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Manifestantes abortistas participam de 'comício de emergência' em Atlanta , Geórgia, EUA, 3 de maio de 2022.
Manifestantes abortistas participam de ‘comício de emergência’ em Atlanta , Geórgia, EUA, 3 de maio de 2022.| Foto: EFE/EPA/ERIK S. LESSER

No rescaldo do vazamento de um rascunho da decisão da maioria da Suprema Corte americana que futuramente pode derrubar Roe vs. Wade [decisão que descriminalizou o aborto nos Estados Unidos nos anos 70], a esquerda do país entrou em completo pânico.

O pânico exagerado se manifestou numa variedade de argumentos pouco convincentes ou flagrantemente imorais: o argumento segundo o qual o aborto é um suplemento necessário à liberdade das mulheres — como se anticoncepcionais não existissem, e como se as mulheres nunca fossem responsáveis por suas próprias decisões sexuais e suas consequências; o argumento segundo o qual o aborto não deve ser proibido até que a sociedade forneça um punhado de programas governamentais — como se a solução para a falta de assistência à criança fosse a morte da criança; o argumento segundo o qual os conservadores em seguida tentarão criminalizar o casamento inter-racial — uma clara calúnia absurda.

Por trás de tudo isso está uma visão perversa e invertida do lugar da criança na sociedade. Para a esquerda, as crianças dentro do útero são completamente descartáveis; no máximo, as mulheres podem escolher preservar as vidas delas, mas, caso não queiram, as crianças não têm interesses distintos a serem considerados.

Na verdade, as crianças são tratadas como obstáculos em potencial: como disse esta semana a secretária do tesouro Janet Yellen, “o acesso ao tratamento médico reprodutivo, inclusive ao aborto, ajudou a levar a uma participação maior no mercado de trabalho; permitiu que muitas mulheres se formassem na escola. Isso aumentou o potencial de renda delas.”

Isso explica por que motivo a esquerda agora adotou a linguagem do “nascimento forçado” para descrever leis que protegem o nascituro: a gravidez não é mais vista como a consequência biológica possível da atividade sexual, mas como uma dramática imposição de fora às mulheres.

O normal, para a esquerda, é não ter filhos; a gravidez é algo não natural. Dessa forma, todo o aparato do Partido Democrata agora se recusa a considerar até as restrições mais brandas até ao aborto tardio.

Quando as crianças nascem, a esquerda então as vê como fontes de sofrimento e dor para os seus pais. Isso, também, vai a favor do aborto. Como disse o presidente Barack Obama uma vez a respeito de suas filhas, “se elas cometerem um erro, não quero que sejam punidas com um bebê”. Bebês são entidades sugadoras de vida que privam as mulheres de oportunidade e liberdade. Isso explica por que a esquerda agora adotou o argumento segundo o qual ao menos que o governo alivie os pais de sua responsabilidade de criar e cuidar das próprias crianças, o aborto deve estar amplamente disponível.

Conforme as crianças crescem, a esquerda as vê como alvo de recrutamento para as suas políticas favoritas. As crianças devem ser doutrinadas nas ideias do essencialismo racial e da culpa histórica, de forma que elas virem ferramentas políticas pelas mudanças sociais utópicas; as crianças devem ser confundidas a respeito da natureza do sexo biológico e do gênero de forma a justificar as atitudes sexuais de adultos narcisistas.

Daí a fúria exagerada da esquerda com a Lei de Direitos dos Pais na Educação, da Flórida, que meramente baniu a doutrinação de crianças em orientação sexual e teoria de gênero até o terceiro ano [quando os alunos têm oito a nove anos de idade]. Como cantou o Coral de Homens Gays de São Francisco em 2021, “Você acha que vamos corromper os seus filhos, se nossa agenda não tiver oposição. Engraçado que, só dessa vez, você tem razão. Vamos converter os seus filhos. Acontece pouco a pouco”. Não é surpresa que o presidente Joe Biden tenha dito a professores duas semanas atrás que “São todos nossos filhos... Não são os filhos de outra pessoa, são filhos seus quando estão na sala de aula”.

Tudo isso é fundamentalmente indecente. A vida adulta consiste em uma missão principal: proteger e defender as crianças. Isso significa que conceber crianças é uma dádiva, não um obstáculo; significa que as crianças não devem ser tratadas como adultos autônomos enquanto os adultos escapam da responsabilidade por suas próprias decisões. Significa criar filhos de acordo com os valores que asseguram que terão estabilidade e felicidade — mesmo se isso der numa vida mais difícil para os adultos.

Tudo isso começa com a proposta básica que a esquerda se recusa a considerar: que eles não são o centro da criação, mas que seus filhos devem ser.

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Ben Shapiro apresenta o “Ben Shapiro Show” e é editor emérito do Daily Wire. Formado na UCLA e na Harvard Law School, é autor de bestsellers do New York Times como “O Momento Autoritário: como a esquerda transformou as instituições dos Estados Unidos em armas contra o dissenso” [trad. livre].

©2022 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês.
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