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A esquerda e a imprensa manipulam os rótulos a seu bel prazer. E o pior é que os conservadores aceitam jogar de acordo com essas regras.
A esquerda e a imprensa manipulam os rótulos a seu bel prazer. E o pior é que os conservadores aceitam jogar de acordo com essas regras.| Foto: Pixabay

De certa forma, deve ser divertido ser de esquerda. Fazer pressão por políticas que parecem socialmente justas sem se importar como elas realmente funcionam (ignorando os horrores que a esquerda causou ao longo da história) facilita muito as coisas. E parece divertido também.

Seguir o que seu coração diz e esperar pelo melhor pode ser libertador. Mas os esquerdistas devem se divertir mais ao se sentarem ao redor de uma mesa para falar sobre como os conservadores falam.

A linguagem, claro, é fundamental para o debate político. A esquerda entende isso melhor do que a direita. A esquerda também conta com a ajuda da imprensa, que sempre, que insiste em usar a linguagem preferida da esquerda.

Para citar um exemplo, se a esquerda gosta de usar a palavra “pró-escolha” e a direita prefere “pró-aborto”, a imprensa sempre usará “pró-escolha”. Por outro lado, se a direita prefere ser chamada de “pró-vida” e a esquerda prefere defini-la como “antiaborto”, a imprensa novamente usará a terminologia esquerdista e se referirá ao lado pró-vida como “antiaborto”, por mais que a direita não use o termo para se descrever.

A escolha dos termos usados pode mudar o resultado do debate. A esquerda entende isso. Essa se atém a isso incansavelmente, e a esquerda — com a ajuda da imprensa — é detentora dos termos usados em praticamente todos os debates políticos.

Um dos melhores exemplos é a fixação da direita pelo uso da expressão “grande imprensa” para definir a imprensa progressista nos Estados Unidos. Não há, claro, nada de grandioso na visão de mundo de muitas das redações progressistas do país.

“Extinguir a polícia” não é um sentimento grandioso, mas está presenta a muitas redações dos EUA. Fingir que as manifestações são pacíficas. Abrir as fronteiras. Fingir que creches são gastos de infraestrutura. Fingir que a história norte-americana é dominada pelo racismo. Nenhuma dessas são visões de mundo da maioria dos norte-americanos, mas são opiniões que dominam as redações da chamada “grande imprensa”.

Na política, uma vez que você aceite que seu oponente faz parte do lado majoritário e você está à margem, o debate já está perdido. Ainda assim, conservadores adoram falar sobre os horrores da chamada “grande mídia”, como se ela fosse majoritária.

Acho que, para eles, o “grande” e o “majoritário” são sinônimos de “progressista”. Claro que isso não é verdade. Não sei direito como tudo isso funciona, mas é difícil pensar em algo mais estúpido, e até conservadores inteligentes fazem isso. Os esquerdistas devem se sentar à noite, bebendo e rindo ao perceber que seus oponentes aceitaram jogar segundo as regras deles sem motivo algum.

Outro exemplo é a moda atual de usar a palavra “progressista” como substituta de “esquerdista”. O rótulo de “esquerdista” pega mal. Lembre-se disso quando os políticos se disserem “progressistas com orgulho”.

George McGovern governou como “esquerdista” e foi rechaçado por isso. O termo virou um palavrão na política. George H.W. Bush chamou seu oponente, Michael Dukakis, de “esquerdista”. Desde então, os políticos nacionais buscam se afastar do rótulo.

Ao contrário dos conservadores, os esquerdistas entenderam a importância da linguagem. Eles viram que sua rotulagem estava toda errada. Os esquerdistas eram, em essência, perdedores nas eleições nacionais. Assim, eles mudaram o rótulo para “progressista”. E quem não quer ser progressista? Qual o contrário disso? Regressista?

A parte mais divertida da tentativa dos esquerdistas de se redefinirem como “progressistas” é ver quem cede a isso sem nem perceber. Leia qualquer publicação conservadora e você encontrará toneladas de referências a “progressistas”, palavra usada puramente como sinônimo de “esquerda”. A esquerda deve adorar saber como é fácil ganhar o debate.

A ironia é que o uso mais intenso da linguagem na nossa história política surgiu com os republicanos.

O sistema tributário dos Estado Unidos cobra de pouquíssimas pessoas impostos muito altos. A maioria dos estados têm um limite estatutário, mas norte-americanos ricos e algumas empresa familiares pagam altos impostos. Os republicanos tentaram lutar contra isso por muitos anos. Eles só conseguiram alguma coisa depois que um consultor político rebatizou a iniciativa de “impostos de morte”. Quem é a favor de impostos de morte? Ninguém. Essa mudança na linguagem abriu caminho para o fim de vários impostos. É assim que a linguagem funciona na política.

Quando as políticas estão em descompasso com o que pensa o norte-americano médio, ser capaz de usar “progressista” em vez de “esquerdista” e ter o endosso da imprensa para isso é o cenário ideal. Por algum motivo, os conservadores estão felizes fazendo o jogo deles.

Neil Patel cofundou o Daily Caller e a Daily Caller News Foundation.

©2021 Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês 
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