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Alex Jones, radialista e criador do site InfoWars (Foto: Andrew Harrer/Bloomberg)
Alex Jones, radialista e criador do site InfoWars (Foto: Andrew Harrer/Bloomberg)| Foto: Bloomberg

O Facebook afirmou nesta quinta-feira (02) que baniu várias figuras e organizações de extrema-direita e antissemitas, incluindo o líder da Nação do Islã, Louis Farrakhan; Alex Jones, Milo Yiannopoulos e Laura Loomer, por serem "perigosas", um sinal de que a rede social está reforçando mais agressivamente suas políticas de discurso de ódio sob pressão de grupos de direitos civis.

O Facebook removeu as contas, as páginas de fãs e os grupos afiliados a esses indivíduos depois de reavaliar o conteúdo que eles postaram anteriormente, ou reexaminado suas atividades fora do Facebook, afirmou a empresa.

"Nós sempre proibimos indivíduos ou organizações que promovem ou praticam violência e ódio, independentemente da ideologia. O processo de avaliação de potenciais infratores é extenso e é o que nos levou a nossa decisão de remover essas contas hoje", disse o Facebook em um comunicado.

Nenhuma das pessoas banidas foi encontrada para comentar.

Jones, por exemplo, recentemente recebeu Gavin McInnes, o líder do grupo Proud Boys (Garotos Orgulhosos), considerado como uma figura de ódio pelo Facebook em dezembro. McInnes é um dos fundadores do grupo de mídia Vice e, apesar do seu passado hipster, com o tempo passou a se identificar cada vez mais com a extrema-direita e com o antissemitismo — ele gravou um vídeo intitulado "Dez Coisas que Eu Odeio nos Judeus", posteriormente alterado para "Dez Coisas que Eu Odeio em Israel". Yiannopoulos, outra estrela da direita alternativa nas redes sociais, elogiou publicamente McInnes este ano, e Loomer apareceu com ele em um comício. Jones e Yiannopoulos foram temporariamente banidos antes pelo Facebook e por outras plataformas de mídia social, incluindo o Twitter. Laura Loomer pediu a criação de uma companhia, nos moldes da Uber, que não empregasse muçulmanos como motoristas.

Em fevereiro, a empresa removeu outras 22 páginas associadas a Jones, que, entre outros casos, nega que o massacre de Sandy Hook, na escola da Flórida, tenha acontecido. Seus apoiadores, por sua vez, têm perseguido as famílias das vítimas, que processaram Alex Jones.

Mas o Facebook e outras redes têm resistido em grande parte às proibições permanentes, afirmando que o discurso censurável é permissível, desde que não descambe para o ódio. O Facebook também tem sido cauteloso em ofender a direita, que alega censura injusta sobre seu discurso vinda da empresa.

É provável que as proibições sejam bem-vindas pelos ativistas dos direitos civis, que há muito argumentam que esses indivíduos defendem visões violentas e odiosas e que as empresas do Vale do Silício não devem permitir que suas plataformas se tornem um veículo para disseminá-las.

Angelo Carusone, presidente da Media Matters, uma organização que há muito defende uma maior repressão contra os defensores da supremacia branca, disse que o Facebook tem sido negligente em impor suas políticas contra o discurso de ódio nessas contas porque a empresa não quer lidar com a reação da direita.

"A realidade é que as pessoas estão sendo mortas. Há tiroteios em massa e assassinatos em massa que estão claramente ligados a ideias como o genocídio branco, que estão alimentando a radicalização", disse Carusone. "As condições mudaram. Quando você tem esses grandes momentos catalisadores que estão ligados às consequências da vida real, isso coloca pressão no Facebook e em outros para olharem no espelho."

O Facebook recentemente sinalizou que está disposto a assumir uma postura mais forte contra o nacionalismo branco e a supremacia branca, em particular, embora o caso de Louis Farrakhan, da Nação do Islã, seja o oposto: ele advoga a supremacia negra, mas guarda semelhança com os outros banidos justamente pelo antissetismo. Em março, a empresa disse que começaria a proibir publicações, fotos e outros conteúdos que referissem o nacionalismo branco e o separatismo branco, revisando suas regras em resposta às críticas de que uma brecha permitira que o racismo prosperasse em sua plataforma.

O Facebook disse que começou a reexaminar os números no ano passado, e algumas das atividades e postagens que a companhia disse ter reavaliado aconteceram nos últimos dois anos.

Também está banindo Paul Nehlen, que se descreveu como um "Candidato Cristão Branco" quando concorreu ao Congresso e também foi expulso do site Breitbart News no ano passado por ligações com neonazistas e comentários racistas sobre Meghan Markle, e Paul Joseph Watson, personalidade de extrema-direita e editor do site Infowars. Watson, que ainda está no Twitter, se queixou da expulsão e afirmou não ter violado nenhuma das regras da companhia.

Em outro tuíte, ele também afirmou que as companhias do Vale do Silício se comportam como a ditadura chinesa. "A coisa mais assustadora não é a proibição em si, é a ameaça de que qualquer outra pessoa será banida por falar sobre as pessoas que foram banidas. Isso é aterrorizante. São corporações gigantescas impondo seu próprio sistema de crédito social comunista ao estilo chinês. E os esquerdistas adoram isso."

Algumas das figuras, como Nehlen e Loomer, já havia sido banidas do Twitter.

Madihha Ahussain, conselheira especial contra o fanatismo antimuçulmano, com o grupo de defesa Muslim Advocates, disse que pessoas como Loomer, Jones e Yiannopoulos usaram plataformas de mídia social para transmitir discursos de ódio perigosos e conspirações direcionadas a muçulmanos, judeus e outros.

"Aplaudimos o Facebook por dar esse passo positivo em direção à remoção de atores de ódio das plataformas da empresa", disse ela. "Como vimos em Christchurch, Nova Zelândia — onde um nacionalista branco foi capaz de viver a matança de 50 pessoas em duas mesquitas — plataformas online como o Facebook foram usadas para atingir comunidades e espalhar o ódio".

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