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O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, fala durante uma coletiva de imprensa no Museu Capitolino, em Roma, em 2014
O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, fala durante uma coletiva de imprensa no Museu Capitolino, em Roma, em 2014| Foto: ANDREAS SOLARO/AFP

O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, passou os últimos meses testando seu novo slogan: “Há muito dinheiro neste país; apenas está nas mãos erradas ”, na televisão, em discursos e em fóruns de candidatos pouco frequentados em New Hampshire e Iowa. O lema pode não lhe dar estatura política nacional, mas vem funcionando muito bem em Nova York nos últimos cinco anos, aplicado ao processo orçamentário da cidade.

Com um mercado de ações forte, crescimento de empregos e valorização robusta do mercado imobiliário que impulsionaram a receita fiscal da cidade, de Blasio nunca precisou pensar no orçamento, no sentido do chefe de família: escolher entre prioridades conflitantes ou cortar os luxos.

O prefeito mais sortudo da cidade de Nova York desfrutou de uma farra de gastos, ansioso para satisfazer os caprichos de sua base de eleitores. Um de seus primeiros atos foi acertar uma ação de longa data do Central Park Five (caso em que cinco jovens foram condenados pelo estupro de uma mulher que se exercitava no Central Park, mas posteriormente foram descobertos vários erros da polícia e da promotoria que invalidaram o julgamento), cujas condenações em 1990 por estupro, tumulto e agressão, afirmadas em apelação, foram retiradas em 2002. O prefeito, cumprindo uma promessa de campanha, reverteu a recusa da cidade de entrar em acordo, pagando US$ 41 milhões para os homens.

Na mesma época, o prefeito capitulou em uma longa batalha judicial em relação à suposta discriminação contra os negros que tentavam se tornar bombeiros. Os demandantes alegaram que seu fracasso em passar em um teste padronizado exigido para a posição demonstrou que ele era racialmente discriminatório. De Blasio ordenou que a cidade pagasse US$ 98 milhões em "pagamentos atrasados" a esses bombeiros — que nunca chegaram a ser contratados.

O prefeito também concedeu pagamento retroativo a professores da cidade de Nova York, depois de uma disputa contratual com o sindicato. Embora os professores tivessem recebido ajustes automáticos de custo de vida durante os anos em que trabalharam sem um novo contrato, o prefeito aceitou o argumento de que deviam receber um aumento retroativo. Totalizando mais de US$ 5 bilhões, esse pagamento foi grande demais para a cidade pagar de uma só vez e teve que ser amortizado para o futuro. A cidade fará o pagamento final da quantia em outubro de 2020.

Maré de sorte

Sob de Blasio, o orçamento da cidade de Nova York aumentou cerca de US$ 20 bilhões, e deve totalizar cerca de US$ 93 bilhões para o próximo ano fiscal. Despesas aumentaram três vezes mais rápido que a taxa de inflação.

Um dos principais responsáveis ​​pelos custos foi o pessoal: o prefeito adicionou cerca de 35.000 funcionários à folha de pagamento da cidade, cada um com direito a assistência médica gratuita, cortesia do contribuinte.

O crescimento nos serviços sociais tem sido particularmente vigoroso, com os gastos com serviços para moradores de rua mais do que dobrando, para US $ 3 bilhões por ano. A falta de moradia em si, no entanto, parece estar piorando: metade da população desabrigada da cidade vive no sistema de metrô, de acordo com as estimativas atuais. Muitos têm doenças mentais sérias e não tratadas, mas o ThriveNYC, a iniciativa de saúde mental de assinatura do prefeito — dirigida por sua esposa, uma ex-agente de publicidade — concentra-se em ajudar os nova-iorquinos levemente deprimidos mas funcionais a fazer terapia. Este programa anódino custou US$ 565 milhões; e seus próprios administradores não sabem ao certo para onde foi todo o dinheiro.

Outras iniciativas importantes também afundaram. A New York Works deveria criar 100 mil "empregos bem remunerados". Depois de desembolsar US$ 300 milhões, o programa fala em 3 mil empregos que podem, talvez, ser creditados aos seus esforços.

De Blasio reverteu a política de Michael Bloomberg de fechar escolas em dificuldades, em vez disso prometeu reformá-las. Consistindo na alocação de recursos intensivos — incluindo, em alguns casos, instalação de lavanderias para que os pais tivessem um local conveniente para lavar as roupas da família — o programa Renewal Schools absorveu US$ 750 milhões antes que o prefeito anunciasse que não havia funcionado.

Todos os anos, de Blasio pede ao conselho da cidade para fornecer US $ 42 milhões para as empresas de ônibus escolares para complementar os salários dos motoristas. Esse arranjo incomum, que pode ser ilegal, pretende compensar a perda de proteção de antiguidade de alguns motoristas quando, sob a Bloomberg, os contratos de transporte antigos foram para licitação.

A lista continua: a expansão da equipe de assessores do prefeito, com dezenas de “assistentes especiais” ganhando salários de seis dígitos; US$ 100 milhões por ano para anunciar a disponibilidade de clínicas de cuidados primários para imigrantes ilegais; o acréscimo de milhares de novos veículos à frota da cidade; o fornecimento de advogados gratuitos para pessoas que lutam contra casos de deportação em centros de detenção regionais, muitos dos quais nem moram na cidade de Nova York. Quando você se convence de que o dinheiro está "nas mãos erradas", é fácil distribuí-lo por aí.

*Seth Barron é editor associado do City Journal

©2019 City Journal. Publicado com permissão. Original em inglês

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