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Dois políticos pró-vida do Partido Democrata – um pássaro cada vez mais raro – participaram da Marcha pela Vida em Washington na sexta-feira (18) e criticaram as lideranças de seu partido por aquilo que eles veem como um tiro no pé: voltar as costas aos eleitores pró-vida que se sentem excluídos pelo partido.

O representante Dan Lipinksi, que fez um discurso inflamado defendendo a vida dos nascituros, classificou a visão unilateral dos democratas como “um grande problema para o partido”.

“Acredito que o partido se prejudica tremendamente a si mesmo ao acenar que não está aberto a quem é pró-vida, aos eleitores pró-vida”, disse o parlamentar de Illinois durante a marcha.

“Sei também que há muitas pessoas que vem até mim o tempo todo e me dizem que são pró-vida”, complementou, sublinhando que algumas dessas pessoas são seus próprios eleitores. “Elas querem ser democratas, mas não sentem que o partido as aceita”.

“Isso é terrível para o partido”, disse. “Essas pessoas se sentem marginalizadas pelo partido”.

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A liderança democrata tem se batido para alinhar a questão da abertura para candidatos e eleitores pró-vida em suas fileiras. O presidente do Comitê Nacional Democrata, Tom Perez, disse no ano passado que é “inegociável” que “cada democrata, como cada norte-americano, deve apoiar o direito da mulher de fazer a sua escolha a respeito de seu corpo e de sua saúde”. Já a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, contrariou em seguida essa filosofia, dizendo que “é claro” que o partido tem espaço para democratas pró-vida.

Uma pesquisa da Reuters/Ipsos realizada no ano passado mostrou que 32% dos eleitores do partido acreditam que o aborto deva ser “geralmente ilegal” ou não têm uma posição definida sobre o assunto. Lipinski ressaltou o dado.

“Acho que ir além é difícil, mas estou aguentando firme”, disse ele, em resposta a se era difícil obter financiamento do partido por causa de seu posicionamento pró-vida.

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O veterano parlamentar, que é um dos líderes da bancada pró-vida da Câmara, representa o distrito sudoeste de Chicago desde 2005. A área é socialmente conservadora, mas elege democratas para o Congresso desde 1974 e apostou no senador Bernie Sanders nas primárias democratas de 2016 para a presidência.

Lipinski conquistou um 8º mandato nas eleições de novembro, virando o jogo em uma primária inesperadamente difícil contra a candidata Marie Newman, que era apoiada pelas poderosas ONG pró-aborto NARAL Pro-Choice America e Emily’s List. O Partido Democrata até mesmo se recusou a endossá-lo nas primárias.

“Se acontecer outra primária, estou pronto”, disse.

“O objetivo do movimento pró-vida é ajudar especialmente as mulheres e as crianças mais vulneráveis”, afirmou ele.

“Há ainda tantas coisas que os grupos pró-vida fazem pelas mulheres e pelas crianças, cuidando delas. Com certeza, é algo que precisamos garantir que mais pessoas saibam a respeito”.

“Veja bem, eu sou democrata porque acredito que o governo precisa ajudar as pessoas que de alguma forma necessitam. E, para mim, proteger o nascituro é parte disso”, explicou. “Tudo se encaixa para mim”. 

Outro membro pró-vida do partido que atua no Legislativo, a representante estadual Katrina Jackson, de Louisiana, ateou fogo nos congelados participantes da marcha na sexta-feira.

Ela concordou que o partido precisa se revolucionar para ser mais aberto aos eleitores pró-vida. “Acredito que há muitos mais democratas pró-vida no país do que a nossa fama supõe”, disse ela ao National Review. “Só estamos começando a fazer ouvir nossa voz para além do nível nacional do partido”.

“Sou de um distrito que é 60% democrata e cerca de 90% dos democratas do meu distrito, que eu represento, são pró-vida”, disse ela. “Eles não falam muito sobre isso. O eleitor em geral não diz: ‘Ei, eu sou pró-vida’. Eles são simplesmente cristãos, amam o Senhor e não creem no aborto”.

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A respeito da disposição do partido em financiar um democrata pró-vida, Jackson, que é advogada, disse: “Eu nunca vi dinheiro do partido”.

“Não que eu ache que financiamento partidário é errado. É que estou em uma área em que levantamos fundos naturalmente”, explicou.

Em 2014, Jackson foi alvo de ataques por parte da gigante do aborto Planned Parenthood quando apresentou um projeto de lei que estabelecia que os médicos de Louisiana só poderiam realizar abortos fora de seus locais fixos de trabalho se tivessem privilégios de admissão em outro lugar – e apenas em hospitais próximos.

Uma ex-diretora de uma unidade da Planned Parenthood na região, Melissa Flournoy, foi obrigada a renunciar ao cargo depois de dizer que gostaria que alguém “chutasse a bunda” de Jackson.

A respeito de quem se sente contrariado com uma democrata pró-vida, Jackson afirma: “Respeito seu ponto de vista. Não significa que eu concorde sempre, mas respeito seu ponto de vista. Mas não vou negociar meus valores por causa de política”.

“Presto contas antes de tudo a Deus”, disse ela. “Fui sincera quando disse que antes de ser democrata, antes de ser negra e antes de ser mulher, sou cristã”.

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O senador republicano Steve Daines, de Montana, também discursou durante a marcha e comemorou os últimos trabalhos bipartidários no campo da legislação pró-vida. “É maravilhoso ver o apoio dos dois partidos e nos faz reconhecer que precisamos mais disso”, disse Daines aos repórteres na marcha. “Tenho um respeito enorme por meus colegas”.

Os senadores democratas Bob Casey, da Pensilvânia, e Joe Manchin, de West Virginia, votaram com os republicanos na quinta (17) em um projeto de lei que pretendia proibir permanentemente o repasse de fundos públicos a abortos – uma condição que é renovada todos os anos em votações orçamentárias, mas que não chegou a virar lei. Mesmo com o apoio dos democratas, o projeto não conseguiu alcançar os 60 votos necessários para ir avante.

No entanto, Daines está esperançoso com o futuro da legislação pró-vida e disse que o Senado ganhou mais membros pró-vida na última eleição, inclusive do outro partido. “Não vamos desistir dessa batalha”, afirmou ele. “Vamos permanecer na ofensiva tanto diante de juízes quanto de políticas públicas”.

Tradução de Felipe Sérgio Koller.

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