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O meme “precisamos de uma princesa da Disney que…” ganhou proporções bizarras nos Estados Unidos. Nesta terça-feira (27) um dos escritórios da Planned Parenthood no Colorado sugeriu, por meio de sua conta no Twitter, a criação de uma princesa que já tivesse feito aborto. A mensagem foi deletada algumas horas depois, mas houve tempo suficiente para que internautas salvassem a imagem da postagem e a compartilhassem nas redes sociais. 

O meme adaptado pela Planned Parenthood começou a ser compartilhado nos Estados Unidos ainda no ano passado como uma maneira de pressionar a Disney a diversificar o perfil de suas heroínas, que geralmente são magras e brancas — assim como a Branca de Neve e a Cinderela. Mas conforme o movimento foi se espalhando pela internet, algumas sugestões absurdas começaram a se multiplicar — como a ideia de uma princesa abortista. 

O jornal USA Today lembrou que este mesmo escritório da Planned Parenthood, em Keystone, já havia convertido memes bobos em mensagens políticas fora de contexto. 

O presidente do grupo americano pró-vida Live Action tuitou que “a promoção de abortos para impressionar garotinhas que admiram as princesas da Disney é desprezível”. Até mesmo a presidente da Planned Parenthood na região leste da Pensilvânia, Melissa Reed, afirmou que a mensagem era inapropriada. 

“Nos juntamos a uma conversa no Twitter sobre os tipos de princesas que as pessoas querem ver na tentativa de destacar a importância de contar histórias que desafiam o estigma e defender histórias que muitas vezes não são contadas. Após reflexão, decidimos que a seriedade do argumento que estávamos tentando fazer não era apropriada para o assunto ou contexto, e removemos o tweet", explicou Reed em um comunicado. O escritório da Planned Parenthood em Keystone não se desculpou pela postagem. 

Rechaçar o tuíte não é uma questão de preconceito contra as mulheres que já abortaram — é uma questão de “respeitar as etapas do desenvolvimento da criança e o imaginário infantil”, segundo a psicóloga e professora do Instituto de Psicologia da USP, Leila Tardivo. 

Crianças não possuem estrutura emocional e cognitiva para lidar com situações como esta, que são delicadas e difíceis até mesmo para os adultos.

“Fazendo uma comparação, seria o mesmo que exigir que uma criança pequena trabalhe para ajudar financeiramente em casa, em uma situação que a família não consiga se manter. A criança não tem maturidade para isso. É uma situação que podemos dizer abusiva, não é questão de censura”, disse Tardivo, acrescentando ainda que o aborto é um assunto que pode ser discutido, mas pela sociedade, pelos adultos. 

A diretora de formação humana do Colégio do Bosque Mananciais de Curitiba, Lélia Cristina de Melo, também reforça o posicionamento quanto à situação abusiva de apresentar para crianças uma história em que a princesa faz um aborto. “As crianças vão perceber e vão entender que ao fazer o aborto, a heroína delas estará matando um bebê. E isso não tem nada a ver com as características morais das heroínas, das princesas. Seria algo traumatizante”, afirmou Melo.

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