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A imprensa tenta tornar a presença de homens nos esportes femininos algo normal. E as autoridades buscam calar ou repreender quem discorda.
A imprensa tenta tornar a presença de homens nos esportes femininos algo normal. E as autoridades buscam calar ou repreender quem discorda.| Foto: Bigstock

Para funcionar, um truque de mágica precisa enganar o olhar do espectador. Basta fazer com que a plateia pense que está prestando atenção quando, na verdade, ela está sendo distraída. É nesses momentos que somos enganados.

Agora mesmo, no debate sobre os homens nos esportes femininos algumas pessoas estão seguindo o manual dos mágicos. Veja só o recente texto publicado no USA Today, no qual os repórteres gastam 4.500 palavras para dizer que a presença de homens nos esportes femininos não é um problema.

O texto conta histórias, traz números e estatísticas descontextualizadas para defender algo que não encontra respaldo na realidade. De acordo com o USA Today e outros veículos da imprensa tradicional, a situação saiu ao controle. Ninguém, dizem eles, se importa com o fato de uns poucos homens estarem vencendo as mulheres e meninas nas competições esportivas.

Enquanto isso, nos bastidores, a lei e as políticas públicas dizem outra coisa. Mesmo que a imprensa tente menosprezar os números e as consequências da presença de homens nos esportes femininos, as autoridades – desde a Casa Branca até os conselhos educacionais – fazem pressão para aprovar leis criadas para destruir os esportes femininos e garantir que as mulheres percam para sempre o direito a uma competição justa. A situação toda expõe a que ponto as pessoas estão dispostas a chegar para negar a realidade e o truque barato que os ativistas trans usam para esconder sua pauta radical.

A verdade é que os homens têm uma inegável vantagem física sobre as mulheres. Não são necessárias 4.500 palavras para demonstrar isso – basta que se preste atenção. No mundo todo, atletas estão sendo obrigadas a competir contra homens em seus esportes – e essas mulheres e meninas estão perdendo não só corridas e competições individuais, mas também títulos e a oportunidade de realizarem seus sonhos.

A realidade dentro dos Estados Unidos

Em seu primeiro dia de mandato, o presidente Joe Biden assinou um decreto obrigando todas as escolas que recebem dinheiro do governo federal a permitirem que meninos biológicos que se identificam como meninas possa entrar para as equipes femininas. Do contrário, essas escolas perderiam o dinheiro necessário à sua sobrevivência.

A Casa Branca deixou claro que simplesmente não se importa com o fato de um homem, uma vez dentro de uma equipe feminina, tira o lugar de uma atleta mulher, nem com o fato de que a vitória de um homem numa competição feminina rouba a possibilidade de vitória de uma mulher, tirando dela o lugar que ela merece.

O decreto da Casa Branca teve reflexos nas medidas do Departamento de Educação, Departamento de Justiça e outros departamentos federais. Muitos governos municipais também têm proposto e implementado medidas semelhantes. O influente conselho de educação do Condado de Loudoun, que em essência determina as políticas educacionais de todo o estado da Virgínia, está propondo uma lei que levaria as equipes esportivas a permitir atletas trans em todos os esportes.

Em Connecticut, a associação atlética do estado permite que homens compitam em esportes femininos. A consequência? Nos últimos quatro anos, dois atletas homens tiraram mais de 80 oportunidades das meninas. O USA Today tenta minimizaressa injustiça dizendo que as meninas que movem a ação contra os trans haviam derrotado os atletas homens. Na verdade, somente uma delas, Chelsea Mitchell, foi capaz de derrotar o atleta homem.

Além disso, Chelsea nunca ganhou uma corrida na qual havia mais de um homem competindo contra ela e perdeu quatro títulos estaduais sendo a mulher mais rápida da corrida, só porque um homem chegou em primeiro lugar. Além disso, qualquer homem que entre para uma competição estadual ou regional tira o lugar de uma mulher, independentemente da vitória ou não.

No Havaí, a corredora Margaret O’Neal, de 14 anos, perdeu para um homem na única competição do ano, já que a pandemia interrompeu os eventos esportivos logo depois. A mãe de Margaret, Cynthia Monteleone, conhece bem os efeitos desastrosos de se permitir a presença de homens nos esportes femininos. Campeã mundial nas pistas, ela teve de ver um corredor homem vencer sua colega de equipe no Campeonato Mundial Indoor de 2019. Depois que ela expressou sua preocupação quanto presença de homens nos esportes femininos, os cartolas da Federação Norte-americana de Atletismo disseram que era melhor era “ficar de boca calada”.

A National College Athletic Association, que apoia a presença de homens nos esportes femininos, chegou a fazer pressão sobre os legisladores, ameaçando não realizar mais eventos em estados como a Carolina do Norte e a Flórida depois que as assembleias estaduais aprovaram leis protegendo os esportes femininos.

Agora os ativistas de esquerda estão envolvidos também. Oito estados reconheceram a ameaça aos esportes femininos e aprovaram leis protegendo as mulheres. Mas a Human Rights Campaign, a American Civil Liberties Union e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos entraram com ações contra essas leis. Na semana passada, A HRC estou com uma ação contra a lei da Flórida que protege os esportes femininos e anunciou que pretende agir da mesma forma no Tennessee, Arkansas e Mississippi. O Departamento de Justiça se uniu à ACLU para atacar o Arkansas e a Virgínia Ocidental por protegerem mulheres e meninas.

Nada disso se enquadra na narrativa do USA Today. Se a presença de homens nos esportes femininos não é um problema, por que os ativistas trans e seus aliados, a começar pela Casa Branca, se esforçam tanto para perseguir, ameaçar e silenciar todos os que ousar questionar se obrigar mulheres a competir com homens é algo justo.

A realidade fora dos Estados Unidos

O problema não se restringe aos Estados Unidos. Com as Olimpíadas de Tóquio no horizonte, a presença de homens nos esportes femininos de repente ganhou as manchetes internacionais.

No fim de junho, durante as seletivas para os Jogos, um levantador de peso de 43 anos venceu Kuinini (“Nini”) Manu’mua, uma menina de 21 anos, e entrou na equipe feminina da Nova Zelândia. Depois que as atletas reclamarem do fato de um homem de meia-idade ter tirado a oportunidade de uma atleta asiática, elas foram silenciadas. Tracey Lambrechs, levantadora de peso neozelandesa, disse ao Daily News que, ainda que muitas mulheres acreditem que é injusto que um homem faça parte da equipe olímpica feminina, “não há nada o que possamos fazer, porque sempre que tentamos falar nos mandam ficar quietas”.

Essas atletas sabem que competir contra homens é injusto. Anna Van Bellinghen, levantadora de peso belga e que disputará as Olimpíadas de Tóquio, disse que, ainda que apoie o direito individual de uma pessoa se identificar como trans, permitir que um homem compita contra mulheres “é uma piada de mau gosto”. Ela disse que “essa situação específica é injusta para com o esporte e as atletas” e que “todos os que treinam levantamento de peso em alto nível sabem que isso é uma inverdade inegociável”.

Depois que Nini Manu’mua perdeu seu lugar na equipe da Nova Zelândia, seu país de origem, Tonga, recorreu ao Comitê Olímpico e garantiu a Nini a oportunidade de concorrer por Tonga. Essa é uma boa notícia para ela, mas a questão permanece: por que as atletas deveriam ter de apelar para conseguir uma medida de exceção para entrar numa competição feminina? Por que Nini, uma jovem, teve de sofrer a exclusão da sua equipe e precisou encontrar outra equipe enquanto um homem entrou sem dificuldades para a equipe feminina da Nova Zelândia?

Apesar de tantas palavras gastas, o USA Today e os ativistas trans não têm resposta para isso.

O USA Today quer que os norte-americanos achem que isso não é um problema. Mas as ações agressivas da administração de Biden, a ACLU, as autoridades da Virginia, a NCAA e o Comitê Olímpico – para citar uns poucos – derrubam o argumento. Assim como a experiência das mulheres que tiveram seus sonhos roubados por atletas homens. Por mais que os ativistas tentem, o truque não poderá durar para sempre.

Christiana Holcomb é advogada da Alliance Defending Freedom, que representa Chelsea Mitchell e outras atletas que buscam proteger os esportes femininos.

©2021 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês
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