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Os Estados Unidos estão se conscientizando de que a verdadeira liberdade começa com o respeito ao mistério e à sacralidade da vida | Pixabay
Os Estados Unidos estão se conscientizando de que a verdadeira liberdade começa com o respeito ao mistério e à sacralidade da vida| Foto:

Marsha Blackburn, nova senadora norte-americana pelo estado do Tennessee, apresentou dias atrás um projeto de lei que poderá dar fim ao financiamento público a clínicas de aborto — incluindo a Planned Parenthood.

É o primeiro projeto apresentado por Blackburn depois de sua eleição ao Senado – antes, ela foi membro da Câmara dos Representantes por oito mandatos. Ela tem sido uma conservadora pró-vida de princípios, inamovível, em todos os seus anos de vida pública – e eu a congratulo por isso.

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Já é hora de entendermos, como nação, o flagelo do aborto no contexto mais amplo de como ele impacta a saúde e a riqueza de nosso país. Tenho falado e escrito sobre isso, comparando as nossas convulsões sociais com aquelas da metade do século XIX, quando o tema que dividia o país era a escravidão.

A Lei Kansas-Nebraska de 1854, levada adiante pelo senador Stephen Douglas, permitiu que os cidadãos desses novos territórios pudessem ir às urnas para determinar se a escravidão deveria ser permitida. A lei era, em relação a esse assunto, pró-escolha.

Abraham Lincoln tocou o coração desse tema em seu famoso discurso de 16 de outubro de 1854 em Peoria, no estado de Illinois. “O juiz Douglas me interrompeu para dizer que o princípio da Lei Nebraska é muito antigo; que se originou quando Deus fez o homem e pôs o bem e o mal diante dele, permitindo que escolhesse por si mesmo e se tornasse responsável pela escolha que faria”, contou.

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Lincoln respondeu que “os fatos nessa afirmação não são verdadeiros como se apresentam. Deus não pôs o bem e o mal diante do homem, dizendo a ele que fizesse a sua escolha. Pelo contrário, ele disse com todas as letras que havia uma árvore cujo fruto não deveria ser comido, sob pena de morte. Eu deveria tão somente desejar uma proibição tão forte como essa contra a escravidão em Nebraska”.

Muitos naquela época ficaram do lado de Douglas, afirmando que fazia sentido que a legalidade da escravidão em um novo território fosse decidida pelo voto, por opção. Que norte-americano de hoje concordaria com isso?

Na verdade, quantos de nós, ao aprender a história dos Estados Unidos, achamos inimaginável que um dia a escravidão existiu no nosso país, fundado sobre os princípios da liberdade e da igualdade?

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Quando o assunto era escravidão, Lincoln era pró-vida. Ele sabia que a vida humana não é um produto de definições políticas, e sim uma verdade divina que devemos reverenciar e venerar, como fazemos diante do Deus que a criou.

Não duvido que um dia os norte-americanos olhem para trás e considerem igualmente inimaginável que em um período da nossa história tenha sido lícito que uma mulher se tornasse juiz e júri da vida em si mesma e destruísse o milagre da vida dentro dela.

Enquanto isso, vemos os sinais de alerta ao nosso redor, vindos de uma sociedade que desmorona por estar doente em sua alma. A família e o casamento desmoronam. As taxas de natalidade desmoronam.

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O último censo mostrou que o crescimento populacional dos Estados Unidos no ano passado foi o menor em 80 anos. A projeção é que em apenas 17 anos, pela primeira vez na história, nossa população maior de 65 anos ultrapassará a população abaixo de 18.

Por alguma razão, parece que termos que mergulhar nas trevas antes de ver a luz. Mas a boa nova é que temos líderes como Blackburn e cidadãos como as centenas de milhares que participam todos os anos da Marcha pela Vida em Washington.

A incidência de aborto caiu significativamente desde o pico que teve logo após a legalização — e caiu de maneira especial entre as jovens. O ativismo de grupos pró-vida tem feito a diferença.

Devagarzinho, talvez devagar demais, os Estados Unidos estão se conscientizando de que a verdadeira liberdade começa com o respeito ao mistério e à sacralidade da vida.

Star Parker é presidente do Center for Urban Renewal and Education.

Tradução de Felipe Sérgio Koller.

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