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Depois de anunciar o fim de uma tradição natalina, o prefeito de Bordeaux sugere que quem discordar dele é fascista.
Depois de anunciar o fim de uma tradição natalina, o prefeito de Bordeaux sugere que quem discordar dele é fascista.| Foto: Pixabay

Na França, curiosamente, o anticlericalismo parece ter sobrevivido a seu inimigo, o clericalismo. A Igreja Católica não é uma força política ou social há muito tempo. Na boca dos iluminados, a redução “cato”, de “católico”, é dita com desdém, como se a pessoa à qual ela se aplica fosse um ser reacionário e primitivo, quando não um pétainiste [como são chamados os defensores do marechal Pétain] explícito. A filha mais velha da Igreja cortou praticamente todas as conexões com sua Mãe, mas não deixou de se opor a ela.

Até mesmo as mais sutis expressões de cristianismo são repreendidas. O prefeito de Bordeaux, Pierre Hurmic, que pertence ao partido dos ecologistas, decidiu que, ao menos este ano, a cidade não erguerá sua tradicional árvore de Natal – que ele chama de “pinheiro morto” – na praça principal. Sem dúvida, é uma medida tomada para evitar a crueldade contra as árvores.

Disso resultou uma revolta imediata, com uma petição online que reuniu 12 mil assinaturas. Muitos dos signatários, contudo, não eram de Bordeaux, e sim de cidades distantes como Lille. Hurmic disse que não estava interessado na opinião da fascistosfera – a porção da Internet e das redes sociais na qual os fascistas se expressam.

Em outras palavras, alguém que não vê motivo para abandonar o que a maioria das pessoas considera uma tradição inofensiva, cuja conexão doutrinal com o cristianismo talvez seja bastante tênue, hoje é automaticamente visto como alguém que participaria de um comício de Mussolini.

Não se discute com fascistas; eles só podem ser ignorados ou repreendidos. E, como todos os que discordam do prefeito são fascistas por definição, não há motivo para se discutir nada com ninguém. A repressão é a forma mais elevada de argumentação.

Theodore Dalrymple é colaborador do City Journal, membro do Manhattan Institute e autor de vários livros.

© 2020 City Journal. Publicado com permissão. Original em inglês
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