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Lula e o presidente do Estado de Israel, Shimon Peres (1923-2016), durante visita oficial a Israel (Foto:
Ricardo Stuckert / Presidência da República)
Lula e o presidente do Estado de Israel, Shimon Peres (1923-2016), durante visita oficial a Israel (Foto: Ricardo Stuckert / Presidência da República)| Foto:

Será Luiz Inácio Lula da Silva o primeiro brasileiro a receber um prêmio Nobel? Nunca, em 118 anos de existência da escolha anual de pessoas que se destacaram em suas áreas de atuação, qualquer pessoa nascida no Brasil foi o escolhido – somadas as categorias Paz, Física, Química, Medicina, Economia e Literatura, já foram premiadas 935 pessoas e organizações.

Na verdade, indicar uma pessoa a um prêmio Nobel é relativamente simples. O comitê organizador distribui (e fornece em seu site) formulários para centenas de formadores de opinião. Acontece de grupos formarem abaixo-assinados, que não são reconhecidos pelo comitê organizador, mas podem mobilizar formadores de opinião habilitados a sugerir nomes, incluindo vencedores do prêmio em outros anos, membros de governos de estados soberanos, integrantes do Tribunal Internacional de Haia, reitores universitários, professores universitários de história, ciências sociais, direito, filosofia, teologia e religião e diretores de institutos ligados à busca pela paz.

Leia mais: Lula merece o prêmio Nobel

No caso de Lula, bastou Adolfo Pérez Esquivel preencher a ficha indicando o ex-presidente brasileiro. Em 1988, por exemplo, o então presidente do país, José Sarney, apresentou pessoalmente a indicação da religiosa Irmã Dulce.

As fichas com as sugestões são enviadas até o fim de janeiro de cada ano e então cada uma delas é avaliada até outubro, quando os vencedores são anunciados. Ao longo desse processo, a lista é reduzida para uma versão menor, com no mínimo cinco e no máximo 20 nomes, que são revisados. Os jurados debatem essa lista e buscam alcançar o consenso – quando ele não acontece, a escolha se dá por votação.

A entrega dos prêmios ocorre em dezembro. Mas pode acontecer de o comitê decidir que ninguém mereceu vencer o Nobel da Paz naquele ano – a honraria não foi entregue em 20 ocasiões, a mais recente delas em 1972.

Centenas de nomes

A seleção do vencedor é realizada por quatro instituições. A Academia Real das Ciências da Suécia seleciona os ganhadores em Física, Química e Economia, o Instituto Karolinska elege o ganhador do prêmio de Medicina e a Academia Sueca de Letras escolhe o vencedor em Literatura. Quanto ao prêmio da Paz, é resultado da seleção realizada pelo Comitê Nobel Norueguês, composto por cinco pessoas indicadas pelo Parlamento do país. Os jurados têm mandato de seis anos e podem se apresentar para uma reeleição.

O indicado pode nem mesmo concordar com a sugestão, mas, para ter direito à honraria, precisa estar vivo pelo menos até o dia do anúncio do vencedor. Os nomes sugeridos são mantidos em segredo pelo comitê por 50 anos, a não ser que os próprios responsáveis pela indicação divulguem suas candidaturas – o que é muito comum.

Ser indicado ao Nobel da Paz não coloca a pessoa, necessariamente, em boa companhia: ao longo da história, até mesmo o líder nazista Adolf Hitler e o polêmico presidente americano Donald Trump já foram recomendados ao comitê (veja mais no quadro).

Todos os anos, mais de 300 de nomes são enviados ao comitê, para cada uma das categorias. Cabe ao vencedor do Prêmio Nobel da Paz uma medalha, um diploma e o valor de 10 milhões de coroas suecas, o equivalente, na cotação atual, a R$ 4 milhões. Em muitos casos, o nome escolhido pelo comitê foi bastante questionado.

Indicações polêmicas

Já foram recomendados ao comitê que escolhe o Nobel da Paz:

  • Adolf Hitler: Indicado em 1939, ano em que o prêmio não foi entregue.
  • Benito Mussolini: O governo italiano apresentou seu nome, também em 1939.
  • Josef Stalin: Recomendado pelo governo da Rússia em 1945 e 1948.
  • Vladimir Putin: O presidente russo foi indicado em 2017.
  • Donald Trump: O nome do presidente americano também foi apresentado em 2017.

Vencedores contestados

Nem sempre a escolha é bem aceita pela comunidade internacional

  • Cordell Hull (1945): Liderou a criação da Organização das Nações Unidas. Mas, em 1939, Hull era secretário de estado do presidente americano Franklin D. Roosevelt e usou sua influência para impedir que um navio com 950 judeus fosse autorizado a entrar nos Estados Unidos. A embarcação voltou à Europa, onde um quarto dos fugitivos morreria em campos de concentração.
  • Henry Kissinger (1973): Diante da notícia de que o secretário de estado americano havia sido o escolhido, o jornal The New York Times usou a expressão “Prêmio Nobel da Guerra”. Kissinger dividiria o prêmio com o líder do Vietnã do Norte, Lê Đức Thọ, que recusou a honraria porque, em suas palavras, tais “sentimentalidades burguesas” não o interessavam. Temendo protestos, Kissinger, de trajetória e retórica muito afastadas do pacifismo, não compareceu à cerimônia de entrega do prêmio.
  • Yasser Arafat (1994): A tentativa de paz em Israel levou o presidente da Organização para a Libertação da Palestina a ser agraciado ao lado do então primeiro-ministro de Israel, Yitzhak Rabin, e do chanceler israelense Shimon Peres. Revoltado com a indicação de Arafat, cujo nome estava ligado a uma série de atentados terroristas, um dos cinco jurados, o norueguês Kaare Kristiansen, renunciou ao cargo.
  • Barack Obama (2009): A escolha surpreendeu porque fazia apenas 12 dias que ele havia assumido o posto de presidente dos Estados Unidos. O próprio Obama se declarou surpreso, mas aceitou o prêmio. Ao longo de seus dois mandatos, ele contribuiria para aumentar a instabilidade no Oriente Médio e se tornaria o primeiro chefe do Poder Executivo do país a passar todos os dias de seu governo em guerra.

Brasileiros indicados

Alguns dos nomes que o comitê que escolhe o vencedor do prêmio já avaliou

  • Barão do Rio Branco, advogado e diplomata (1911)
  • Afrânio de Melo Franco, advogado e promotor público (1935, 1937 e 1938)
  • Oswaldo Aranha, advogado e político (1948)
  • Raul Fernandes, jurista (1953 e 1954)
  • Marechal Rondon, indigenista (1953 e 1957)
  • Josué de Castro, médico e político (1953, 1963, 1964 e 1965)
  • Dom Hélder Câmara, religioso (1970, 1971, 1972 e 1973)
  • Chico Xavier, religioso (1981 e 1982)
  • Irmã Dulce, religiosa (1988)
  • Herbert de Souza, sociólogo (1994)
  • Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança (2006)
  • Maria da Penha, farmacêutica e militante (2017)

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