O neurocientista Marc Tessier-Lavigne anunciou na quarta-feira (19) que renunciará ao cargo de presidente da prestigiosa Universidade Stanford, localizada na Califórnia, até o fim de agosto após uma série de denúncias a respeito de fraude em seu trabalho científico. Entre os alvos de investigação está um estudo de autoria dele sobre a doença de Alzheimer, publicado em 2009 na revista Nature. Segundo denúncias, Tessier-Lavigne, que atuava como executivo de uma empresa de biotecnologia na ocasião, teria trabalhado para ocultar dados fabricados presentes na pesquisa.
As alegações surgiram em novembro de 2022 no site PubPeer, que permite comentários de acadêmicos identificados ou anônimos em artigos científicos, e ganharam tração após a cobertura do jornal de estudantes The Stanford Daily. Doze artigos científicos com coautoria de Tessier-Lavigne teriam sinais de fraude ou má conduta científica, de acordo com os denunciantes.
No mesmo dia do anúncio da renúncia, um comitê especial de advogados e cientistas estabelecido pelo conselho diretor de Stanford publicou as conclusões de sua investigação a respeito das denúncias. Mais de 50 mil documentos foram examinados, segundo o comitê, que concluiu que as alegações sobre o artigo da Nature “aparentam ser um erro” e que não há evidências da participação direta de Tessier-Lavigne na fraude ou fabricação de dados. O levantamento, porém, encontrou indícios de que membros dos laboratórios do cientista manipularam dados de pesquisa e apontou que ele é culpado de negligência por não ter feito as correções.
Os investigadores de Stanford ressaltaram “problemas múltiplos” na publicação de 2009, que faziam com que estivesse “bem aquém dos padrões costumeiros do rigor e processo científicos”. Tessier-Lavigne deverá publicar correções substanciais ao artigo, mesmo após 14 anos.
Em nota anunciando sua renúncia como presidente, o neurocientista de 63 anos de idade disse que espera que haja “discussão contínua a respeito do relatório e suas conclusões, ao menos no curto prazo, o que poderia levar a um debate sobre a minha capacidade de liderar a universidade no próximo ano acadêmico”. Ele é coautor de mais de 220 artigos, com foco principal em doenças neurodegenerativas como a de Alzheimer.
Não é a primeira vez que suspeitas de fraude pairam sobre a pesquisa de Alzheimer. No ano passado, a revista Science publicou uma investigação a respeito de imagens adulteradas e duplicadas em dezenas de artigos científicos. O potencial desperdício de dinheiro de pesquisa foi avaliado em centenas de milhões de dólares.
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