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Diferença salarial: a melhor explicação para as discrepâncias são as diferenças inatas entre homens e mulheres
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A história se repete com frequência: alguma universidade ou organização internacional aparece com um estudo demonstrando que as mulheres recebem salários significativamente menores do que os homens. Dali, conclui-se automaticamente que a causa do problema é uma espécie de complô universal de chefes preconceituosos, que mantêm mulheres recebendo salários menores do que o dos homens por puro machismo. Mas a tese não sobrevive a um exame mais criterioso. Talvez a mais completa refutação desse argumento simplista esteja no livro “O Paradoxo Sexual”, da psicóloga e professora universitária canadense Susan Pinker. Na obra, ela demonstra que a melhor explicação para essas discrepâncias são as diferenças inatas entre homens e mulheres. Para corrigir essa distorção, argumenta a autora, o primeiro passo é parar de presumir que homens e mulheres têm exatamente as mesmas predileções profissionais.

No livro, Susan Pinker apresenta um sólido arsenal de estudos acadêmicos, especialmente na área de psicologia. Em muitos casos, nem precisava: alguns dos argumentos que ela apresenta são deduzíveis a partir da simples observação da natureza. Mas, nos tempos atuais, algumas obviedades precisam ser reafirmadas.

Com um estilo objetivo e sem a pretensão de comprar brigas desnecessárias, Susan Pinker explica que, por natureza, mulheres tendem a querer ter filhos. E, tendo filhos, elas tendem a querer passar a maior parte do tempo com eles, mesmo quando elas têm condições de pagar por uma babá. Além disso, mesmo aquelas que não são mães demonstram uma empatia maior do que a dos homens, o que faz com que elas tomem decisões de carreira diferentes: mulheres tendem a escolher com mais frequência profissões que envolvem o cuidado de terceiros, como enfermeiras e professoras. E essa empatia também significa que mais mulheres deixam seus trabalhos para se dedicar à família (não só aos filhos, mas, por exemplo, aos pais idosos).

Risco e competição

Existem outros fatores em jogo. Por exemplo: as mulheres são mais frequentemente acometidas pela chamada “síndrome do impostor” - ou, em outras palavras, a falta de confiança nas próprias capacidades. Homens, por sua vez, se sentem mais à vontade em ambientes competitivos. "Quase todos os cientistas sociais concordam que, na média, homens são mais agressivos e mais agressivamente competitivos do que mulheres, e a evidência é clara em qualquer contexto - do berçário ao campo de jogo, do campo de batalha à sala de reuniões", argumenta a autora.

Como consequência, as mulheres também são menos dispostas a assumir riscos e menos agressivas quando negociam seus salários. Menos ambiciosas financeiramente, as mulheres preferem ter mais flexibilidade no horário enquanto os homens estão dispostos a sacrificar uma parte maior da vida social ou familiar por um salário maior.

Gênios. E extremamente estúpidos

Outro fator importante ajuda a explicar a predominância de homens no topo da carreira em boa parte das profissões: existem mais homens geniais do que mulheres geniais, assim como existem mais homens do que mulheres com inteligência excepcionalmente baixa. Dentre outros exemplos, Susan Pinker conta que, em 1921, pesquisadores realizaram um estudo com 80.000 crianças escocesas para avaliar se o QI dos garotos era igual ao das garotas.

Resultado: a média era a mesma, mas a distribuição era diferente. As mulheres se concentravam no meio da curva, enquanto os homens tinham mais representantes nos dois extremos. Isso se aplica em muitas áreas. Por exemplo: a maioria esmagadora dos criminosos é de homens, assim como a maioria dos vencedores do Prêmio Nobel.

A autora observa também que muitos dos programas de cotas para mulheres são baseados em pressupostos falhos. Quando criam programas para que mais mulheres entrem em áreas como a engenharia e a matemática (sem que se faça um esforço para que mais homens procurem a enfermagem ou o estudo da literatura), a premissa oculta é a de que as tarefas mais populares entre os homens são superiores. A realidade, afirma Susan Pinker, é que uma igualdade plena de condições não resulta em 50% de mulheres em cada campo do mercado de trabalho. É provável que continuem existindo mais caminhoneiros homens e mais costureiras mulheres.

Em vez de presumir que as mulheres têm exatamente os mesmos comportamentos dos homens quando lidam com suas carreiras, Susan Pinker recomenda que as empresas passem a oferecer uma flexibilidade maior e em diferentes tipos de incentivo para atrair e reter profissionais do sexo feminino. Mas talvez a mensagem principal seja a de que medir o sucesso profissional por critérios puramente financeiros já é adotar um pressuposto masculino. As mulheres que estão no mercado de trabalho, escreve a autora, geralmente relatam estar mais felizes do que os profissionais do sexo masculino. É o gender gap da felicidade.

Ao longo do livro (e assim como o seu irmão, o famoso psicólogo Steven Pinker), a autora encontra explicações na psicologia evolucionista. Por exemplo: homens são mais dispostos a assumir riscos porque, ao longo da evolução, os indivíduos mais agressivos e destemidos acabavam desbancando os rivais e conquistando as fêmeas, passando assim os seus genes adiante.

Essa visão, por vezes, parece ser insuficiente para explicar as características de cada sexo. Mas não é preciso aceitar plenamente a explicação de Susan Pinker para concordar que as diferenças entre homens e mulheres existem naturalmente, não por mero condicionamento social.

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