Santo de devoção de Olavo de Carvalho, tema de diversos vídeos de Padre Paulo Ricardo e personagem de várias obras. São Padre Pio de Pietrelcina (nascido em 1887) faleceu neste mesmo dia, 23 de setembro, em 1968, e hoje é celebrada sua festa litúrgica. Trata-se de um dos santos mais famosos do século XX e, portanto, um homem de nosso tempo.
É por isso que os testemunhos de seus milagres são fartos e amplamente documentados. Muitos que conviveram com ele ainda estão vivos e são capazes de atestar, por exemplo, os incríveis fenômenos da premonição, bilocação (estar em dois lugares ao mesmo tempo) e suas curas milagrosas. Sem falar nos seus famosos estigmas — feridas na mão que reproduziam as chagas de Cristo.
Esta vida espetacular foi representada tanto no cinema quanto na literatura. Por isso, para celebrar o padre capuchinho, separamos quatro indicações e, ao final, também uma “contraindicação”.
1. “Padre Pio: Um Santo Entre Nós”, Renzo Allegri (Editora Paulinas, 1999)
O jornalista italiano dedicou nove livros a Padre Pio e este é o mais recomendado para quem é pouco familiarizado com o sacerdote. Como diz o próprio autor na introdução, trata-se de um relato “biográfico por excelência”. As mais de 600 páginas cobrem desde a infância, na pequena cidade de Pietrelcina, até a morte do padre, em San Giovanni Rotondo, ambas na Itália.
Apesar da extensão, o livro é convidativo através de uma linguagem simples e didática. Cada capítulo conta com subdivisões, como “para entender melhor”, “o que ele disse” e o “que disseram acerca dele”. Tratam-se de indicações, frases de Padre Pio e de terceiros que facilitam a compreensão do leitor.
2. “Padre Pio: a História Definitiva”, C. Bernard Ruffin (Minha Biblioteca Católica, 2020)
Obra de mais fôlego, é o passo seguinte para quem quer se aprofundar na vida do santo. Bernard Huffin é um pastor luterano que fez uma das pesquisas mais cuidadosas e detalhadas de Padre Pio. Após o lançamento, o livro logo se tornou um best-seller.
Aqui temos uma bela hagiografia que consegue também decifrar o homem, em todas as suas contradições. São Padre Pio padeceu de imensos sofrimentos e a dúvida quanto aos desígnios de Deus esteve presente em sua jornada. Até porque muitos membros da Igreja Católica o perseguiram, duvidando dos fenômenos a ele atribuídos.
Porém, Padre Pio nunca deixou de amar a “esposa de Cristo”, sempre recebendo com resignação todos os processos instaurados pelo Vaticano. Isso mesmo quando foi proibido de celebrar a missa e atender confissões. Porém, afirmou que “a vontade dos superiores é a vontade de Deus”, demonstrando sua santa humildade.
3. "Padre Pio: Entre o Céu e a Terra" (2000, Prime)
Este é um filme italiano, lançado para a TV, em duas partes, bastante fiel à biografia do santo. Conta com trilha sonora do genial Ennio Morricone e, ainda que seja uma produção de poucos recursos, é muito inspiradora. O filme é dirigido por Giulio Base e tem Michele Placido como protagonista.
A interpretação de Placido apresenta um Padre Pio incapaz de aceitar seus dons milagrosos. Desde que os revelou, iniciou-se uma idolatria em torno dele, o que provocou a desconfiança de muitos clérigos. Um dos poucos que ficaram a seu lado foi seu diretor espiritual Padre Benedetto, que ganha no filme uma interpretação carismática de Marco Messeri.
4. "Padre Pio: O Santo de Pietrelcina" (2000, YouTube)
São Padre Pio foi beatificado, por São João Paulo II, em 3 de Maio de 1999 e por isso tantos filmes foram lançados logo depois. Também para a televisão, e em duas partes, temos aqui um filme superior, disponível gratuitamente no YouTube, especialmente pela atuação visceral de Sergio Castellitto.
Dirigido por Carlo Carlei, é baseado no livro de Renzo Allegri, e consegue capturar a devoção desesperada e apaixonada de Padre Pio, tanto por Jesus Cristo quanto por Nossa Senhora. Devoção que persiste até o fim, mesmo diante de suas grandes dores. A cena da missa, em que o santo a celebra de joelhos, por causa da dor, é uma imagem perfeita do que ele foi: um servo de Deus.
5. "Padre Pio" (2022, Prime, Google Play, Youtube e Apple TV)
Dirigido pelo americano Abel Ferrara (O Rei de Nova York, 1990; Vício Frenético, 1992), a mais nova produção sobre Padre Pio é talvez a pior delas. Ainda que conte com mais recursos, o filme ítalo-alemão é basicamente uma inconsistente justaposição de cenas e se perde logo no meio.
Para além desta deficiência formal, temos uma propaganda ideológica escancarada, para não dizer sacrílega. O cristianismo é comparado com socialismo, Karl Marx com Jesus Cristo e o foice e martelo com a cruz. São Padre Pio é instrumentalizado e se torna um simples padre amedrontado.
Porém, o ator principal, Shia LaBeouf (Transformers, 2007; Corações de Ferro, 2014), após estudar para interpretar o franciscano capuchinho, se converteu. Quem sabe seja Deus operando de formas que escapam à nossa compreensão, como Padre Pio tantas vezes percebeu durante sua vida.
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