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Na aguardada sequência do mega sucesso, a Disney abandona trama de amor e aposta na política para seduzir crianças e adultos.
Na aguardada sequência do mega sucesso, a Disney abandona trama de amor e aposta na política para seduzir crianças e adultos.| Foto: Divulgação

A fórmula é conhecida. Toda sequência de um filme de sucesso precisa ser grandiosa, complexa e cheia de personagens novos. E mesmo a Disney – o estúdio em que se produz quase que literalmente magia – nem sempre acerta a mão. Se "Toy Story 4" foi um exemplo de como essa fórmula pode ser repetida e aprimorada a cada nova continuação, "Wi-Fi Ralph", a continuação de "Detona Ralph", mostrou que muitas vezes o estúdio também erra. No caso de "Frozen 2", que estreia no dia 2 de janeiro, a definição se houve mais acertos ou erros ainda está em aberto.

O sucesso do primeiro "Frozen" foi estrondoso (é o filme de animação de maior faturamento de todos os tempos). Depois de uma sequência de filmes relativamente mornos – ainda que envolvendo histórias ricas, como "Valente", ou princesas populares, como a Rapunzel de "Enrolados" – finalmente parecia que a Disney tinha reencontrado seu talento. As músicas e o carisma dos personagens remetiam aos bons tempos de clássicos como "A Pequena Sereia", "A Bela e a Fera" ou "Aladdin".

A diferença para aquele momento profícuo do início dos anos 90 é que "Frozen" nasce em uma era em que as repercussões são quase infinitas. Desde as milhares de opções de produtos, os repeats infinitos no streaming, a reprodução dos rostos das personagens em decorações, aplicativos... E, embora a sequência oficial só apareça agora, pelo menos três outros filmes curtos do universo "Frozen" ("Febre Congelante", "Uma Aventura de Olaf" e "Lego Frozen: Luzes Congelantes") fizeram com que seu público não sentisse tanta falta assim da história.

Ainda assim – ou talvez em razão de tudo isso – a expectativa para a continuação era alta. A trama do primeiro filme era relativamente simples: duas princesas irmãs, uma delas tem poder de criar gelo, os pais morrem, no dia da coroação da mais velha – a que tem poderes mágicos – a irmã mais nova apronta e a agora rainha se descontrola e manda seu reino para um inverno eterno. Grande parte da história é a busca pela rainha do gelo que foge para a montanha e o final é um ato de amor entre as irmãs. Até um livro daqueles pop-ups de oito páginas consegue contar a história de uma maneira simples e fácil de entender.

A editora daquele livro agora vai ter um problema sério para contar a história da continuação.

Complexo

"Frozen 2" não é uma história de amor. Podemos chamar de uma aventura, mas o pano de fundo do enredo é bastante maduro: é uma trama política. O roteiro embaralha o conceito de povo bonzinho X povo vilão. E toda uma nova turma de personagens – de indígenas a seres místicos – é apresentada ao espectador.

O ponto de partida da história é a busca pela origem dos poderes mágicos de Elsa. Ao lado de Anna, Kristoff, Sven e Olaf, eles viajam para uma terra distante de Arendelle, mas o desenrolar da história leva alguns personagens para lugares ainda mais remotos. A amplitude também é percebida no envolvimento das várias gerações da família real na trama. Acabamos retornando a eventos pouco explorados no primeiro filme e outros muitas décadas antes da pequena Anna bater na porta fechada da irmã mais velha.

O filme prende a atenção da plateia de crescidos. E tenho certeza que os pequenos também não vão conseguir desgrudar os olhos da tela ao longo da 1 hora e 43 minutos de duração. Mas tenho minhas dúvidas se eles entenderão plenamente do que se trata "Frozen 2". É certo que as inúmeras repetições a que pais e filhos certamente serão submetidos devem esclarecer cada vez mais algumas das questões mais complexas do enredo.

Altos e baixos

A estética do filme é deslumbrante. Ainda mais do que o primeiro. A continuação tem muitas cores, uma floresta mágica e ambientes surreais. Neste aspecto, diria que superou o antecessor de longe. Os figurinos são outro destaque. Você assiste ao filme já vislumbrando aquelas menininhas todas copiando as roupas e os cabelos das irmãs protagonistas.

O quesito em que a sequência fica a quilômetros do original é nos atos musicais. Se o primeiro foi garantia de sucesso pela quantidade músicas “chicletes”, o segundo não conseguiu a mesma proeza. Não são menos espetaculares – o alcance vocal de Idina Menzel é para deixar qualquer um embasbacado -, mas talvez todo o estoque de brilhantismo tenha sido gasto para compor a primeira trilha e suas inesquecíveis" Do You Wanna Build a Snowman", "For the First Time in Forever" e "Let it Go". Mesmo as sequências curtas que vieram entes do 2 tinham músicas mais empolgantes.

O novo filme alterna momentos completamente hilários – quem mais, se não o genial Olaf (Josh Gad) – e outros quase constrangedores com altas doses de vergonha alheia, como uma canção romântica e seu vídeo clipe inspirado em clássicos bregas – ou, como a própria Disney classifica, glam rock – da década de 80.

Prateleiras estocadas

Se a estreia no Brasil acontece com um tanto de atraso em relação a outros países – em quase todo o mundo o filme entrou em cartaz em novembro de 2019 – a chegada dos produtos da franquia aqui não perdeu o timing das vendas de Natal. E toda a riqueza de detalhes que "Frozen 2" explora não passou despercebida pelas marcas de brinquedos, roupas e qualquer outro tipo de produto que estampe o rosto da turma toda.

De Lego a quebra-cabeças passando pelas dezenas de versões das bonecas e suas variadas trocas de roupas, se o sucesso de um filme for medido pela quantidade de vezes que vemos seu nome por aí, o impacto de "Frozen 2" já parece garantir que as sequências não devem parar por aí.

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