímetros no topo – a água poderia ser acessível como um recurso para futuras expedições de exploração e até mesmo de permanência na Lua, e potencialmente mais fácil de acessar do que a água detectada abaixo da superfície da Lua”, afirma o JPL. 

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A Lua nunca saiu do radar da exploração espacial, e existem vários motivos para que voltemos a pisar nela. ‘Um deles é a pesquisa básica. Mas existe a ideia de fazer na Lua uma colônia que possa servir de base para a exploração marciana”, diz Galante. Como a Lua é mais próxima a Marte do que a Terra, nós poderíamos economizar combustível nessa viagem.

Além disso, existe também o interesse pela exploração mineral comercial da superfície lunar. “A China vem investindo bastante nisso. Eles lançaram um rover para fazer a mineralogia da superfície, encontrar quais minerais estão ali e procurar por minerais raros”.

Uma das propostas é procurar por isótopos raros do hidrogênio, o trítio, e do Hélio, o hélio-3, que podem ser usados para fusão nuclear.

O principal objetivo das próximas missões da NASA e parceiros será entender mais sobre como esse gelo chegou lá e como ele interage com o ambiente lunar. 

Um artigo descrevendo a descoberta foi publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences, em 20 de agosto.

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