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Incidência de ataques terroristas fez diminuir a qualidade de vida em Paris, nos últimos anos | Vincent Gilardi/Fotos Públicas
Incidência de ataques terroristas fez diminuir a qualidade de vida em Paris, nos últimos anos| Foto: Vincent Gilardi/Fotos Públicas

Não é só no Brasil que as coisas andam meio estranhas, ultimamente. No mundo todo, a qualidade de vida nas cidades caiu, indica o Liveability Ranking (algo como “ranking de cidades habitáveis) da revista The Economist. Guerras civis, ataques terroristas e revoltas populares são possíveis culpados pela mudança. Por outro lado, as cidades mais agradáveis têm, em comum, o fato de pertencerem a países ricos e politicamente estáveis. No top 10, três são do Canadá e três da Austrália; incluindo Melbourne, escolhida melhor cidade para se viver pelo sexto ano consecutivo.

O mapeamento é feito pela Unidade de Inteligência da revista em 140 cidades, ao redor do mundo. Entram na lista cidades que despertam interesse em morar ou visitar, em geral polos turísticos ou econômicos. Cada local recebe uma nota de zero a 100, com base em cinco critérios: saúde, educação, cultura e meio ambiente, infraestrutura e estabilidade.

Leia também: Por que a Polônia é imune ao terrorismo, enquanto o resto da Europa sofre?

As duas cidades brasileiras ficaram com nota abaixo de 70. O Rio de Janeiro ficou na posição 90; e São Paulo, na 95. O fator “instabilidade” pesou para derrubar a qualidade de vida, não só aqui, mas na América Latina como um todo, segundo a The Economist, com “protestos e incertezas econômicas” no Brasil, Argentina e Venezuela, nos últimos anos.

Não por acaso, Caracas (capital da Venezuela) é a pior rankeada do continente, em 123º lugar. E está entre as dez cidades onde o índice mais caiu. Foi uma queda de 3,3%, em cinco anos. A piora, relativa a 2011, só foi maior em Detroit (EUA), entre as americanas. A cidade norte-americana chegou a declarar falência, em 2013, e recuou 5,7% na qualidade de vida.

Sobe quem ia mal

O destaque positivo do continente é a Colômbia, que teve uma “melhora significativa” em termos econômicos e políticos, na última década. Ainda assim, Bogotá é uma das últimas classificadas, na 108ª posição, com 59,6 pontos. A explicação é de que as cidades que melhoraram não são aquelas onde a qualidade de vida é boa. E sim aquelas que enfrentaram fortes problemas, em um passado recente, e só agora começam a estabilizar.

Prova disso é que a lista de melhoras é encabeçada por Teerã, no Irã. Número 126 no ranking, a cidade cresceu 5% nos últimos cinco anos. A lista é seguida de Dubai (74ª no ranking, com crescimento de 4,6%), nos Emirados Árabes; Harare (133ª, teve aumento de 4,4%), no Zimbabwe; e Abidjan (128ª, cresceu 3,8%), na Costa do Marfim.

Desce quem está em guerra

Duas cidades viram sua qualidade de vida despencar, nos últimos cinco anos. Em Damasco, na Síria, a queda foi de 26,1%. O país vive uma guerra civil entre apoiadores e opositores do presidente Bashar Al Assad, além da ameaça do Estado Islâmico. Já Kiev caiu 25,1%. A Ucrânia depôs o presidente Viktor Yanukovich, em 2014. No mesmo ano, a região da Crimeia, no Leste do país, foi anexada pela Rússia.

A incidência de ataques terroristas derrubou em 3,7% a qualidade de vida em Paris, na França. A ameaça do terrorismo também tirou Sydney, na Austrália, do top 10.

Nos Estados Unidos, a morte de pessoas negras pela polícia - e os consequentes protestos contrários - é apontado como a causa para a queda na qualidade de vida. Só nos últimos 12 meses, cinco cidades (Nova York, São Francisco, Cleveland, Atlanta e Chicago) pioraram seus níveis. As 11 demais permaneceram estáveis.

O preço do sucesso

Na ponta de cima, 65 cidades ficaram com notas acima de 80, na média entre os cinco critérios. Destas, apenas 17 conseguiram melhorar sua qualidade de vida no último ano. Para a The Economist, os centros financeiros globais são “vítimas do seu próprio sucesso”.

Nova York, Londres, Paris e Tóquio são exemplos. Se a lógica cosmopolita tem seu charme, também é a causa de gargalos de infraestrutura, como altos níveis de engarrafamento. E do aumento na taxa de crimes.

10 melhores cidades do mundo para se viver

Melbourne, na Austrália

Seis anos seguidos a líder do ranking.Divulgação/Prefeitura Melbourne

1. Melbourne (Austrália) - nota 97,5

2. Viena (Áustria) - nota 97,4

3. Vancouver (Canadá) - nota 97,3

4. Toronto (Canadá) - nota 97,2

5. Calgary (Canadá) - nota 96,6

6. Adelaide (Austrália) - nota 96,6

7. Perth (Austrália) - nota 95,9

8. Auckland (Nova Zelândia) - nota 95,7

9. Helsinque (Finlândia) - nota 95,6

10. Hamburgo (Alemanha) - nota 95

10 piores cidades do mundo para se viver

Damasco, na Síria

Última colocada entre as 140.Louhai Beshara/AFP

131. Kiev (Ucrânia) - nota 44,1

132. Duala (Camarões) - nota 44

133. Harare (Zimbabwe) - nota 42,6

134. Carachi (Paquistão) - nota 40,9

134. Argel (Argélia) - nota 40,9

136. Porto Moresbi (Pápua Nova Guiné) - nota 38,9

137. Daca (Bangladesh) - nota 38,7

138. Lagos (Nigéria) - nota 36

139. Tripoli (Líbia) - nota 35,9

140. Damasco (Síria) - nota 30,2

5 cidades que mais subiram no ranking

Teerã, no Irã

Estabilidade relativa fez com que a qualidade de vida subisse.Atta Kenare/AFP

Teerã (Irã): crescimento de 5%

Dubai (Emirados Árabes Unidos): crescimento de 4,6%

Harare (Zimbabwe): crescimento de 4,4%

Abidjan (Costa do Marfim): crescimento de 3,8%

Cidade do Kuwait (Kuwait): crescimento de 2,5%

5 cidades que mais cairam no ranking

Kiev, na Ucrânia

Presidente deposto e conflitos com a Rússia derrubaram qualidade de vida.Genia Savilov/AFP

Damasco (Síria): queda de -26,1%

Kiev (Ucrânia): queda de -25,1%

Detroit (Estados Unidos): queda de -5,7%

Moscou (Rússia): queda de -5,6%

Bahrein (Bahrein): queda de -4,6%

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