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Enquanto o governo sofre para cumprir suas funções mais básicas, empresas se unem num verdadeiro esforço de guerra contra a Covid-19.
Enquanto o governo sofre para cumprir suas funções mais básicas, empresas se unem num verdadeiro esforço de guerra contra a Covid-19.| Foto: AFP

Em tempos de crise, os norte-americanos não ficam esperando que o governo os salve.

Em certos círculos intelectuais dos Estados Unidos, virou moda difamar o livre mercado, culpando o “capitalismo tardio” por todos os problemas econômicos de todos os norte-americanos. “Capitalismo tardio” virou a expressão usada para ofender qualquer prática empresarial que pareça criada para privilegiar as grandes empresas em detrimento do cidadão comum.

Mas neste momento em que nosso país enfrenta o coronavírus, estamos vendo como as empresas norte-americanas se oferecem para ajudar. Grandes e pequenas empresas estão tentando fazer sua parte para ajudar os Estados Unidos a combaterem a Covid-19. Veja só esses exemplos:

  • O CEO da MyPillow, Mike Lindell, anunciou semana passada que 75% da produção da empresa será modificada para a fabricação de máscaras.
  • A AK Wet Works, de Seabrook, no Texas, uma pequena empresa que fabrica tintas e revestimentos industriais, está usando seu conhecimento para higienizar espaços públicos e outras empresas. “Tivemos essa ideia de usar nossos jatos e criar um vapor com desinfetante para esterilizar as coisas ao nosso redor”, disse o gerente de operações Dennis Hotz.
  • A destilaria Young & Yonder, de Healdsburg, na Califórnia, está fabricando álcool em gel e doando-o aos consumidores que vão à empresa. “A comunidade tem sido incrível. Muitas pessoas que vêm acabam também comprando uma ou duas garrafas de bebida”, disse Sarah Opatz, que fundou a Young & Yonder com seu marido em 2013, de acordo com o jornal Press Democrat de Santa Rosa, na Califórnia. “Isso está mantendo nosso negócio vivo. Só queremos que todos se protejam. Temos os meios de produção e os insumos”.
  • A General Motors, Ford e Tesla estão aumentando a produção de respiradores.

Helen Raleigh, do site The Federalist, reuniu uma lista incrível com exemplos de outras empresas que se ofereceram para ajudar durante a crise, incluindo empresas de moda que mudarão a linha de produção para fabricarem máscaras aos milhões e redes de farmácias, entre elas a CVS e a Walgreens, que estão abrindo locais móveis de exames de Covid-19.

Uma coalizão de CEOs lançou a campanha “Impeça o Contágio” para organizar empresas a fim de resolver problemas específicos da sociedade durante a pandemia de Covid-19.

A Brooks Brothers, que normalmente fabrica ternos e outros itens de vestuário, produzirá máscaras e vestimentas médicas. A Flex Ltd., uma rede de suprimentos e indústria, está aumentando a produção de ventiladores e equipamentos de proteção. Muitas outras empresas estão se juntando à iniciativa.

A Parkdale Mills Inc. se reuniu a um grupo de indústrias têxteis para aumentar a produção de máscaras e outros equipamentos semelhantes.

“É uma época de crise, do tipo que muitas pessoas nunca viram desde as guerras mundiais e a Guerra do Vietnã”, disse um porta-voz da Parkdale Mills em entrevista ao Daily Signal. “E, nessa situação, somos convocados a agir. Quem vai se apresentar, resolver um problema e fazer a coisa certa? Estamos fazendo nosso melhor pelo país”.

Também importante numa hora de estresse e de profundas incertezas é o fato de que inúmeras empresas estão fazendo todo o possível para ajudar os funcionários, sendo que muitos deles estão diante da possibilidade de perderem seus empregos e salários.

O dono da Federico’s Pizzeria & Restaurant, em Belmar, Nova Jersey, está lidando com a quarentena em seu estado fazendo um empréstimo de US$50 mil para continuar pagando os funcionários.

“Simplesmente parecia a coisa certa a fazer”, disse Bryan Morin, dono da pizzaria. “Não queria que eles se preocupassem com minha hipoteca. Não queria que eles tivessem de se preocupar com o aluguel, as contas, o plano de saúde e outras coisas”.

O restaurante ainda faz entregas, mas o risco de os empregados adoecerem e acabarem isolados continua alto.

“Só fiz esse empréstimo para garantir que meus funcionários continuem pagando suas contas. Você tem de cuidar dos seus funcionários”, disse Morin. “Sem seus funcionários, sua empresa não existe”.

A cervejaria Smuttynose, de Hampton, New Hampshire, foi obrigada a fechar e fazer apenas entregas, mas decidiu manter e pagar o salário integral dos funcionários durante a pandemia.

“Achamos que era uma decisão extremamente importante”, disse Andrew Hart, diretor da Smuttynose de acordo com a Seacoastonline. “Havia muita incerteza aqui e estamos na posição de cuidar financeiramente dos nossos funcionários da melhor forma possível”.

Há várias outras histórias como essa nosso país, já que empresas e patrões fazem o melhor para enfrentar a tempestade.

Esforço de guerra

A paralisação total da economia norte-americana tem poucos precedentes, se é que tem algum. No máximo é possível comparar a situação de agora com a da Segunda Guerra Mundial, quando praticamente toda a economia estava voltada para o esforço de guerra.

Durante o conflito, o poder do governo norte-americano foi ampliado, como acontece agora com a pandemia de coronavírus. Mas a força dos Estados Unidos na guerra, e em qualquer outro momento, não reside no poder de seu governo.

A genialidade do esforço de guerra norte-americano estava no fato de não contar com o governo para satisfazer todas as necessidades do país. Em vez disso, o governo agia apenas como uma forma de transportar os recursos para a linha de frente. O país, por sua vez, usou o aumento da produção privada e a tendência natural dos norte-americanos de usarem toda a sua energia para resolver um problema em tempos de crise.

Assim como na década de 1940, incontáveis empresas, grandes e pequenas, agora estão se oferecendo tanto para ajudar a combater o inimigo invisível quanto para socorrer os norte-americanos que estão sofrendo física e financeiramente.

Essa é a genialidade do sistema de livre mercado e é por isso que ele é mais bem-sucedido do que, digamos, o socialismo. As empresas e as pessoas livres são capazes de reagir rapidamente às necessidades da sociedade.

Quando a necessidade é grande, a reação é maior e muito mais eficiente do que seria a de um sistema estatal. Em momentos de crise nacional, o sistema norte-americano se destaca.

Durante a Segunda Guerra Mundial, a indústria automobilística deixou de fabricar carros e passou a produzir tanques, aviões e outras armas de guerra. Os resultados foram incríveis.

Edsel Ford, que era o presidente da Ford Motor Co. na época, prometeu que a indústria seria capaz de produzir um bombardeiro por hora em suas instalações em Willow Run, Michigan. E conseguiu mesmo, em 1944. Foi incrível.

Hoje a Ford está fazendo uma mudança semelhante em sua linha de produção – não fabricando bombardeiros, e sim respiradores para os pacientes da Covid-19. A Ford está firmando uma parceria com a General Electric para produzir 50 mil respiradores em 100 dias, de acordo com o New York Times.

“Assim como a Ford, no século passado, deixou de produzir carros para produzir tanques na Segunda Guerra Mundial, a equipe atual está trabalhando em conjunto com a GE Healthcare para usar seu incrível poder de engenharia e capacidade de produção para ajudar o país a resolver seu problema mais grave”, disse o coordenador da Lei de Produção de Defesa, Peter Navarro, em nota.

Nessa época de crise, muitos serão os que clamarão por socialismo ou outras medidas radicais como resposta ao que nos aflige nesse momento. Alguns, como a publicação Jacobin Magazine, pedem a nacionalização e a tomada, por parte do governo, da Amazon e outras empresas.

Mas a Amazon e o Walmart, os caminhoneiros e os funcionários dos supermercados e incontáveis outras profissões que compõem nossa incrível cadeia de suprimentos têm mantido o país alimentado, enquanto o governo sofre para cumprir seus deveres mais básicos em meio a essa pandemia.

Embora muitos possam usar a situação para atacar nossa economia de livre mercado, a realidade é que, embora muitas empresas acabem dizimadas, daremos a volta por cima com base na inteligência dos norte-americanos e sua capacidade de ressurgir depois que a pandemia do coronavírus passar.

Está na hora de ignorar os detratores. Para derrotar a Covid-19 precisamos que o governo e as empresas unam forças – assim como as comunidades e os indivíduos. A iniciativa privada, como aconteceu no passado, exercerá um papel fundamental na recuperação dos Estados Unidos.

Jarrett Stepman é colaborador do Daily Signal e coapresentador do podcast The Right Side of History.

© 2020 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês
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