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Vista do lago Maracaibo, no estado de Zulia, na Venezuela, impregnado de resíduos de petróleo vazado pela estatal PDVSA, sucateada pelos governos de Chávez e Maduro.
Vista do lago Maracaibo, no estado de Zulia, na Venezuela, impregnado de resíduos de petróleo vazado pela estatal PDVSA, sucateada pelos governos de Chávez e Maduro.| Foto: EFE/MIGUEL GUTIERREZ

Saúde pública para todos. Salário mínimo digno. Preservação da Amazônia. Liberdade de expressão. Valorização da educação e dos professores. Direito de se manifestar contra os poderosos. Abaixo a ditadura militar!

Esses são tópicos frequentes do discurso da esquerda no Brasil. Fazem parte do programa de partidos como PT, PSB, PDT, PCdoB, PCO, PCB e PSOL, dos quais muitos já demonstraram apoio explícito ou inspiração em países como Coreia do Norte, China e Venezuela. A deputada federal e presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, manifestou suporte à ditadura de Nicolás Maduro diversas vezes. Lula, em 2005, disse: “Eu não sei se a América Latina teve um presidente com as experiências democráticas colocadas em prática na Venezuela.” E complementou afirmando que essas experiências se tratavam de “democracia em excesso”.

O apoio não se limitou a declarações desastradas de Hoffmann e de Lula. Durante o governo do ex-presidiário, foram emprestados US$ 1,5 bilhão (equivalente a R$ 8,36 bilhões na cotação atual) para o país vizinho. A Gazeta do Povo apurou que a ditadura de Maduro tem 42 parcelas desse empréstimo em atraso. Resumindo: deram o calote no Brasil.

Seja com palavras ou com dinheiro, o apoio dado pela esquerda brasileira à Venezuela serve como uma boa medida da distância entre o discurso e a realidade. Confira a seguir o que os partidos de esquerda pregam no Brasil e o que acontece de verdade no país vizinho, onde há “excesso de democracia”.

Mortes causadas pela ditadura 

O discurso da esquerda no Brasil: Existe uma justa indignação contra as 434 mortes causadas pela ditadura militar (dados do relatório final da Comissão Nacional da Verdade) que ficou no poder entre 1964 e 1985, embora poucos na esquerda admitam que o objetivo da luta armada não era restaurar a democracia no Brasil, e sim instaurar uma ditadura comunista.

O que acontece na Venezuela: O PT, que critica o período ditatorial brasileiro (mas não critica a ditadura fascista de Getúlio Vargas) apóia a ditadura assassina de Nicolás Maduro. Somente entre 2015 e junho de 2017, de acordo com relatório divulgado pela Anistia Internacional, houve 8.200 execuções extrajudiciais — um número 18 vezes maior do que o de mortos e desaparecidos durante a ditadura militar no Brasil. Nenhum partido de esquerda brasileiro se manifestou condenando as mortes causada pelo regime madurista.

Desastre ambiental

O discurso da esquerda no Brasil: A defesa da natureza é uma das principais bandeiras da esquerda, que politizou e instrumentalizou o debate ecológico a seu favor. Queimadas e desmatamento na Amazônia são usados para enfraquecer os governos adversários perante a comunidade internacional. Convenientemente, esquecem de obras como a usina hidroelétrica de Belo Monte, gestada durante os governos do PT, que se mostrou um desastre do ponto de vista energético e ecológico.

O que acontece na Venezuela: A PDVSA, a companhia estatal de exploração de petróleo da Venezuela, entrou em decadência após Hugo Chávez ascender à presidência. Aos poucos, engenheiros e técnicos foram substituídos por indicados políticos. O apadrinhamento político praticamente destruiu a empresa. Plataformas de petróleo, sem os reparos adequados, passaram a vazar constantemente, poluindo lagos como o Maracaibo e acabando com o sustento dos ribeirinhos. Nos últimos dez anos foram registrados quase 46 mil vazamentos de petróleo e poluentes na Venezuela. Por causa da grave crise econômica pela qual passa o país, o desmatamento aumentou graças a demanda de lenha para cozinhar. E, para completar, a crise também impulsionou o garimpo ilegal no Sul do país, com terríveis consequências ambientais.

Salário mínimo 

O discurso da esquerda no Brasil: No congresso nacional, os parlamentares de esquerda criticam a reposição do salário mínimo seguindo apenas a inflação, e entre as propostas nas campanhas eleitorais estão aumentos irreais.

O que acontece na Venezuela: Qualquer venezuelano se torna milionário ao receber o salário mínimo do país: 10 milhões de bolívares.  Pena que o valor, equivalente a R$ 19, não seja suficiente para comprar nem 1 kg de carne.

Saúde pública 

O discurso da esquerda no Brasil: “Viva o SUS!”, bradam políticos de esquerda que têm planos de saúde de primeira linha bancados pelo povo. Valorizam o sistema de saúde “universal” brasileiro, que deixa os pobres na fila por exames durante meses e faz com que a classe média sofra com altos impostos e gaste grande parte do salário pagando por planos privados.

O que acontece na Venezuela: Na maior parte dos hospitais do país falta água, eletricidade e insumos básicos. De acordo com reportagem publicada pela Gazeta do Povo em março de 2020, quando a pandemia ainda estava no início, uma pesquisa feita entre novembro de 2018 e setembro de 2019 em 104 hospitais de 22 Estados venezuelanos mostrou que ao menos 70% dos hospitais tiveram fornecimento de água apenas uma ou duas vezes por semana e 63% reportaram falta de energia elétrica, causando 164 mortes devido a esses problemas. Para piorar, durante a pandemia, o ditador Nicolás Maduro propôs à população soluções milagrosas contra a Covid-19, como uma infusão de extrato de tomilho que ele diz ter sido elaborada por cientistas venezuelanos.

Direitos dos presidiários 

O discurso da esquerda no Brasil: Deputados de partidos como o PSOL e PT frequentemente denunciam a violação de direitos humanos no sistema prisional brasileiro. Mas se calam sobre as graves violações cometidas pela ditadura madurista porque compartilham da mesma ideologia.

O que acontece na Venezuela: A ONG Observatório Venezuelano de Prisões (OVP) denunciou a falta de acesso à água potável e a alimentação insuficiente dada aos presidiários. De acordo com a ONG, ser detido na Venezuela, onde a taxa de ocupação das prisões é de 177%, é “uma sentença de morte”. Novamente, não se tem notícia de nenhum protesto formal dos partidos de esquerda do Brasil contra estas violações aos direitos humanos.

Liberdade de expressão  

O discurso da esquerda no Brasil: Para a esquerda brasileira, o atual governo é quase uma ditadura, mesmo que todas as liberdades individuais estejam preservadas. Na verdade, os únicos presos por crime de opinião no Brasil foram figuras identificadas à direita no espectro político, como o deputado Daniel Silveira e o ex-deputado Roberto Jefferson.

O que acontece na Venezuela: De acordo dados divulgados em 2021 pela ONG Foro Penal, há 276 presos políticos na Venezuela. Ainda segundo a ONG, foram 15.734 detenções por motivos políticos desde 2014. Em agosto do ano passado, um desses presos, Gabriel Medina Díaz, morreu por falta de atendimento médico. Um caso reportado pela Gazeta do Povo ilustra bem o nível de autoritarismo e violação dos direitos humanos cometido pela ditadura venezuelana. A juíza María Lourdes Afiuni ousou contrariar o então ditador Hugo Chávez em uma decisão. Saiu do tribunal diretamente para a prisão, onde foi estuprada, e ainda perdeu o útero e precisou ter a vagina e o ânus reconstruídos por causa das violências sofridas. Hoje vive em prisão domiciliar. Mais uma vez, silêncio absoluto da esquerda brasileira.

Valorização da educação  

O discurso da esquerda no Brasil: Dizem valorizar a educação, mas sindicatos de professores no Brasil são usados politicamente para enfraquecer governantes de partidos que não são de esquerda. Greves são comuns em escolas e universidades públicas, prejudicando a parcela mais pobre da população, que não tem condição de matricular os filhos em instituições particulares.

O que acontece na VenezuelaO salário dos professores universitários é o pior do mundo, equivalente a US$5 ( R$27 reais na cotação atual), causando êxodo de docentes e alunos. Além disso os professores, para poderem se sustentar, precisam ter dois empregos, já que o que ganham não é suficiente para colocar comida na mesa.

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