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Skye Savren-McCormick, 3 anos, foi a daminha de honra do casamento de Hayden Ryals, que doou a medula óssea para Skye em 2016 para ajudá-la a combater a leucemia. | Patrick Martin — Washington Post
Skye Savren-McCormick, 3 anos, foi a daminha de honra do casamento de Hayden Ryals, que doou a medula óssea para Skye em 2016 para ajudá-la a combater a leucemia.| Foto: Patrick Martin — Washington Post

Assim que Hayden Hatfield começou a andar pelo corredor, seus olhos se fixaram em sua pequena madrinha de honra. 

A noiva pensou em sua conexão especial com a menina — anos antes, ela havia doado sua medula óssea para ajudá-la a combater uma forma rara de leucemia infantil. Elas mantiveram contato por meio de cartas, telefonemas, brinquedos e bugigangas enviadas pelo correio. Foi como se fossem da mesma família. Agora que Hatfield ia se casar, significava tudo para ela ter a garotinha de três anos ao seu lado durante a cerimônia, em 9 de junho. 

"Eu não queria tirar os olhos dela", disse sobre o momento em que viu Skye Savren-McCormick esperando no altar da Igreja Batista de Shiloh em Hartford, Alabama. 

"Sabendo que ela não estava apenas lá, mas que ela fazia parte deste evento por mim, eu me senti muito agradecida. Eles simplesmente não entendem o quão importante são para mim", disse sobre Skye e seus pais. 

Hatfield, agora Hayden Ryals, 26 anos, registrou-se como doadora de medula óssea em 2015 — em um momento que ela estava indecisa, mudando sua graduação na Universidade de Auburn e ainda tentando decidir o que queria fazer com sua vida e quem ela queria ser. Quase exatamente um ano depois, ela recebeu um telefonema a informando que era compatível com uma criança anônima de um ano de idade, a muitos quilômetros de distância. 

"Eu comecei a questionar se havia um propósito aqui", disse. "Esse telefonema me deu um propósito."  

Depois que Skye nasceu em 2015, ela desenvolveu pequenas manchas, conta Todd Savren-McCormick, pai da menina. Os hematomas acabaram desaparecendo, mas depois voltaram, e Skye continuou ficando doente. Quatro dias antes de seu primeiro aniversário, depois de meses de consulta e exames médicos e perguntas não respondidas, Skye foi diagnosticada com leucemia mielomonocítica juvenil, uma forma rara e agressiva de câncer no sangue, de acordo com a Sociedade de Leucemia e Linfoma dos EUA. 

Ela precisava de um transplante de medula óssea. 

Então, em 28 de julho de 2016, os médicos do Alabama extraíram parte da medula óssea de Ryals e, no dia seguinte, os médicos da Califórnia a transplantaram para a corrente sanguínea de Skye. 

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Seria um longo caminho para a recuperação. O pai de Skye, de Ventura, Califórnia, disse que sua filha desenvolveu uma infecção bacteriana e seu baço foi removido devido a complicações do câncer. Ela então precisou de um segundo transplante — o que foi possível porque Ryals havia doado medula óssea suficiente para dois procedimentos. 

Então, enquanto Skye estava se recuperando do segundo transplante de medula óssea, um de seus olhos começou a inchar e os médicos diagnosticaram uma segunda forma de câncer — desordem linfoproliferativa pós-transplante. Tinha atacado a pálpebra, os dois lados do pescoço, o peito e a coluna vertebral. 

Ela precisava de quimioterapia, o que acabou com sua medula óssea — o que significa recorrer a outro transplante. 

Como há regulamentações sobre doações, eles retornaram ao registro nacional e encontraram outro doador — desta vez, usando células-tronco do sangue periférico em vez da medula óssea. Mas o pai disse: "Se Hayden não tivesse doado sua medula óssea, nossa filha não teria sobrevivido para receber a outra doação." 

Mas Ryals diz que não salvou a criança. 

"Sempre foi o contrário", afirma. "Ela me ajudou. Ela me salvou ... Ela é a verdadeira heroína."

No ano passado, as duas famílias mantiveram bastante contato uma com a outra, mas ainda nunca haviam se encontrado pessoalmente. Em março, Ryals mandou para Skye um presente muito especial para o seu terceiro aniversário — uma boneca Elsa, do filme "Frozen", um cobertor da Poppy de "Trolls" e um convite para o casamento dela. 

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"Eu queria que eles soubessem o quanto eu os amo e o quanto eles são queridos", diz Ryals. Ela mencionou como seria bom para Skye ser sua madrinha. 

O pai de Skye disse que a criança estava com oxigênio na época e lutando contra a doença do enxerto contra o hospedeiro, uma complicação dos transplantes de células-tronco, que ocorre quando as células da medula óssea ou células-tronco do doador atacam o receptor. Mas, perto do casamento, Skye ficou melhor, então eles a levaram para Hartford, Alabama. 

Ryals e Skye se encontraram pela primeira vez na igreja um dia antes do casamento. Ryals diz que, quando ela entrou, ela estava tomada pela emoção. Ela foi até Skye e  caiu de joelhos. 

A mãe de Skye perguntou quem Ryals era e ela respondeu: "Hay-Hay", seu apelido para Ryals. Então ela abraçou Ryals. 

"Foi como um conto de fadas". Ela disse que pensava: "‘Não posso acreditar que estou finalmente conhecendo essa menininha.’ Foi surreal, foi mágico. " 

Em 9 de junho, Skye entrou na capela, pavimentando o caminho com pétalas de flores. 

Ryals afirma que todos choraram. 

"Foi incrível para mim o quanto ela mexeu com todos."

Então Ryals caminhou pelo corredor para se casar com o noivo, Adrian, carregando um buquê com algo de Skye e seus pais — um medalhão de ouro com a foto de Skye dobrada em um lado e uma mensagem gravada no outro: "Este coração bate com o seu." 

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Durante a cerimônia, Skye sentou-se em silêncio nos degraus do altar, brincando com as folhas de uma samambaia nas proximidades e puxando o arco em seu vestido. 

Ryals disse que ela se sente como se conhecesse Skye e seus pais a vida toda. 

O pai de Skye concordou. 

"É como se tivéssemos uma nova família no Alabama”.

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