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Larry Fink, CEO da Blackrock Inc., durante o Global Investment Summit (GIS) 2021 no Science Museum em Londres, Grã-Bretanha, 19 de outubro de 2021.
Larry Fink, CEO da Blackrock Inc., durante o Global Investment Summit (GIS) 2021 no Science Museum em Londres, Grã-Bretanha, 19 de outubro de 2021.| Foto: EFE/EPA/HOLLIE ADAMS / POOL

A apropriação indevida da liberdade econômica de milhões de investidores caseiros por parte do CEO Larry Fink da BlackRock Inc. tem consequências não intencionas.

“Temos uma nova turma de imperadores, e são eles as pessoas que têm ações com direito a voto nos fundos de investimentos”, disse recentemente Charlie Munger, parceiro do filantropo Warren Buffett, e grande defensor do fundos de índice.

“Eu acho que o mundo pertence a Larry Fink, mas não tenho certeza de querer que ele seja o meu imperador”, disse Munger.

Fink dirige a BlackRock, uma grande companhia de gerenciamento de investimentos que vende ações de fundos de índice para investidores. A BlackRock atualmente tem vários trilhões de dólares em ações corporativas nesses fundos.

Fink é poderoso. Ele talvez tenha se beneficiado mais do que qualquer outra pessoa com a prevalência do investimento em fundos de índices. Ele também é um grande defensor do que se chama de "investimento em Governança Ambiental e Social", ou ESG, na sigla em inglês.

Eis como funciona: milhões de investidores compram um fundo de índice por quererem, basicamente, ser donos de um índice de ações. Em vez de serem donos de uma empresa ou de algumas empresas, quando compram o fundo de índice iShares S&P 500, por exemplo, os investidores são donos de uma fração de cada ação das primeiras 500 indexadas pela Standard & Poors, na mesma porcentagem do índice de ações no momento da compra.

Fundos de índice valem o retorno do índice que representam; portanto, o retorno de um fundo de índice de investimento equivale ao retorno do próprio índice de ações, pelo tempo em que o investidor for o seu dono, antes de subtrair as taxas de gerenciamento da BlackRock.

A BlackRock, por sua vez, compra quotas de cada companhia do índice na proporção do dinheiro que os clientes gastam com os fundos de índice. Depois, a gigante da gerência de investimentos vende-as quando seus clientes vendem os fundos de índice, para pagar ao cliente.

No longo prazo, o mercado de ações cresce, então os fundos de índice são um investimento mais seguro do que especular com ações, porque ações individuais muitas vezes têm desempenho inferior ao dos índices, e porque empresas individuais podem falir, limpando os investimentos.

Quando milhões de pessoas compram trilhões de dólares dos fundos de índices da BlackRock, a empresa acaba possuindo em suas contas o equivalente a cada ação no índice de ações. Isto se chama investimento passivo, por oposição a investimento ativo, porque ninguém está escolhendo certas ações como investimentos dos quais tirará o ganho; em vez disso, os investidores estão simplesmente comprando ou vendendo cada ação dentro de um índice.

Em 31 de dezembro de 2021, a BlackRock detinha uma soma equivalente a mais de 28% do PIB dos EUA em investimentos passivos nas contas da empresa por causa dos proprietários de fundos de índice.

Não há nada de errado com fundos de índice. Os investimentos em fundos de índice simulam os retornos do somatório do mercado de ações porque, ao adquirir um fundo de índice, o cliente é dono de uma minúscula fração de cada companhia num índice de ações, tais como os S&P 500, ou o MSCI World Index de ações globais.

No entanto, há um problema com Fink. Por manter as participações acionárias nos fundos de índice da BlackRock, Fink vota nas reuniões de acionistas como se ele fosse o investidor que possui muitos trilhões de dólares em ações – o que ele não é.

Em 31 de dezembro, segundo o relatório anual da BlackRock, Fink, por meio dos fundos de índice de sua empresa, estava votando a quota de 6,45 trilhões de dólares em ações.

Figurões da TV e da imprensa de negócios, junto com professores de finanças em faculdades e universidades, pregam há muito tempo os méritos do investimento em fundos de índice, com base numa teoria chamada “hipótese do mercado eficiente”. A teoria diz que o valor de uma ação num dado momento é refletida de maneira bem aproximada pelo seu preço no mercado de ações, tornando inexequível alguém bater continuadamente o índice do mercado de ações pela escolha de ações individuais.

A hipótese do mercado eficiente é verdadeira para o investidor médio. O sucesso dos titãs de Wall Street, tais como Buffet e Carl Icahn, refutam-na enquanto opção única para todos, bem como o sucesso de um sem-número de investidores anônimos que ganharam grandes fortunas mas não são incluídos nas descobertas de pesquisas sobre os retornos de fundos mútuos. Mas este não é o assunto aqui.

O colunista do New York Post Charlie Gasparino explicou recentemente o que a defesa da ESG por Fink representa, escrevendo que o CEO da BlackRock “é conhecido por empurrar uma coisa chamada ‘stakeholder capitalism’ (que eu critiquei) – um conceito vago no qual corporações procuram melhorar a raça humana, em vez de buscar lucro para os acionistas (shareholders). E por sua adesão a algumas políticas lacradoras (woke) por meio de um modismo dos investimentos conhecido como padrões ESG (Governança Ambiental e Social).”

No relatório anual de 2020, a BlackRock diz: “Investimos o dinheiro dos nossos clientes em empresas de todos os tipos e tamanhos, em cada canto do mundo. Esses investimentos fornecem capital para as empresas crescerem e criarem empregos, que, a seu turno, capacitam as economias e as sociedades a prosperarem. Usamos nossa voz como acionistas para instar as empresas a focarem em questões importantes que também irão impactar no valor dos seus investimentos, como mudança climática, o tratamento justo dos trabalhadores e a igualdade. Também estamos trabalhando, por meio da Fundação BlackRock, para expandir a segurança financeira para grupos de baixa renda que enfrentam barreiras para a participação econômica e podem ficar vulneráveis com a disrupção das mudanças climáticas.”

Esse foco nas mudanças climáticas é a razão de a BlackRock, enquanto segunda maior acionista da ExxonMobil, ter votado junto com um grupo de acionistas que tinha só 0,02% da Exxon. Nesse voto, defendeu a substituição dos velhos membros do conselho por membros que acreditam que “a falta de qualquer esforço sério por parte da ExxonMobil em prol da diversificação, bem como os gastos agressivos baseados na demanda pesada por petróleo e gás pelas décadas futuras, correm o risco de destruir um valor de longo prazo, que é a intenção de reduzir todas as emissões [...]."

Cabe mesmo a Fink, comandando os votos de milhões de ações compradas por outros investidores, decidir se uma grande petroleira deve reduzir seus investimentos em petróleo e gás, dos quais as pessoas dependem para sobreviver?

Que tática de valentão, usada por um valentão que está votando a favor da própria agenda com bilhões de dólares dos direitos ao voto comprados por outras pessoas, que compraram os fundos de índices de Fink. Elas compraram para receber o retorno pelo próprio portfólio de investimentos igual ao total do mercado de ações, não para que Fink pudesse se passar por elas em reuniões de acionistas de, potencialmente, todas as empresas do mundo, e votar com suas quotas.

Tamanha interferência de Fink e de outros diretores de empresas de fundos de índices, embasada na presunção deles de saberem o que é bom para o planeta, pode ter consequências não intencionais drásticas.

Agorinha, o custo médio da gasolina está em espiral crescente. E grandes empresas de petróleo e gás não têm investido em novas explorações em anos recentes, em parte por causa de Fink e outros defensores da ESG. Agora o governo Biden tem se espreitado sobre os seus ombros e estigmatizado o combustível de que todos precisamos para dirigir nossos carros e aquecer nossas casas.

Esses atores criaram bastante incerteza quanto ao futuro da exploração de energia e perfuração de poços de petróleo. Quanto a Biden, ele pôs enormes restrições à perfuração de poços de petróleo e gás já no primeiro dia do cargo, e também cancelou o oleoduto Keystone XL.

A alegação da BlackRock em seu relatório anual de que “grupos de baixa renda […] podem estar vulneráveis à disrupção de mudanças climáticas” não vale o papel gasto para imprimi-la. Altos preços de gás ferem mais os pobres, e nesses climas frios às vezes morrem congelados, se não puderem viver em casas aquecidas, como aconteceu recentemente na Ucrânia.

Não há nada de errado com fundos de índices. Mas Larry Fink não é milhões de pessoas que têm fundos de índices. Os interesses delas variam bastante e não estão alinhados entre si; muito menos com os interesses dele.

Fink e os CEOs de outras empresas que vendem de fundos de índices não deveriam votar com trilhões de dólares de ações de fundos de índices a cada reunião de acionistas no mundo. Eles deveriam salvar o planeta de algum outro jeito.

©2022 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês
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