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Longe do crime: estudo mostra que ao estarem empregados, ganhando seu próprio dinheiro, os adolescentes passaram a achar a alternativa criminosa menos atraente
Longe do crime: estudo mostra que ao estarem empregados, ganhando seu próprio dinheiro, os adolescentes passaram a achar a alternativa criminosa menos atraente| Foto: Pixabay

Uma das cidades mais afetadas pela violência nos Estados Unidos, Chicago tem mais homicídios e vítimas de tiroteios que Nova York e Los Angeles juntas, de acordo com dados de 2016. Nas últimas duas décadas, mais de 33 mil jovens foram presos acusados de fazerem parte de gangues. Muitos deles com menos de 10, 11, 12 anos de idade. A saída encontrada pela prefeitura foi criar um programa de empregos de verão com duração de oito semanas voltado para os adolescentes que moravam nos bairros mais pobres e perigosos da cidade.

Os adolescentes foram acompanhados durante anos pelo Laboratório do Crime da Universidade de Chicago. O resultado do estudo publicado em 2014 no respeitado periódico científico Science mostrou que os empregos surtiram efeito na vida daqueles jovens: nos 16 meses seguintes aos empregos de verão, houve 43% a menos de prisões por crimes violentos entre os jovens que trabalhavam do que entre o grupo controle que não estava empregado.

Fizeram parte do estudo 1.634 estudantes de 13 escolas, a maioria com notas medianas, e 20% deles já haviam sido presos e outros 20% haviam sido vítimas de crimes. Os resultados mostraram que, ao estarem empregados, ganhando seu próprio dinheiro, os adolescentes passaram a achar a alternativa criminosa menos atraente. Mesmo após as oito semanas que durava o programa, os participantes mantiveram-se afastados do crime.

De acordo com os autores do estudo, além de ser uma intervenção de baixo-custo para o Estado, o programa demonstrou que houve alterações permanentes no comportamento dos adolescentes. “As descobertas deixam claro que tais programas não precisam ser extremamente caros para favorecer os jovens em situação de risco; políticas de emprego bem direcionadas e de baixo custo podem fazer uma diferença substancial, mesmo para um problema tão destrutivo e complexo quanto a violência juvenil”, diz o estudo.

Um programa de menor duração conduzido em Boston em 2015, cujos resultados foram publicados ano passado, mostrou o mesmo declínio na criminalidade entre jovens que passaram o verão trabalhando. O estudo mostrou que nos 17 meses seguintes ao programa houve uma queda de 35% de crimes violentos e de 57% de crimes à propriedade entre os participantes. Ou seja, os jovens se afastaram dos crimes não apenas durante o programa. O emprego de verão mudou profundamente seu comportamento.

De acordo com a autora do estudo, Alicia Sasser Modestino, os resultados mostram que houve uma melhora das habilidades sociais por meio do programa. “Essas habilidades incluem a capacidade de regular as emoções e resolver conflitos.”

Brasil

O Atlas da Violência, que é produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base nos dados oficiais do Sistema de Informações Sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde, mostra que que há uma maior probabilidade de ocorrência de homicídios entre os homens mais jovens — 55% dos homens vítimas de homicídio têm entre 15 e 29 anos. No caso das mulheres, o pico de idade das vítimas de homicídio no Brasil vai dos 18 aos 30 anos.

No Brasil, o trabalho só é permitido a partir dos 14 anos (fruto de normas da Organização Internacional do Trabalho, adotadas pela maioria dos países), e em circunstâncias especiais. O maior programa Jovem Aprendiz, única opção de trabalho para adolescentes de 14 a 16 anos, emprega 115 mil jovens em todo o país.

Cerca de 23% da população brasileira é composta por jovens, segundo o IBGE. Destes, 52,5% estão ocupados.

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