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A humanidade está vivendo o melhor momento de sua trajetória | Pixabay
A humanidade está vivendo o melhor momento de sua trajetória| Foto:

Pergunte a pessoas comuns, de todos os continentes, se a vida é melhor hoje do que antigamente, e a resposta vai variar bastante. O instituto Pew de pesquisas foi a campo em fevereiro a julho de 2017 e descobriu que as coisas hoje são piores do que há 50 anos na opinião de 72% dos venezuelanos, 68% dos mexicanos, 51% dos argentinos, 50% dos italianos e 49% dos brasileiros (no caso do Brasil, outros 35% dizem que o mundo melhorou, e os demais 16% disseram que não sabiam julgar).

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Já em muitos outros países, a maioria pensa o contrário: estamos melhor no século 21 segundo 88% dos vietnamitas, 69% dos indianos e 65% de japoneses, turcos e alemães. Na média global, 43% das 43 mil pessoas pesquisadas, de 38 diferentes países, acham que o mundo está melhor, enquanto que 38% consideram que está pior — e os demais 19% não sabiam dizer.

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A verdade é que existem motivos objetivos para cravar: a humanidade está vivendo o melhor momento de sua trajetória. Confira dez indicadores que comprovam que não temos, como espécie, nenhum motivo para saudosismo.

1. Fazemos menos guerra

Quem acha o mundo atual violento pode lembrar que, há um século, em novembro de 1918, chegava ao fim da Primeira Guerra Mundial, que deixou um saldo de 40 milhões de mortos. Para não ficar apenas na comparação com grandes conflitos planetários, basta lembrar que, entre 1945 e 1975, israelenses e árabes guerrearam quatro vezes. Índia e Paquistão, três. Coreia e Vietnã foram devastados. Ocorreram guerras civis e insurgências na Indochina, na Algéria, no Congo Belga, na Nigéria, na Grécia, na Indonésia, na Hungria. Neste momento, existem 12 guerras em curso, contra 23 há 30 anos.

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E mais: o número de armas nucleares no planeta alcançou o pico em 1986, quando havia 64.449 artefatos. Em 2014, já eram 10.145. Se em 2016 perderam a vida 87.432 pessoas, vítimas de guerras entre nações, em 1984 haviam sido 237.032 vítimas. Em 1950, haviam sido mais de meio milhão de mortos, ou 546.501 pessoas. O total de genocídios e assassinatos de civis em massa também caiu. Entre as décadas de 1950 e 1990, o percentual de países que atacou seus próprios cidadãos oscilou entre 15% e 20%. Desde então, despencou e não passa dos 5% há uma década.

2. A pobreza diminuiu

Em 1820, 94,4% das pessoas que habitavam o mundo viviam em condições que hoje definimos como de extrema pobreza. Isso mesmo: apenas 5,4% da humanidade não podia ser considerada miserável. A situação atual está completamente invertida. São 9,6% dos seres humanos vivendo em extrema pobreza. Em 1970, ainda eram 60,1%. Na mesma medida, a renda média anual global, por pessoa, disparou: de US$ 446,47 em 1960, para US$ 10.172,22 em 2015. Um aumento de 22,78 vezes.

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Sinal de que a produção de riquezas aumentou, e sua distribuição melhorou. Dois países, em especial, ajudaram a melhorar as estatísticas à medida que suas populações – gigantescas – melhoraram de vida: China e Índia, que deram um salto de geração e compartilhamento de renda a partir dos anos 1980.

3. A alimentação melhorou

A quantidade de pessoas passando fome no mundo caiu 39% desde 1990. A produtividade da agricultura foi multiplicada nas últimas décadas. O Brasil, por exemplo, aumentou a sua à taxa de 3,6%, por ano, entre 1975 e 2010. A distribuição de alimentos ainda é irregular, e o desperdício segue um problema, mas o fato é que come-se mais, e melhor, do que nunca.

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A situação tende a continuar melhorando: a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação calcula que, em 2050, a quantidade de calorias disponíveis por pessoa, por dia, vai passar das 3 mil e terá aumentado em todas as regiões do planeta.

4. A medicina avançou

É infinitamente mais confortável viver numa família de classe D no Brasil do que ser um rei da França no século 15. Desenvolvidas a partir do século 18, as vacinas impedem que crianças sejam afetadas para o resto da vida por doenças como sarambo, rubéola ou paralisia infantil. Até que elas se disseminassem, a humanidade perdeu um terço de suas crianças, em média, independentemente da época e de quão avançadas fossem as civilizações.

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A capacidade de diagnosticar e prevenir problemas de saúde e a evolução de técnicas complexas, que incluem cirurgias cerebrais e transplantes de coração, salvam vidas que, até algumas décadas atrás, se perderiam. Por isso mesmo, se a expectativa de vida média mundial é hoje de 72 anos, em 1960, era de 52 anos. Até 1907, ao longo de toda a história da humanidade, nunca havia superado os 50 anos. Atualmente, em nenhum país do mundo, por mais pobre que seja, ela está abaixo dessa faixa. E a mortalidade infantil vem despencando desde 1990: eram 64,8 mortes por 100 mil nascidos vivos, contra 30,5% registrados em 2016.

5. A rotina é mais confortável

Quando o século 19 terminou, o conceito de fim-de-semana ainda não existia. Trabalhava-se 66 horas, em média, por semana. Eletricidade era luxo — nos Estados Unidos, não mais do que 2% da população tinha acesso a ela. Aliás, em 1990, 28,6% das pessoas do mundo ainda não tinham acesso a luz elétrica – esse indicador agora está em 12,6%. A eletricidade facilitou o acesso a eletrodomésticos, que reduziram o tempo necessário para realizar tarefas domésticas, de 60 para 14 horas semanais.

Ou seja: trabalhava-se por mais horas, e com menos ajuda da tecnologia, tanto na rua quanto em casa. O Fórum Econômico Mundial considera que esse fenômeno, o do surgimento de aparelhos que auxiliam nas tarefas de casa, é a maior revolução tecnológica do mundo no século 20.

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Em consequência desse aumento do tempo livre, em 11 países desenvolvidos, os pais passam com os filhos o dobro do tempo do que há 50 anos. Cada mãe destes lugares passava em média 54 minutos por dia com as crianças. Em 2012, já ultrapassava os 104 minutos.

6. As comunicações melhoraram

Uma pessoa comum de 1968 usava mapas para se locomover e ouvia rádio no carro. Ao chegar em casa, tinha acesso a TV e aparelho de som que tocava LPs. Para fazer ligações de longa distância, precisava pedir ajuda a uma telefonista — e pagava uma fortuna para cada contato.

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Já uma pessoa de 2018 tem no bolso um aparelho capaz de fornecer mapas e rotas de transporte, música e vídeos, câmeras fotográficas e filmadoras. Para localizar qualquer pessoa, de qualquer canto do planeta, basta mandar uma mensagem de aplicativo, que tem o mesmo custo, baixíssimo, independentemente onde as pessoas estejam.

7. Os transportes evoluíram

Um automóvel de 2018 é muito mais seguro do que um veículo de 1918. Neste meio tempo, os pneus, os motores, as janelas e a própria estrutura dos carros evoluíram muito. Por isso mesmo, as chances de morrermos num acidente de automóvel caíram 96% nos últimos 100 anos. A diferença ficou visível quando um crash test colocou um Chevrolet Bel Air 1959 contra um Chevrolet Malibu 2009. Os dois bateram a 64 km/h e o modelo de 2009 ficou muito mais inteiro. Algumas medidas de segurança essenciais ainda são espantosamente recentes. O Brasil só passou a exigir o uso de cintos de segurança, por exemplo, em 1997.

A segurança dos aviões também aumentou. Em 1960, era duas vezes mais fácil morrer dentro de um deles. Aliás, o ano de 2017 foi o mais seguro da história da aviação comercial, com 10 acidentes e 79 mortes, o equivalente a uma vítima fatal para cada 16 milhões de voos. A segurança foi multiplicada, também, em outro departamento: a capacidade de prever desastres naturais reduziu o número de mortos por terremotos, tsunamis, erupções vulcânicas e enchentes em 89%.

8. A poluição é menor

Existem exceções, como o ar de Pequim, Nova Délhi ou a Cidade do México. Mas, em geral, começaram a surtir efeito as décadas de preocupação com o meio-ambiente e as consequentes aprovações de leis e acordos com metas para corporações e países. As emissões de dióxido de enxofre, por exemplo, alcançaram o pico em 1980 e desde então despencaram em quase todos os continentes, com exceção da Ásia. E o número de mortes causadas pela poluição do ar também caiu, de 132,23 óbitos por 100 mil pessoas em 1990 para 99,7 mortes por 100 mil pessoas em 2015.

9. Estamos mais inteligentes e cultos

Apenas 12,5% da população global era alfabetizada no ano 1800. Cem anos se passaram, e o índice havia subido pouco: eram 21,4% de alfabetizados. Foi só de 1980 em diante que se deu o grande salto: já eram 56,05% naquele ano. Na virada do século 21, 81,88% das pessoas do mundo sabiam ler e escrever.

Nossas convicções: Ética e a vocação para a excelência

Em 2014, eram 85,3%. Esse é um crescimento espantoso, resultado de uma aposta global em educação, em um nível nunca antes visto em toda a história da humanidade. A ideia generalizada de que todo ser humano precisa saber ler e escrever é inédita desde que nossa espécie desenvolveu a escrita, cerca de 5 mil anos atrás.

10. A democracia está na moda

Em 2015, mais da metade do planeta (55,8%) vivia governada por regimes democráticos. Desde 1994, esse índice nunca ficou abaixo de 50%. Em 1942, era de apenas 9,41%. Em 1816, não passava de 0,88%. A primeira vez que essa taxa ultrapassou os 30% foi em 1948, e a adoção de regimes democráticos vem aumentando de maneira consistente desde então.

Nossas convicções: O valor da democracia

Se hoje existem 60 autocracias no mundo, há 30 anos eram 85. Dois terços da população mundial já vivem em regimes livres – mais um avanço inédito para nossa espécie.

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