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Paulo Guedes: “Sejam responsáveis”.
Paulo Guedes: “Sejam responsáveis”.| Foto: AFP

O Brasil acordou em polvorosa hoje com a declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que alguém pode pedir o AI-5 diante da radicalização do discurso da esquerda, especificamente de Lula e do PT, que insiste em sugerir que sua militância importe os protestos violentos que se tem visto no Chile.

A repercussão da fala do ministro, inclusive por parte de autoridades como os presidentes do poder Legislativo e Judiciário, reflete uma das grandes tragédias da educação no Brasil: a incapacidade de se interpretar uma fala ou a transcrição de uma fala. E reflete ainda o quanto a esquerda brasileira, unida em torno de Lula e do PT, está disposta a usar do populismo mais barato, travestido de medo, para recuperar o poder perdido nas urnas.

“Sejam responsáveis. Pratiquem a democracia. Ou democracia é só quando o seu lado ganha?”, perguntou Guedes, numa referência óbvia – e legítima – aos líderes petistas que, depois que o ex-presidente condenado por corrupção e lavagem de dinheiro Luiz Inácio Lula da Silva saiu da cadeia, recrudesceram o discurso de oposição, sonhando com o dia em que as hordas de descontentes saiam às ruas para “quebrar tudo” em nome de uma visão muito particular (e deturpada) de democracia.

A presidente reeleita do PT, a deputada Gleisi Hoffmann, é uma das que, sob influência de Lula, defende a radicalização do partido. “Governo democrático não tem medo de povo nas ruas”, disse ela recentemente, conseguindo a proeza de deturpar o sentido nobre de “governo democrático” e de “povo nas ruas” numa mesma frase. Vale lembrar que essa é a mesma Gleisi Hoffmann que, quando das manifestações que levaram ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, corria para desmerecer os cidadãos que, pacificamente, pediam que aquele desastre ambulante fosse apeado do poder.

Lula, que por uma decisão esdrúxula do Supremo Tribunal Federal está à solta, de microfone na mão e na companhia de figuras como Fernando Haddad, Marcelo Freixo e Guilherme Boulos, também tem conclamado os fiéis de sua religião a abandonarem a disputa política e partirem para a ação. No dia 9 de novembro mesmo, ao ser solto da prisão, Lula disse para seus militantes “seguirem o exemplo” dos chilenos. “A gente tem que atacar, não apenas se defender”, disse o líder populista.

Ou seja, o PT e seus partidos-satélites defendem abertamente uma ruptura democrática no Brasil, com quebra-quebra, mortes e, claro, prejuízos enormes para e economia do país. E isso não causa furor algum. Pelo contrário, tudo isso é visto como apenas um exercício da liberdade de pensamento, manifestação e associação, como a democracia em seu momento de maior exuberância. Agora, quando um ministro de estado alerta para o perigo de uma reação forte, autoritária e totalitária a uma ameaça muito concreta, pronto, está entornado o caldo.

Não é de hoje que a esquerda brasileira está louca para ter um fascismo para chamar de seu. Desde que o presidente Jair Bolsonaro assumiu o poder, são muitos os gritos de “é o lobo, é o lobo!”, sobretudo da classe artística, que insiste em se dizer vítima de arbítrios e censuras – tudo para que possam posar de heróis.

Quando se para para (maldita reforma ortográfica!) pensar, tudo nessa história de resistência e de indignação diante das ameaças antidemocráticas é um faz-de-conta da esquerda. A começar pela preocupação de Lula & cia com os menos favorecidos. Do contrário, o que explica a estratégia do PT de “centrar fogo na qualidade dos empregos gerados” com a retomada da economia, capitaneada, por acaso, por Paulo Guedes?

Como não poderia deixar de ser, o presidente do STF, ministro Dias Toffoli, assim como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, repreenderam Paulo Guedes por sua menção ao AI-5. É curioso ver como a simples menção a essas duas vogais e numeral bastam para que as autoridades saiam em defesa de um paraíso falacioso governado por um Estado forte, centralizador, interventor e pobre (como foi a Ditadura Militar) – mas teoricamente democrático. Para eles não importam a prosperidade e a paz. Não importa nem mesmo interpretar corretamente uma fala que nada tem de ambígua, muito menos de agourenta. O que importa mesmo é a fantasia de democrata.

Ao final da entrevista coletiva, aliás, Paulo Guedes não poderia ter sido mais claro. Mas quem é que lê notícias até o final hoje em dia, não é mesmo? “É irresponsável chamar alguém para a rua agora para fazer quebradeira”, disse Guedes. “Se você acredita numa democracia, quem acredita numa democracia espera vencer e ser eleito. Não chama ninguém para quebrar nada na rua”, completou, mas ninguém parece ter ouvido.

Em tempo: a Gazeta do Povo repudia veementemente o AI-5, bem como todos os atos deploráveis cometidos pela Ditadura Militar.

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