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Diante da crise inevitável, políticos repetem erros do passado e voltam a flertar com o keynesianismo fiscal e monetário.
Diante da crise inevitável, políticos repetem erros do passado e voltam a flertar com o keynesianismo fiscal e monetário.| Foto: Pixabay

O coronavírus é uma ameaça real à prosperidade, ao menos no curto prazo, e em boa parte porque ele está provocando uma diminuição do comércio mundial.

O lado bom é que o presidente Trump talvez aprenda que o comércio é na verdade algo muito bom.

Mas uma situação como essa também tem um lado ruim, ao menos quando aquele pessoal de Washington decide que está na hora de uma dose de economia keynesiana.

  • Keynesianismo fiscal – o governo empresta dinheiro e o distribui na esperança de que as pessoas que estão recebendo este crédito gastem mais.
  • Keynesianismo monetário – o governo imprime mais dinheiro na esperança de que taxas de juros menores estimulem o crédito e que os que receberem o crédito gastem mais.

Os críticos alertam, corretamente, que as políticas keynesianas são equivocadas. O gasto maior é consequência do crescimento econômico, e não o gatilho do crescimento econômico.

Mas as pessoas insistem no “remédio amargo” da economia keynesiana porque ele dá aos políticos uma desculpa para comprar votos.

O Wall Street Journal soltou um editorial sobre os riscos de mais estímulos monetários keynesianos.

O Federal Reserve se transformou no médico de todos os males da economia norte-americana e, na terça-feira (16) esse médico financeiro aplicou o que ele espera ser o bálsamo monetário para a ferida econômica do coronavírus. (...) A teoria por trás do corte na taxa de juros parece ser a de que a ação agressiva é o melhor meio de transmitir uma mensagem de garantia econômica. (...) Pode nos chamar de céticos. (...) Ninguém vai pegar um voo para Tóquio só porque o Fed agora está pagando menos pelas reservas excedentes. (...) O maior erro do Fed depois do 11 de Setembro foi ter mantido as taxas em 1% por muito tempo, mesmo depois do corte de 2003. As sementes da bolha imobiliária foram plantadas.

E o editorial também alertava para o estímulo fiscal keynesiano.

Mesmo que a corte temporária nos juros seja o meio encontrado para inundar a economia com dinheiro.

Sendo este um não eleitoral, a classe política também está começando a exigir mais “estímulos” fiscais. (...) Se o sr. Trump cair nessa, ele estará endossando a economia defendida por Joe Biden. Tentamos pôr em prática uma diminuição nos impostos sobre a folha de pagamento durante a era de baixo crescimento da administração Obama, reduzindo a contribuição dos trabalhadores de 6,2% para 4.2% do salário. Isso foi posto em prática em janeiro de 2011, mas a taxa de desemprego permaneceu acima dos 9% durante todo o ano. Cortes temporários nas taxas de juros põem mais dinheiro no bolso das pessoas e pode até aliviar, no curto prazo, a estatística do PIB. Mas o crescimento desaparece rapidamente porque ele não muda para sempre o incentivo a poupar e investir.

Excelentes argumentos.

Cortes permanentes dos impostos dos fornecedores estimulam a prosperidade, ao contrário dos cortes temporários à moda keynesiana.

Levando em conta a divisão política em Washington, não dá para saber se os políticos concordaram em seguir a cartilha do keynesianismo fiscal.

Mas isso não significa que podemos ficar tranquilos. Trump é da política monetária keynesiana e o Federal Reserve está suscetível à pressão política.

Só não espere bons resultados dos truques monetários. Ano passado, bem antes de o coronavírus se tornar um problema, George Melloan escreveu sobre a ineficiência do estímulo monetário.

Os defensores recentes do “estímulo monetário” foram Barack Obama e o presidente do Fed durante sua administração, Ben Bernanke, além de Janet Yellen. (…) o presidente do Fed da era Obama tentou estimular o crescimento “mantendo sua política de taxa de juros zero durante seis anos e meio, até a recuperação da economia, mais do que quadruplicando o saldo do Fed”. E quais foram os resultados disso? Depois do crescimento de 2009, entre 2010 e 2017 e o crescimento foi de 2,2%, em média, bem abaixo da média histórica de 3%, apesar das medidas drásticas do Fed. Os juros baixos certamente estimulam o crédito, mas isso não se traduz em crescimento econômico. (...) O Congresso acredita que o crédito de alguma coisa é mesmo grátis. Assim, hoje pessoas como Elizabeth Warren e Bernie Sanders acham que não há limite para o quanto Tio Sam pode emprestar. O dinheiro fácil não só aumenta os custos da dívida como também estimulam investimentos equivocados. (...) quando Donald Trump pede taxas mais baixas ao Fed, (...) ele faz papel de bobo.

Como o Federal Reserve já diminuiu as taxas de juros, o cavalo keynesiano já saiu da baia.

Dito isso, não espere resultados positivos. A economia keynesiana tem um histórico péssimo (se o keynesianismo monetário e fiscal dessem resultado, o Japão estaria em franco crescimento).

Assim, esperemos que os políticos não se aventurem no keynesianismo fiscal.

Se Trump realmente acha que tem de agir, eu enumerei as alternativas dele no verão passado.

Em resumo, as boas políticas de curto prazo são também as políticas boas de longo prazo.

Daniel J. Mitchell é economista especializado em políticas fiscais, sobretudo reforma tributária, guerra fiscal internacional e gastos públicos.

© 2020 FEE. Publicado com permissão. Original em inglês
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