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Criança de apenas 6 anos já teria dado sinais de que era trans aos 2, quando a mãe vestiu nela uma cueca.
Menina de apenas 6 anos já teria dado sinais de que era trans aos 2, quando a mãe vestiu nela uma cueca.| Foto: Reprodução/ Instagram

“Oi, meu nome é Maurício*, vim falar sobre visibilidade trans”. As palavras saem atropeladas. Na frase seguinte, é possível notar que um “j” soa como um “z”. São problemas de dicção comuns em crianças pequenas. Nada fora do normal: Maurício tem apenas seis anos de idade. A diferença é que, neste caso, a criança nasceu menina - e, biologicamente, continua sendo uma menina. Uma menina que, criada por um casal lésbico que milita na causa LGBT, passou a se identificar como um menino e se transformou, ao mesmo tempo, em um outdoor para causas ideológicas radicais e uma fonte de renda. Aos seis anos de idade.

A plataforma onde Maurício se exibe para o mundo é o Instagram. Primeiro problema: a rede social só permite perfis de pessoas acima dos 13 de idade. Ainda assim, a conta da criança, que se identifica como “blogueirinho”, atingiu 15 mil seguidores em poucos meses (a página foi lançada em maio, quando ela tinha cinco anos). A marca foi celebrada com uma postagem em vídeo: “Eu estou muito feliz, muito obrigado para todes”. A criança evita usar a palavra “todos”, um cacoete de militantes que enxergam machismo na gramática convencional.

Maurício é criado por duas mulheres. A pessoa que se identifica como mãe da criança, Jaciana Batista Lima, mora em Fortaleza e afirma ser “lésbica e militante”. O grau de exposição da criança na rede social é elevado. Em uma das postagens, por exemplo, a mãe publicou uma foto em que a menina aparece usando uma cueca quando tinha dois anos de idade. Jaciana escreveu: “Esse dia jamais posso esquecer. Você tinha dois anos e deixei você usar a cuequinha do seu irmão”.

Em outra publicação, a criança exibe um documento, emitido pelo governo do Ceará, com o nome social masculino (embora, no registro de nascimento, Maurício continue sendo menina). “Ele começou a transição dele um mês antes da pandemia”, afirma a mãe, em um dos vídeos publicados pela página. Na época, a criança tinha cinco anos.

A mãe já anunciou que, quando completar 8 anos, a garota passará a ingerir medicamentos que bloqueiam a puberdade - e que têm consequências irreversíveis sobre o desenvolvimento natural do corpo humano. “Para um menino trans, a puberdade começa com 8 anos de idade, e assim então a gente vai começar com o bloqueador”, afirma Jaciana, com naturalidade. Ela também afirma que criou o perfil da criança para “Maurício” poder “realizar o sonho dele de ser blogueiro”.

Mas uma visita à página revela outro interesse: a mãe pretende lucrar financeiramente com a exposição da criança. “Alguém aqui já monetizou o Instagram? Se sim pode me dizer como devo fazer?”, perguntou ela, em uma postagem feita em 31 de janeiro. Na verdade, a mulher parece já ter começado a ganhar dinheiro com o perfil. Para divulgar uma loja dedicada a produtos para transexuais, a página sorteou uma “fita tape”, usada para comprimir os seios em garotas que se identificam como garotos, e um vidro de minoxidil, que estimula o nascimento de pelos e, assim, ajudam a criar uma aparência masculina. A postagem ultrapassou os 750 comentários.

Para a psicóloga Akemi Shiba, a situação como um todo é preocupante - a começar pela exposição da criança nas redes sociais. “Ela sendo uma influencer, está recebendo validação, ou críticas com as quais ela não tem maturidade para lidar”, afirma.

Além disso, a adoção de uma identidade pública como transexual pode causar confusão em uma fase da vida que costuma ser marcada por mudanças rápidas. “A criança está em desenvolvimento de sua identidade - que não é só gênero. Às vezes a criança tem um problema de identidade, ou está apenas se desenvolvendo, e as pessoas por vezes encaixam tudo como se fosse uma questão de gênero. Além disso, existe uma certa pressão cultural neste sentido”, afirma ela.

As pesquisas científicas sobre o tema apontam que, das crianças que acreditam ser transexuais, cerca de 70% mudam de ideia com o passar do tempo. O problema é que, como pretende fazer a mãe de Maurício, muitos pais adotam terapias hormonais e intervenções físicas que deixam sequelas irreversíveis no corpo e na mente dessas crianças.

A Gazeta do Povo fez contato com Jaciana, mas ela não respondeu aos questionamentos da reportagem. Após o envio das perguntas, ela mudou a identificação da página: em vez de exibir apenas o nome da criança, o perfil agora aparece identificado como “Mãe de Maurício”. O conteúdo, entretanto, continua o mesmo.

* Não incluímos link para a conta no Instagram e usamos um nome fictício para proteger a privacidade da criança.

Conteúdo editado por:Paulo Polzonoff Jr.
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