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Leis draconianas, dedos-duros e uma imprensa conivente. A liberdade nunca esteve tão em risco nos Estados Unidos.
Leis draconianas, dedos-duros e uma imprensa conivente. A liberdade nunca esteve tão em risco nos Estados Unidos.| Foto: Pixabay

Ao longo de toda a minha vida, tenho ignorado paranoias à direita (“os Estados Unidos estão avançando rumo ao comunismo”) e à esquerda (“Pode acontecer aqui” — referindo-se ao fascismo). Não que eu acreditasse que a liberdade era uma garantia. Conhecendo bem a história e ser um pessimista em relação à condição humana, nunca acreditei nisso.

Mas a facilidade com que táticas de um Estado policialesco estão sendo empregadas e a facilidade com que boa parte dos norte-americanos está aceitando isso são impressionantes.

As pessoas dirão que um Estado policial temporário é justificado por conta da ameaça supostamente ímpar imposta pelo coronavírus. Acho que os dados não corroborarão isso. Ainda assim, concordemos ao menos que estamos mais próximos de um Estado policial do que jamais estivemos na história norte-americana.

“Estado policial” não significa um Estado autoritário. Os Estados Unidos não são um Estado totalitário. Ainda temos muitas liberdades. Num Estado totalitário, esse artigo não poderia ser publicado e, se fosse clandestinamente publicado, eu poderia ser preso ou executado. Mas estamos atualmente vivendo num mundo com as quatro características do Estado policial:

1 Leis draconianas que tiram dos cidadãos direitos civis básicos

Os governos federal, estadual e municipal estão restringindo praticamente todas as liberdades, exceto as de trânsito e de expressão.

Os norte-americanos foram proibidos de trabalharem (e, portanto, de ganharem a vida), de se reunirem em grupos (dentro e fora de casa ou de estabelecimentos), de se reunirem dentro do carro nos estacionamentos das igrejas e de entrarem em propriedades do Estado, como praias e parques – entre várias outras proibições.

2 A imprensa apoia a supressão de direitos e as mensagens do Estado

O New York Times, CNN e todos os principais veículos de imprensa — exceto a Fox News, The Wall Street Journal (somente editoriais e artigos de opinião) e alguns programas de entrevista no rádio — aderiram à causa do controle estatal sobre o indivíduo assim como o Pravda servia ao governo soviético.

Na verdade, assim como no Pravda não há opiniões dissidentes no New York Times. E as plataformas das grandes empresas de tecnologia estão excluindo postagens sobre o vírus e tratamentos que eles consideram “equivocados”.

3 Uso da polícia

Os departamentos de polícia de todo os Estados Unidos concordaram em aplicar essas leis e decretos que só pode ser descrito como um entusiasmo assustador.

Depois de me ouvir falando sobre a polícia dando lições de moral ou até prendendo pessoas por jogarem beisebol com os filhos na praia, correndo sem máscara ou indo à igreja na Páscoa, mas ficando dentro do carro, um policial ligou para meu programa de rádio.

Ele explicou que a polícia não tem escolha. Eles têm de responder a todos os chamados que recebem. “E por que eles estão sendo mandados para averiguar uma pessoa correndo na praia ou sentada sozinha num parque?”, perguntei.

Porque o departamento de polícia tem que tratar essas pessoas como descumpridoras da lei. “E quem mandou que a polícia visse essas pessoas como descumpridora da lei?”, perguntei.

A resposta que ele deu nos traz à quarta característica de um Estado policial:

4: Dedos-duros

Como os policiais ficam sabendo que há pessoas descumprindo as leis, como famílias jogando bola num parque, corredores sem máscaras, etc.? Eles ficam sabendo disso graças a denúncias dos cidadãos.

O prefeito da cidade de Nova York, Bill de Blasio, abriu um “canal de denúncias” para o qual os nova-iorquinos podem enviar fotos de seus concidadãos que estejam violando as leis de quarentena.

O prefeito de Los Angeles, Eric Garcetti, também estimulou as denúncias, usando desavergonhadamente o termo “dedo-duro”.

Acredita-se que 1 em cada 100 cidadãos da Alemanha Oriental eram informantes da Stasi, a polícia secreta daquele país, como retratado no belo filme “A Vida dos Outros”. Seria interessante e, acho, importante saber a porcentagem de nova-iorquinos que têm dedurado seus concidadãos.

Agora você pode mais uma vez pensar que tais comparações não são moralmente válidas, que o pedido de De Blasio para que os nova-iorquinos ajam como agentes da Stasi é moralmente justificado por causa da pandemia do coronavírus. Mas você não pode negar que é algo semelhante à Stasi e que, a não ser pelo trabalho de identificação de espiões durante a Segunda Guerra Mundial, trata-se de algo sem precedentes na história norte-americana.

Na última sexta-feira (24 de abril), me reuni com mais seis pessoas para um jantar em Santa Mônica, na Califórnia. No meu programa de rádio, anunciei que faria isso e que, se fosse preso, teria valido a pena.

Nem nos meus sonhos mais pessimistas imaginei que, nos Estados Unidos, um jantar na casa de amigos pudesse ser visto como um ato de desobediência civil e até como um crime. Mas é justamente isso o que acontece num Estado policial.

Acredito que isso é apenas um sinal do que está por vir porque muitos norte-americanos não parecem incomodados. A força dominante no país, a esquerda, apoia essas medidas e um dos dois grandes partidos políticos foi tomado pela esquerda radical.

Os democratas e seus apoiadores até já anunciaram que usarão o poder do Estado para impor qualquer lei capaz de combater a crise “existencial” ainda maior do aquecimento global.

No site da CNN, num dos artigos mais assustadores e fanáticos numa era de fanatismo, Bill Weir, principal correspondente para assuntos de clima da CNN, escreveu uma carta aberta a seu filho recém-nascido.

Nela, ele descreveu seu futuro idealizado dos Estados Unidos: “formas completamente novas de energia, alimentação, construção, transporte, economia e política”. Não se consegue isso sem um Estado policial.

Se você ama a liberdade, tem de saber que ela nunca esteve tão em risco desde a fundação do país. E isso significa que, desta vez, um voto num democrata é um voto no fim da liberdade.

Dennis Prager é colunista do Daily Signal, radialista e criador da PragerU.

©2020 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês
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