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Don EmmerEm entrevista, o senador Bernie Sanders defendeu o aborto como uma forma de conter o crescimento populacional e evitar o aquecimento global.t / AFP
Em entrevista, o senador Bernie Sanders defendeu o aborto como uma forma de conter o crescimento populacional e evitar o aquecimento global.| Foto: Don Emmert / AFP

O articulista Aaron Blake, do Washington Post, diz que os republicanos estão distorcendo a fala do senador Bernie Sanders, apesar de reconhecer que o senador se distancia dos outros democratas em sua opinião sobre o controle populacional. Não vejo distorção.

Como Blake cita a entrevista, vou citar também:

Entrevistador: Boa noite. O crescimento da população mais do que dobrou nos últimos 50 anos. O planeta não é capaz de suportar esse crescimento. Sei que é um tema complicado para políticos, mas é fundamental enfrentá-lo. Dar poder às mulheres e ensinar a todos a necessidade de conter o crescimento populacional parecem ser campanhas sensatas. Você teria coragem de discutir o problema e transformar a catástrofe climática num assunto central do seu plano de governo?

SANDERS: Bom, Martha, a resposta é sim. E a resposta tem tudo a ver com o fato de que as mulheres nos Estados Unidos têm o direito ao controle de seus corpos e a tomar decisões reprodutivas.

E o Acordo do México, que nega ajuda norte-americana às organizações mundial que permitem que as mulheres abortem ou usem controle de natalidade, para mim, é absurdo. Então acho que, sobretudo nos países pobres, onde mulheres não querem ter muitos filhos e onde elas podem ter a oportunidade de controlar a quantidade de filhos por meio do controle de natalidade, isso é algo que apoio.

O argumento de Blake é de que os críticos de Sanders estão dizendo que ele gostaria de ver mais abortos nos países pobres como uma forma de conter o crescimento populacional, sendo que ele apenas teria dito que os países pobres deveriam ter a oportunidade de usar “controle da natalidade”. Acho que o problema desse argumento é que Sanders a) concordou que conter o crescimento populacional deveria ser um item fundamental de um plano contra as mudanças climáticas e b) ele disse claramente que o acesso ao aborto tinha “tudo a ver” com essa ideia. A inferência aqui – a de que Sanders acha que todas as pessoas do mundo deveriam ter acesso ao aborto e que ele acha que essa medida é necessária, em parte, para controlar a população – não exige grandes saltos de raciocínio.

Blake escreve que “como a reação à resposta de Sander mostrou, os inimigos do aborto veem uma conexão inerente entre o controle populacional e um aumento no número de abortos”. A mim me parece que foi o próprio Sanders quem associou o controle populacional ao aborto. Se o acesso ao aborto ajuda no controle populacional, esse controle não seria feito por meio de um aumento na quantidade de abortos?

O articulista diz ainda que “os ativistas antiaborto dizem que o financiamento dado a organizações que fazem abortos pode legitimar a prática ou dar apoio indireto ao aborto, mas esse argumento é diferente de dizer que Sanders apoia o aborto de bebês pobres para controlar a população”. Aqui, Blake está citando o Comitê Nacional Republicano. Mais uma vez, porém, Sanders defende que se contenha o crescimento populacional, diz que o aborto tem “tudo a ver” com isso e está preocupado sobretudo com o crescimento populacional nos países pobres.

O último comentário de Blake neste sentido: As pessoas podem pensar várias coisas a partir do fato de que [Sanders] evocou as “decisões reprodutivas” em sua resposta, mas ele nunca disse que acha que os Estados Unidos devem apoiar o aborto como forma de controle populacional”. Claro que Blake não está questionando o fato de que, quando políticos que defendem o aborto subsidiado e legalizado fazem referência ao “direito das mulheres de controlarem seu próprio corpo e tomarem decisões reprodutivas”, eles estão reforçando essa posição.

Ramesh Ponnuru é editor da National Review, colunista do Bloomberg Opinion, bolsista do American Enterprise Institute e do National Review Institute.

© 2019 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês

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